O mundo precisa mudar
Tenho acordado bem cedo as segundas feiras, pois a Chris trabalha e não tem a minha moleza. Aí, ao chegar em casa, liguei a TV e assisti ao Bom Dia Rio. Novamente, e como sempre, notícias sobre a bandidagem no Rio de Janeiro. Temos este problema grave, e não é de hoje. Nem sei se está agravando ou não, porque a história é sempre a mesma. Se você pegar um jornal de 1950 ou assistir uma gravação do jornal de 1980, verá que o texto é sempre igual, as reclamações idem. Toda cidade grande tem estes problemas. O Rio de Janeiro tem mais um pouco, sabemos.
Mas escrevo para comentar como a população tem uma percepção completamente errada sobre a origem do problema e sobre como começar a solucioná-lo. Em todas as reportagens sobre a bandidagem, os síndicos, os usuários, as pessoas pedem MAIS polícia... gente, não sei no Chapadão, onde matar policiais é hobby, mas aqui na Tijuca onde eu estou morando e na Zona Sul da cidade em geral, tem polícia para todos os cantos. E as reportagens que eu assisti foram sobre estas regiões. Inclusive uma na "minha" rua, a Rua Mário Barreto, onde houve um assalto e a síndica gritava por mais policiamento. Mais? Ali não se anda dois quarteirões sem cruzar com uma viatura. O que querem estas pessoas?
Não vou fazer como Leonel Brizola, que quase acertadamente disse que "não se pode combater a violência provocada pela miséria", só que ele não conseguiu combater a miséria, e nem a violência, e o Estado sofreu uma piora grande nestes índices durante as suas gestões.
Mas ouso dizer que o problema, evidentemente não é causado pela falta de polícia e que mesmo que multipliquem a polícia por 10, não irá melhorar enquanto o desequilíbrio e a desigualdade no Rio de Janeiro e no mundo não melhorarem.
Estamos vivendo talvez um dos piores momentos de concentração de riquezas na história do mundo. Quem possui dinheiro aplica este dinheiro em instituições financeiras que estão riquíssimas, compram empresas de onde possam extrair o lucro e as riquezas e estão piorando a vida da imensa maioria. Sabemos como funcionam a cabeça destes novos administradores do mundo, cortar custos, diminuir salários, automação de tudo que puder ser automatizado, globalização do trabalho (fazer onde for mais barato) e outras práticas. Desta maneira eles montaram imensos conglomerados mundiais, lucram com nunca lucraram e o dinheiro disponível para a população está sumindo. E quem tem dinheiro, cada vez tem mais. Quem não tem, cada vez tem menos. Em um mundo capitalista que vende 24h por dia coisas incríveis e inflama os desejos, todos desejam, mas uma minoria pode efetivamente desfrutar.
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Esta desigualdade está aumentando rapidamente, porque além de todos estes problemas, temos também a falta de empregos causada pelo desenvolvimento tecnológico da humanidade. Hoje somos capazes de desenhar máquinas e processos que precisam de cada vez menos trabalhadores, e o que deveria ser uma benção para todos, o fim do trabalho, é na verdade um inferno, porque sem trabalho os homens e mulheres não existem no mundo, não conseguem viver.
Vivendo mal, sem perspectivas boas, morando mal, comendo mal, sendo miseráveis, a tendência é a de que a violência e a bandidagem aumentem, isso me parece claro.
Mas o síndico entrevistado acha que a solução é MAIS polícia. Assim não vai, assim não vamos.
É impossível nos livrar da bandidagem. Desde que a humanidade resolveu viver em sociedade, nascem bandidos. Mas o progresso, condições dignas de existência,são o único caminho para reduzir o estado calamitoso em que vivemos. E controle, sim, é necessário muita polícia, somos uma cidade enorme.
Mas para melhorar, temos que avançar na solução dos problemas da desigualdade crescente e ao ataque e sequestro dos financistas à economia do mundo.
Founder na Butterflies In The Stomach
7 mMuito bem colocado, num futuro não muito distante a realidade virtual será mais atrativa q a realidade normal. Será que seremos seres plugados em telas de vidas incríveis, aventuras espetaculares, banquetes e paraísos artificiais ? E quem vai bancar isso ?