O MUNDO PRECISA DE MAIS "SOCORROS"​
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O MUNDO PRECISA DE MAIS "SOCORROS"

Alguns anos atrás, tive uma assistente em casa que se chamava Socorro. Não me recordo como a conheci nem como ela começou a trabalhar em casa, mas me lembro bem da primeira vez que ela pisou na minha sala.

De tão maltratado, o chão, de cimento vermelho, era opaco e manchado, uma tristeza para qualquer mulher, por menor que seja sua afinidade com as tarefas do lar (o que é o meu caso...).

Como a casa era alugada, eu já estava conformada em conviver com aquele piso que não combinava com nada. Foi então que a Socorro começou.

Lembro-me dela apoiada no cabo da vassoura enquanto olhava para o chão no primeiro dia de trabalho. Após alguns segundos de análise, ela disse: “me dê duas semanas e eu vou deixar esse piso brilhando”. Achei engraçada a motivação dela para recuperar aquele caso perdido, mas comprei os produtos e a cera que ela pediu para fazer o seu trabalho. O resultado veio mais rápido do que ela previu e fiquei surpresa quando senti o que parecia ser impossível: achei bonito o chão de cimento vermelho.

Eu não pedi para a Socorro fazer nenhum milagre. Na verdade, nem pedi para ela tentar dar um jeito no chão. A vontade de fazer o melhor partiu exclusivamente dela, o que me mostrou uma lição: ela viu uma oportunidade de melhorar um chão de cimento surrado e deu o melhor de si para atingir esse objetivo.

E não foi apenas nisso que a Socorro demonstrou a qualidade do seu trabalho.  Desde uma simples limpeza de pó até o desejo de deixar roupas brancas cada vez mais brancas, em tudo o que ela fazia era possível perceber sua determinação para atingir a perfeição. Nem sempre conseguia, tenho que admitir, mas sempre se esforçava ao máximo. E, por dar o melhor de si em seu trabalho, era impressionante como facilitava a minha vida.

Sinto falta do jeitão da Socorro, principalmente quando encontro pessoas que já desistiram de fazer o seu trabalho antes mesmo de começar. Pessoas que, por não enxergarem a importância do que fazem, encaram o trabalho como uma obrigação.

Para esse tipo de profissional (se é que podemos chamar assim), o trabalho é um fardo a carregar. Para a Socorro, no entanto, é a satisfação em fazer algo para ajudar e para ela, tenho certeza, trabalho nunca vai faltar...

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