O nome dele é redator, p*&%@.
Reprodução / Chico Buarque / Divulgação

O nome dele é redator, p*&%@.

Em 13 anos de profissão, já vi funções na criação receberem nomenclaturas diferentes para designar cargos, que no fundo, significam a mesma coisa. Como, por exemplo: diretor de criação ser chamado de líder criativo ou diretor de criatividade. Diretor de arte ser chamado de crafter. Até aí tudo bem, apenas nomes, as funções raramente mudam. Mas redator ser chamado de assistente de redação, não né?

Pra quem não sabe (meu pai não sabe o que faço) redatores são aquelas figuras que geralmente fazem dupla com diretores de arte e são responsáveis por criar conceitos, redigir peças publicitárias e principalmente: criar. Ponto! Mas aí, vem esse título que não consigo entender. Afinal de contas, assistente de redação faz o que, senão tudo isso que falei?

Escrever pra mim é e sempre será uma coisa muito pessoal. Apesar da propaganda ser uma profissão, que pra ser bem feita exige coletividade, a redação publicitária chega a ser até um tanto quanto solitária. O papel em branco à sua frente está sempre recebendo de você a sua história, as suas vivências e experiências. Enfim, o seu repertório. Toda vez que leio esse título, penso em alguém sentado ao meu lado dizendo: - agora a palavra é loren, agora é ipsum -. Ou lendo por mim um artigo na internet e vindo com soluções para um texto que não está fácil de desembolar. Mas que loucura, não?

Redação é redação, minha gente. Não é uma direção de arte que será reproduzida em diversas peças por assistentes de arte, que por sinal, a partir do momento que passam a criar, deveriam se tornar imediatamente diretores de arte junior (tá bom, eu sou romântico. Admito). Voltando a redação, toda frase requer criação. Elaborar um raciocínio não é como criar um banner à partir de um key visual. No KV a arte está alí para o assistente de arte seguir, mas o Word, mesmo que já exista um conceito, ou mil peças criadas, estará sempre em branco para o redator. Então, pra mim, esse título: assistente de redação, não cola. Ou é estagiário ou é redator. Não tem que ter meio termo.

O início de carreira na redação é como em qualquer outra profissão. Você começa pegando coisas simples, menos elaboradas, pra chegar uma hora que o seu chefe, ou no caso, o DC, ganha confiança e começa te passar pedras maiores pra lapidar. Mas desde sempre, o que se faz é texto. Alguns pares podem até achar que é uma bobagem, que é apenas um título, um nome sem propósito, mas a pulga que fica atrás da orelha é: os assistentes de redação ganham menos do que um redator junior? Eu imagino que sim, porque pontos não são dados sem nó, na hora que a peleja é monetária. Não mesmo. Se o tal assistente de redação fizer um título para um banner, o que ele terá feito? O que, o que? Do-le uma, do-le duas... Assistência? Nananina não! Ele fez redação. Agora, se tão criando mais um step pra poder pagar menos, eu acho uma sacanagem.

Gustavo Piereti Zotini

Diretor de Marketing B2B | Estratégia, Branding & Growth | Performance | Liderança e Gestão

4 a

é só malandragem pra pagar menos... mas calma que logo logo chega a era o assistente de CCO, assistente de vice-presidente, redator sênior assistente...

Matheus Martins 🏳️🌈

content specialist | copywriter | community manager

4 a

Quase que didático!

Como sempre pertinentes suas colocações! Show! 🤜🤛

Douglas Assis

Branding & Content | Senior Marketing Analyst @dsm-firmenich

4 a

Cara. Escrever é de fato uma tarefa solitária. Mesmo quando a peça tem "só" um título, uma jornada foi feita até ali, mas só redator conhece a estrada percorrida. Costumo comparar com o baixista de algumas bandas: muita gente não repara, mas se tirar faz uma falta danada. Quanto ao ponto central do seu texto é isso mesmo. Um papinho pra pagar menos. Passei por isso no começo, hehe.

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