O papel da IoT na Tranformação Digital
Ao longo da última semana eu andei investindo algum tempo estudando materiais sobre Transformação Digital para preparar as aulas do curso de graduação de uma nova turma que começará em Agosto.
Paralelo a isso, finalmente eu consegui dedicar algum tempo para ler com calma o livro de um colega aqui do LinkedIn - Afzal Mangal (Congrats, once again!) com o título "How Telcos destroy their future relevance - An IoT story". O livro é uma narrativa de como, na opinião do Afzal, que viveu isso em algumas grandes operadoras, as Telcos estão perdendo a chance de se manterem relevantes e, ainda segundo ele, isso já aconteceu no passado e está acontecendo novamente com a IoT.
Aparentemente dois temas que não se conversam. Mais como acabei consumindo esses dois conteúdos simultaneamente fui fazendo algumas correlações e vou compartilhar com vocês alguns dos meus insights.
Tudo meio que se apoia no entendimento de que a Transformação Digital é uma jornada, uma estratégia, e não um produto de prateleira. E, por assim ser, ela demanda tempo, investimento, abertura, mudança de cultura, e vai tocar em pontos sensíveis das empresas. É muito mais do que tecnologia.
Cmo muito bem colocado aqui nesse inforgráfico (um grande achado no perfil do Carl B. March - Thanks for sharing!):
Fig1.: Digitization vs Digitalization vs Digital Transformation (Fonte: post no LinkedIn)
A transformação digital engloba pessoas, processos, tecnologias e métricas e passa por profissionais empoderados, clientes engajados, operações otimizadas e transformações no(s) produto(s). Ou seja, a barrinha de esforço ali deixa bem claro que não é algo simples.
Não é sobre tecnologia (apenas). E aí vem o link com o livro citado anteriormente. O Afzal explica, de forma bem assertiva, uma coisa muito curiosa sobre a IoT: sua maior força - a de causar a desrupção em negócios e produtos - é também responsável pela grande dificuldade de escala que vemos hoje em dia.
Vou tomar emprestado o exemplo simples e genial que ele apresenta:
Ele compara alguns casos onde a conectividade é relevante, mas em contextos distintos. Por exemplo Maquininhas de cartão de crédito (POS) X uma Cafeteira IoT. No primeiro caso a conectividade é algo extremamente relevante para o funcionamento do produto mas não muda a forma como o negócio é feito. Sem conectividade a Maquininha não serve para nada, ok! Mas com conectividade ela continua "apenas" viabilizando uma transação comercial entre dois interessados.
Já uma Cafeteira IoT só faz sentido se for para mudar, de fato, a forma como o negócio é feito - fim a fim. Ao fornecer uma Cafeteira IoT o seu fabricante (ou revendedor) pode deixar de vender o produto (e, se tudo for muito bem, um contrato de manutenção junto) e passar a alugar, como um serviço de assinatura. O modelo de manutenção também muda já que o fabricante passa a ter a informação sobre o estado da máquina em campo - logo ela pode ser ativamenete ofertada e não mais reativa. Consequentemente os engenheiros passaram mais tempo aprimorando os produtos e desenvolvendo novos, ao invés de gastarem horas improdutivas em visitas desnecessárias. E assim vai... uma loooonga transformação.
Mas o grande ponto é que ambos, tanto a Jornada de Transformação Digital quanto a Internet das Coisas, não são sempre tratadas dessa forma. Muito pelo contrário. A maioria das vezes são vendidas como produto. Quando que, na verdade, são transformações.
Enquanto tratarmos a IoT dessa forma, os resultados serão os mesmos: ou não entregaremos o seu valor, em sua capacidade máximo; ou continuaremos a ver PoCs parando no meio do caminho e projetos sem escala.
Qual a solução para isso? Difícil dizer. O Afzal dá alguns sinais de que deveríamos olhar para dentro de casa, rever nossos processos de venda. Uma coisa eu tenho que concordar: não se vende IoT como se vende SimCard (chip).
A venda aqui é muito mais longa e complexa. E muito mais técnica também. Talvez pelo estágio de maturidade tecnológica. Mas talvez pelo simples fato de que quanto mais disruptiva for a solução, mais longa é sua jornada.
Eu vejo o mercado de componentes eletrônicos como uma grande fonte de inspiração. É bem difícil comprar um chip de memória, ou um componente de RF, se você não for o engenheiro responsável pelo projeto. E se você for, o vendedor do outro lado está lascado (rsrs). Nesse mercado normalmente existe uma dobradinha: um vendedor e um engenheiro de aplicações. Isso normalmente funciona muito bem.
É a solução? Não sei dizer, de verdade. Mas sei que temos que conseguir dar mais segurança técnica para nossos clientes. Mais visão do todo. E mais suporte em ecossistema. Acho que já é um bom começo.
E você, o que acha?
Ei! Eu escrevo semanalmente quinzenalmente (agora) por aqui e estes são os artigos que já publiquei. Ficarei feliz em ouvir seu feedback:
Driving IoT growth | Building products and brands | Author of How Telcos Destroy Their Future Relevance
2 aWow Leandro! Impressive all the work that you've published here. I read some of your content (through translator of course) and I love it. Especially the complexity of and relation between IoT, innovation and design is explained in very well way. I'm tagging my colleague Maikol Kogawa, he'll find this interesting as well.
Transformation Leader, EY | Strategy, Innovation & Operations Executive | Digital Transformation | Former-McKinsey
2 aYou are welcome, Leandro