O papel do DRG no sistema de saúde
Mesmo no período atual, em que há grande influência da tecnologia e novas adaptações que favorecem a vivência humana, a população ainda enfrenta problemas em uma área extremamente importante: o sistema de saúde. Você provavelmente já ouviu reclamações de conhecidos ou familiares a respeito do longo tempo de espera para agendamento de uma consulta médica, falta de leitos hospitalares e em alguns casos, até a falta do profissional responsável por determinada área assistencial. De modo geral, todos os problemas convergem para um ponto comum, chamado de mau gerenciamento dos recursos. Diante disso, diversas ferramentas são criadas e amplamente adotadas com o intuito de sanar tais problemas e mitigar riscos relacionados à má assistência no sistema de saúde. Dentre elas, a metodologia DRG (Diagnosis Related Groups) desponta com uma proposta bem relevante. Acompanhe para entender mais sobre o assunto.
O método DRG foi desenvolvido nos Estados Unidos, na Universidade de Yale, em 1960, e tem se expandido pelo mundo. Tem como objetivo a melhor experiência e a redução de desperdícios hospitalares por meio da divisão de pacientes com situações clínicas semelhantes em grupos homogêneos. O método também conta com o uso da inteligência artificial, com uma gestão de risco 4P (a partir da predição, personalização, prevenção e participação) e de outros recursos utilizados. Há alguns anos foi inserido e adaptado ao contexto brasileiro de serviços de saúde e tem apresentado resultados bem significativos.
A ferramenta funciona da seguinte forma: o sistema agrupa pacientes com base no grau de risco e custo assistencial. Para as divisões, são levadas em conta as características pessoais e a complexidade de cada paciente que estão disponíveis no prontuário médico. Isso permite que o profissional, chamado de codificador DRG, faça um diagnóstico baseado na realidade a partir dos dados coletados. Para ficar mais claro o funcionamento veja o exemplo abaixo:
Paciente dá entrada no serviço de saúde e seus dados já são prontamente coletados para o preenchimento do prontuário médico. Estes dados se relacionam com a idade, sexo, quadro clínico, presença de comorbidades, necessidade de intervenção cirúrgica e ventilação mecânica. Após os dados serem coletados e inseridos no sistema, o software faz as combinações das informações atribuídas e gera indicadores e relatórios que determinam o DRG ou grupo relacionado por diagnóstico deste paciente. Este grupo, clínico ou cirúrgico, é composto por casos similares, por onde se pode estipular o tempo de internação e os demais recursos que serão investidos durante a permanência do paciente na unidade hospitalar. Dessa forma, com a previsão do tempo e do custo, se torna possível um planejamento assistencial assertivo, de qualidade e com uma baixa taxa de desperdícios.
- Imagine a seguinte situação:
Paciente masculino, 72 anos, hipertenso, diabético, com DRC em estágio avançado, dialítico e com história prévia de eventos cardiovasculares, dá entrada ao serviço de saúde com queixa de cansaço, falta de apetite e palidez. Realizados exames, o diagnóstico da queixa principal é de um quadro de anemia. Um adolescente de 16 anos, ao mesmo tempo também é admitido com o mesmo diagnóstico. Na ausência de um sistema de diagnóstico por grupos relacionados, a estimativa de tempo de cada um desses pacientes é baseada pelo CID e história de permanência local. Sendo assim, ambos os pacientes possuem a mesma estimativa de tempo de internação. No entanto, com a coleta dos dados citados pelo DRG e considerando as demais variáveis, sabe-se que tanto o tempo quanto os recursos investidos são infinitamente divergentes. A metodologia atua, portanto, com a predição dos desfechos assistenciais, com base no agrupamento e geração de indicadores e relatórios em conformidade com cada caso descrito.
É válido citar que alguns dos benefícios diretamente relacionados com a adoção de tal metodologia, por exemplo a realização da alta segura, que minimiza o risco de ocorrência de efeitos adversos – causados por longo tempo de internação, reduz a quantidade de insumos hospitalares investidos em tal cuidado e favorece o giro de leito. Os benefícios são sentidos tanto para o paciente quanto para a unidade que o acolhe.
Funcionando de maneira organizada o método permite a ocorrência de mudanças para melhorar qualidade dos serviços realizados, por meio de avaliações. O foco principal do método é trazer o bem-estar e a melhor experiência ao paciente e às famílias, e permite que todos estejam cientes dos procedimentos feitos, sendo, dessa maneira, um sistema “transparente” que também ajuda com o engajamento na prevenção de complicações durante a internação.
O setor público, por exemplo, se beneficiaria grandemente com a implantação da metodologia, principalmente no momento atual enfrentado pela população, onde os hospitais estão sofrendo com a falta de uma gestão eficiente e assertiva, além da ausência de insumos básicos fundamentais para o funcionamento dos processos, tais como aparelhos, acesso a profissionais, medicamentos e recursos financeiros. Não apenas neste momento, mas o DRG possivelmente traria resultados positivos para as redes hospitalares a partir de novos estudos e desenvolvimentos trazidos com o avanço da tecnologia e das novas ideias que estão surgindo com o decorrer dos dias.
O DRG tem se expandido pelo mundo desde seu desenvolvimento em 1960, tendo chegado à Europa, em Portugal, em 1984. Também está presente na América Latina, funcionando de maneira limitada, tendo sua maior participação no México. Foi adaptado para o sistema de saúde brasileiro, onde grandes hospitais já utilizam a metodologia, a qual tem melhorado os seus resultados. Se mais bem desenvolvido com o tempo, o método pode gerar muitas melhorias nos sistemas públicos e privados da saúde, e as falhas podem ser substituídas por fatores que possivelmente resolvam uma grande parcela dos problemas enfrentados pela população atualmente.
E você, já conhecia essa metodologia? O que acha da implantação do DRG nas unidades hospitalares? Deixe nos comentários a sua opinião!
COORDENADORA ASSISTENCIAL PROVIMENTO DE SAÚDE na Unimed Uberlândia
3 aO DRG possui um papel fundamental no acompanhamento da assistência e nos dá dados suficientes para melhorá-la. É segurança para quem é atendido, para quem presta o atendimento e para quem paga a conta. Alta secura, ambutorização, novos modelos remuneratórios, isso é apenas o começo! Só seguirá em frente quem estiver pronto para estas mudanças!