O metaverso pode impactar meus negócios no curto prazo?

O metaverso pode impactar meus negócios no curto prazo?

Nos últimos meses, há um grande alvoroço midiático em torno do metaverso. O gancho para alavancar o tema foi a mudança de nome do grupo Facebook para Meta. Além do próprio Facebook, a organização de Mark Zuckerberg controla também o WhatsApp, Instagram e outras marcas, incluindo a divisão de realidade virtual, com o cobiçado dispositivo Oculus Rift. 

Tenho conversado com muitas pessoas e respondido diversas perguntas de alunos sobre isso. Alguns trazem questionamentos mais técnicos, outros mais generalistas. Mas três questões são comuns: 1) O que é, de fato, o metaverso? 2) De que forma isso vai impactar meus negócios? 3) Devo me preocupar com o metaverso agora? 

As perguntas são importantes e, por isso, decidi respondê-las em forma de um pequeno artigo aqui no Linkedin. É uma forma de disponibilizar meu entendimento sobre o assunto e ajudar um número maior de pessoas interessadas em ficar por dentro dos movimentos do mercado e dessa tecnologia. Vamos lá! 

O primeiro ponto a se destacar é que, apesar de estar na moda, o conceito de metaverso não é realmente novo. O termo foi cunhado por Neal Stephenson, em 1992, no romance de ficção científica Snow Crash, traduzido no Brasil como Nevasca. A obra trata do metaverso como um mundo virtual 3D em que as pessoas interagem por meio de avatares para fugir de uma realidade distópica.

Mulher oriental utilizando o óculos de realidade virtual com a mão estendida como se estivesse tocando em algo.

Apesar de não fazer referência direta à obra de Stephenson, o metaverso proposto por Zuckerberg é semelhante. A promessa é ser uma rede social que funciona exatamente como um mundo virtual 3D. Os usuários poderiam criar avatares personalizados, conversar, realizar atividades em conjunto, receber visitas em casas virtuais ou até mesmo visitar empresas de forma totalmente digital e imersiva. 

Do ponto de vista das organizações, a promessa do metaverso, direta ou indiretamente, é que será um ambiente fértil para a realização de negócios, especialmente se considerarmos o cenário de crescente importância da criptomoeda, NFT, redes de blockchain e descentralização. Essas tecnologias, pelo menos ainda em teoria, deverão convergir no metaverso e proporcionar um espaço virtual para compra, venda e, claro, construção de marcas.

A tecnologia que pode tornar o metaverso possível passa pela realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR), misturando-se numa realidade mista (RM). Envolve ainda modelagem 3D, computação gráfica, machine learning, cloud computing e IoT. Para entender a complexidade do metaverso, sugiro que você comece pela compreensão das tecnologias imersivas. Do meu ponto de vista, está aí a raiz das dificuldades de implantação efetiva do metaverso. 

As tecnologias imersivas – realidade virtual, aumentada e mista – vêm tentando ganhar popularidade há anos, mas enfrentam desafios no que diz respeito à democratização do acesso. Grosso modo, para se alcançar qualidade imersiva, é necessário alta capacidade de processamento, alta capacidade de interpolação de imagens e dispositivos com baixa taxa de latência. 

Os termos técnicos podem assustar um pouco, mas em outro artigo posso explicá-los mais detalhadamente. A questão é que esses requisitos acabam restringido o acesso às tecnologias imersivas por conta do alto custo. Para dar uma ideia, um óculos de realidade virtual com qualidade interessante custa em média R$ 12 mil reais no mercado brasileiro, além da necessidade de um hardware igualmente potente. Convenhamos, não é uma tecnologia acessível. 

Homem branco de termo usando um óculos de realidade virtual com o dedo levantado como se estivesse tocando em um tela.

É justamente esse o maior desafio do metaverso: acessibilidade. Por isso, acredito que ainda vai levar um tempo razoável para que a tecnologia do metaverso se desenvolva plenamente e, mais importante ainda, seja democratizada a ponto de tornar real a promessa de ser a “nova internet” e, dessa forma, passe de fato a impactar seriamente a forma como as empresas realizam negócios - especialmente as PMEs.

Meu conselho para quem está interessado ou preocupado com o metaverso: Calma. Muita calma. É fundamental acompanharmos as discussões, estarmos atentos ao desenvolvimento das tecnologias, aos movimentos de mercado envolvendo criptomoeda, blockchain, NFT, Ether (ETH) etc. Mas não será de uma hora para outra que o metaverso vai se tornar mais real que a própria realidade. 

Temos muitos desafios estruturais, sociais e ambientais para lidar no mundo real antes de construirmos e lidarmos com um metamundo capaz de gerar negócios para nossas empresas e ser, de fato, benéfico para o desenvolvimento sustentável da humanidade. Fiquemos em alerta, mas sem perder o foco no agora. 

Um abraço e até a próxima!    


Oi, Giovana! Quero lhe fazer um convite para falar de metaverso. Me chama por inbox? Abs!

Daniela Fontana

LinkedIn Creator | Paixão em Ensinar e Aprender | Professora | Pesquisadora | Consultora | Escritora | Profissional de Sustentabilidade, ESG e Economia Circular

3 a

Excelente reflexão! Realmente temos muitos desafios a curto prazo, a tecnologia se desenvolve, mas problemas básicos: como saneamento, saúde e educação ainda não são universalizados no Brasil! Grata por compartilhar!

Wagner Ribeiro

Diretor da agência WR Comunicação

3 a

Discussão interessante e importante se ser realizada. Parabéns, Giovana!

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