O papel da interoperabilidade na desospitalização

O papel da interoperabilidade na desospitalização

Já imaginou um mundo onde a alta hospitalar é um momento de tranquilidade e segurança, tanto para o paciente quanto para sua família? Com a desospitalização e a interoperabilidade, essa realidade é mais próxima do que nunca.

A desospitalização é um processo que se dá após alta hospitalar, intrinsecamente ligada à atenção domiciliar para continuidade do cuidado e a recuperação do paciente no conforto de seu lar, quando clinicamente indicada pelo médico. Essa transição representa um marco crucial na jornada do paciente e, para que seja bem sucedida, a interoperabilidade é essencial.

A interoperabilidade possibilita diferentes sistemas de saúde se comunicarem e compartilharem informações de forma integrada. Isso significa que, durante a desospitalização, os dados do paciente, como exames, diagnósticos e tratamentos realizados no hospital, devem ser acessíveis a todos os profissionais envolvidos em seu cuidado, independentemente do local, que neste caso é o domicílio, pela equipe de atendimento domiciliar.

Este conceito não apenas facilita a comunicação entre o hospital e a atenção domiciliar, mas também fornece uma continuidade no cuidado, garantindo que o paciente receba atenção de alta qualidade em cada etapa do processo.

Ao combinarmos desospitalização com interoperabilidade, estamos moldando um futuro onde a saúde é mais segura, eficaz e centrada no paciente.

O que é a desospitalização, seus objetivos e como implementar?

É um processo que ocorre durante o planejamento da alta hospitalar, permitindo que pacientes, com condições crônicas ou que já passaram pela fase mais aguda de uma doença, sejam transferidos para um ambiente domiciliar, onde receberão os cuidados necessários. A equipe do atendimento domiciliar visa garantir a integralidade da assistência à saúde, oferecendo cuidados multiprofissionais e personalizados no próprio domicílio. Lembrando que, para que a desospitalização para ocorro, o paciente deve estar em condições clínicas e ter indicação médica de que não é mais necessário atendimento a nível hospitalar. Quando bem planejada e executada, proporciona diversos benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde.

Seus objetivos são:

  • Humanização do cuidado: oferecer um tratamento mais personalizado e respeitoso às necessidades individuais de cada paciente;
  • Melhora da qualidade de vida: permitir que os pacientes se recuperem em um ambiente familiar e confortável, contribuindo para a sua qualidade de vida;
  • Prevenção de infecções hospitalares: reduzir o tempo de internação hospitalar, reduzindo assim o risco de o paciente adquirir infecções hospitalares;
  • Otimização da ocupação de leitos: liberar leitos hospitalares para atender a outros pacientes que necessitam de internação em fase aguda da doença; e
  • Redução de custos: otimizar os recursos do sistema de saúde, uma vez que os custos da atenção domiciliar são geralmente menores do que os custos de internação hospitalar.

Para implementar uma equipe de desospitalização, é necessária a atuação de um time de alta performance com profissionais multidisciplinares e ferramentas adequadas que possam auxiliar na identificação de oportunidades de desospitalização. Alguns hospitais estão estruturando um departamento de “Escritório de Alta”, com objetivo de identificar pacientes que possam ter sua alta antecipada, desde que com segurança, e interligadas ao atendimento domiciliar.

Porque a interoperabilidade é fundamental no processo de Desospitalização?

Primeiramente, a desospitalização deve ser planejada desde a admissão, mapeando os riscos e resolvendo-os, a fim de evitar eventos adversos que possam impactar negativamente no tempo de permanência. E a interoperabilidade facilita este trabalho.

Essa tecnologia possibilita diferentes sistemas e aplicativos se comunicarem, trocarem dados e os transformarem em informações valiosas, armazenadas em um único reservatório. Essa capacidade de integração conecta pessoas, sistemas e ambientes, garantindo um cuidado estruturado, personalizado, integral e longitudinal.

A integração dos sistemas facilita a transição do cuidado durante o percurso assistencial, permitindo o acesso, de todos os profissionais envolvidos no cuidado, aos dados clínicos independentemente do local onde o paciente esteja. Além disso:

  • Garantir que todas as informações do paciente estejam disponíveis para os profissionais de saúde, reduzindo o risco de erros e garantindo um cuidado mais seguro e personalizado;
  • Acesso às informações em tempo real, evitando exames e procedimentos desnecessários;
  • Cuidado integrado dentro e fora do hospital, com o paciente sempre no centro da atenção;
  • Facilitar a comunicação entre o hospital e a atenção domiciliar, assegurando que o paciente receba cuidados contínuos, independentemente do ambiente;

·        Os familiares podem acompanhar de perto a evolução do tratamento e ter acesso a todas as informações, o que proporciona maior tranquilidade e segurança; e

  • Melhor experiência do paciente com maior engajamento e satisfação.

Objetivo da interoperabilidade na desospitalização?

O objetivo é que toda equipe, desde hospitalar até atenção domiciliar, tenha conhecimento de todas as informações sobre a jornada do paciente, evitando indecisões na continuidade do tratamento, duplicidade de exames, interações medicamentosas, reinternações e esclarecimento de dúvidas dos familiares em tempo real. Além disso, gera a redução nos custos a partir da avaliação do tempo de permanência dos pacientes, identificando a causa raiz do tempo excedente, otimizando o giro de leitos e evitando desperdícios ao longo da jornada, e, sem dúvida, melhorando a experiência do paciente.

Este é o "pulo do gato": a interoperabilidade entra como peça-chave, permitindo a comunicação entre sistemas para o compartilhamento de dados e troca de informações, otimizando os fluxos de trabalho, continuidade do cuidado, facilitando a transição e possibilitando o monitoramento durante o percurso assistencial. Tornando-se imprescindível para uma desospitalização segura e eficaz, onde os profissionais do hospital podem compartilhar todas as informações com a equipe do atendimento domiciliar que irá receber o paciente.

A conclusão é que a desospitalização, unida com a interoperabilidade, é uma tendência mundial de cuidado humanizado, centrado, contínuo e longitudinal, e as instituições que desenvolverão essa estratégia obterão resultados cada vez melhores.

 

Palavras-chave:

Saúde; jornada do paciente; desospitalização; interoperabilidade; alta segura e eficaz; giro de leito; redução de custos; atendimento domiciliar; cuidado contínuo e experiência do paciente.

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André Luiz Villas Bôas e Silva

Estratégia e Inovação | Negócios e Transformação Digital | Relacionamento com Hospitais e Operadoras | Conselheiro Consultivo | MBA, CCA, XBA

2 m

Ótimo artigo, Karla! O "Cuidado Last Mile" é realmente para mim algo totalmente necessário e positivo.

Marcos Saponara

Diretor de Marketing e Vendas na Viva | MBA em Economia e Gestão

3 m

Genial

Karla Lemes

Consultoria em Saúde/ Saúde Digital/ Jornada do Paciente/ Transição de Cuidados/ AVC/ Auditoria Assistencial- Hospitalar e Atenção domiciliar/ Desospitalização

3 m

Já imaginaram como a interoperabilidade pode transformar a alta hospitalar em um processo mais tranquilo e seguro, tanto para os pacientes quanto para suas famílias? Nesse artigo, discutimos como a interoperabilidade tem papel fundamental na desospitalização, garantindo a continuidade do cuidado e uma recuperação mais humanizada no conforto do lar. 🔗 Confiram o artigo completo e descubram como esta combinação está moldando o futuro da saúde, transformando a jornada do paciente mais eficaz e centrada no paciente. Ficaremos muito felizes em saber a sua opinião! #Saúde #Desospitalização #Interoperabilidade #CuidadoHumanizado #AtençãoDomiciliar #TecnologiaEmSaúde #JornadaDoPaciente Guilherme Barros Sisqualis

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