O mercado que se adapte
Por Olívia Bulla 白维娅
Os mercados globais aderem ainda mais à narrativa de juros altos por mais tempo. Os indicadores econômicos e os discursos de autoridades dos bancos centrais reforçam essa tese, elevando as apostas de mais um aperto pelo Federal Reserve ainda neste ano e esvaziando as chances de aumento no ritmo de queda da taxa Selic em breve.
O problema não é que a economia nos Estados Unidos segue resiliente nem que o mercado de trabalho no Brasil permanece robusto, conforme apontaram os dados divulgados na segunda-feira (2). A questão é que os investidores continuam convictos de que os BCs serão mais lenientes com a condução da política monetária, o que não tem se confirmado.
Por isso, dirigentes do Fed mantiveram o tom duro (“hawkish”) ontem, deixando em aberto novas altas na taxa e repetindo o mantra do juro elevado por um período prolongado. Da mesma forma, o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, reiterou que o mercado erra bastante nas projeções para o PIB, subestimando o crescimento.
Ou seja, em ambos os casos, é necessário manter a política monetária em terreno restritivo, de modo a evitar uma nova rodada de pressão inflacionária. Não há, portanto, a necessidade de estimular a economia. Ao contrário, o desafio continua sendo a alta dos preços - sendo que isso inclui os ativos de risco.
Aliás, o rendimento (yield) dos títulos de 10 anos dos EUA (T-note) saltaram mais de 10 pontos em um único dia, ultrapassando a marca de 4,70% durante a sessão da véspera. As bolsas em Nova York não gostaram desse aumento adicional e contaminaram o desempenho do Ibovespa. Já o dólar avançou um pouco mais na faixa de R$ 5,00.
Dados desafiam mercados
Nesta terça-feira (3), os ajustes nos ativos devem continuar. A agenda do dia deve contribuir para esse movimento, com a divulgação do primeiro de três indicadores de emprego nos EUA nesta semana - a saber, o relatório Jolts de abertura de vagas em agosto (11h) - mexendo com as expectativas para o Fed em novembro.
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Por aqui, o desempenho da indústria brasileira no mesmo mês (9h) pode levar a novas revisões nas estimativas para a economia, aumentando as chances de novos cortes de 0,50 ponto porcentual no juro básico nas próximas reuniões. Assim, não são os indicadores que têm que se adaptar à tese do mercado, mas é o mercado que precisa se ajustar à realidade dos números.
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TI na Autônomo e trady de commoditys
1 aNa minha opinião os EUA não escapa de uma recessão e uma questão de tempo! Outro detalhe e a queda da Selic que vai tirar o investidor gringo que em busca de juros atrativos vai para México, EUA e Inglaterra. Outro detalhe e que os países que se anteciparam em cortar juros estão vendo suas moedas se desvalorizarem.em até 7%