O papel das relações interpessoais em um negócio digital

Por Marcelo Abrantes Pinheiro*

Se, na sua essência, a palavra conexão consiste no ato de unir um ao outro por meio de afinidades e do convívio, com a chegada da era digital no final do século XX, esta palavra virou sinônimo popular da ligação entre dispositivos ou computadores. Digo isso para compartilhar uma reflexão: ironicamente, foi no momento em que estivemos fisicamente isolados e distantes dos vínculos presenciais que ficamos mais conectados do que nunca. Jamais imaginei que a comunicação entre familiares e parceiros de trabalho pudesse depender única e exclusivamente da tecnologia, e por tanto tempo. 

No entanto, somente após vivenciar a restrição dos abraços em pessoas queridas, pude comprovar que todas as calls e whatsapps do mundo, por mais eficazes que sejam, não são capazes de substituir por completo a presença humana.

Ao longo desta pandemia, passamos a interagir nos mais diversos âmbitos das nossas relações pessoais ou profissionais quase exclusivamente pelas plataformas digitais. 

Sem dúvida que eu, como CEO de um marketplace de revenda de botijões de gás, enxergo claramente os benefícios desse cenário. Mas a verdade é que me pego lembrando de um dito popular – e me identificando muito com ele: “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Pois é: o Chama é uma startup nativa digital e, ainda assim, seguirá offline quando o assunto é migrar totalmente as relações do mundo real para o virtual. 

Cada dia de volta ao campo visitando revendedores, estamos colhendo os frutos dessa experiência que tem sido enriquecedora, graças à tecnologia. Ela possibilitou manter o canal de comunicação ativo, reforçando a importância do contato interpessoal além das telas – mesmo em se tratando de uma empresa de tecnologia. É preciso manter a conexão, mesmo à distância.

Colocar isso em prática, no entanto, não é tão simples quanto parece. A linha entre encontrar um ponto de conectividade real ou obstruir o diálogo organizacional é tênue. E dentro da cultura da empresa, o aspecto humano na comunicação permeia toda cadeia de atuação do Chama. 

Nesse processo, o diálogo direto e pessoal é um elemento-chave. Isso se reflete no modo como conduzimos tudo. O modelo de trabalho remote first, adotado pela companhia com a inauguração do novo escritório, é exemplo disso, com um espaço que fomenta a convivência coletiva e a troca de conhecimento horizontal.

Na linha de frente com as revendas, um público-alvo que está no processo inicial da sua jornada de digitalização, a comunicação face a face é a base para construção de um laço forte. Ainda neste mês, tive a satisfação de apresentar as mudanças implantadas no aplicativo em 2021 e as expectativas de nosso negócio para 2022, encontrando presencialmente nossos parceiros na primeira edição do ConexChama, evento corporativo desenhado especialmente para potencializar a conexão entre as revendas e melhorar o relacionamento com o Chama. Afinal, não há ferramenta mais eficaz do que alcançar e consolidar esta confiança.

Nesse retrospecto, aprendi a utilizar a conectividade digital para estreitar a distância enquanto se fortalecem as relações humanas, ao invés de substituí-las. Afinal, contaremos sempre com o apoio de ferramentas como SMS, e-mail, ligações, áudios, vídeos para construir relacionamentos, mas as interações ao vivo, no mundo real, envolvem sentimentos e estes dificilmente são traduzidos em uma comunicação baseada somente em tecnologia. Em resumo, não há internet de ultra velocidade que substitua um bom e firme aperto de mãos ou um afetuoso abraço. 

*Marcelo Abrantes Pinheiro é CEO do Chama