O paradigma da estação de trem de Longyan
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O paradigma da estação de trem de Longyan

A China não para de se superar. Na última madrugada de sábado, na cidade de Longyan, ao sul do país asiático, os chineses entregaram a obra de uma estação de trem inteira, que começou a ser construída no início da noite anterior.

Isso mesmo que você está lendo, eles construíram uma estação de trem em nove horas!

A obra da estação de Longyan já interliga a cidade a outras quatro linhas de trem: Ganlong, Ganruilong, Zhanglong e a nova Nanlong, que irá conectar o sudeste e o centro do país com trens que andam a até 200 km/h.

A construção da estação começou às 18h30m do dia 19 de janeiro (sexta-feira), e terminou na madrugada do dia 20 (sábado), por volta das 3h30m. A operação reuniu 1.500 operários, 23 escavadeiras e sete trens, que levaram os materiais necessários até o local. Os trabalhadores foram divididos em sete equipes e construíram trilhos, sinalização e controles de tráfego dos trens no local.

Uma equipe voluntária de suporte preparou alimentos e serviu chá ao lado do canteiro da obra para os operários, desde o começo da noite até a madrugada seguinte, motivando o time a cumprir suas metas por células e em cada etapa do projeto. Detalhe, a temperatura na madrugada caiu abaixo de zero.

Na manhã de sábado, a estação recebeu o primeiro trem e começou a atender o transporte da população local, que foi recebida com uma salva de palmas pelos mesmos trabalhadores que realizaram a obra.

A ferrovia é parte da chamada Nova Rota da Seda, um conjunto de obras chinesas onde serão investidos US$ 5 trilhões (o PIB do Brasil de quase três anos), considerada a maior iniciativa econômica da história, cerca de 40 vezes maior, em valores atualizados, do que o Plano Marshall, criado pelos Estados Unidos para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial.

A obra completa dessa Nova Rota da Seda, quando ficar pronta, irá materializar os caminhos percorridos pelo veneziano Marco Polo, no século XIII, interligando a Europa com o extremo oriente. Uma parte com a ferrovia chinesa feita em seu próprio solo, outra parte com a conexão a outras malhas ferroviárias que saem do Velho Continente e cortam o Oriente Médio (via Turquia), passam pela Ásia Menor, até chegar ao Dragão Vermelho na outra ponta.

O que me espanta mais não é a obra colossal em si; mas sim a capacidade de engenharia e produtividade construtiva que os chineses demonstram outra vez. Enquanto aqui nos trópicos demoramos décadas para expandir uma linha de metrô, ou para inaugurar estações sobre linhas pré-existentes, os chineses fazem isso da noite para o dia.

O paradigma de Longyan é um sério modelo para nos debruçarmos e tentarmos copiar. Porque só os investimentos em obras de infra-estrutura, com planejamento, começo, meio e fim, é que irão nos colocar no caminho do desenvolvimento sustentado.

Com certeza não faremos estações de metro, de trem, pontes, viadutos, trechos de estrada e outras obras de envergadura, em uma noite aqui no Brasil, mas se as fizermos em um ano, em um bom número, já teremos percorrido meia estrada rumo ao futuro.


Cristina A.

Jornalista free-lancer aberta a trabalhos.

6 a

caramba, 9 horas

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