O PARADOXO DE STOCKDALE EM TEMPOS DE COVID

O PARADOXO DE STOCKDALE EM TEMPOS DE COVID

Ao ler o texto de uma colega, resolvi dividir aqui o conceito do ‘Paradoxo de Stockdale’, bastante relevante atualmente. Esse conceito surgiu como uma referência no livro ‘Feitas para Vencer’ (‘Good to Great’) de Jim Collins, lançado em 2001, e é muito válido para o momento que estamos vivendo e como as empresas precisam enfrentar o desafio atual da crise do Covid-19. O nome ‘Paradoxo de Stockdale’ é referente a um oficial da marinha americana, chamado James Stockdale, que serviu na guerra do Vietnã e foi feito prisioneiro. Durante os sete anos de prisão, foi torturado e mantido em condições onde teria pouca perspectiva de sair com vida.  O que o salvou foi sua habilidade em avaliar e compreender a realidade de sua situação e ao mesmo tempo manter uma perspectiva positiva que conseguiria voltar para casa. Somente encarar a realidade como dura e sem perspectiva pode destruir a moral da pessoa, e somente ter esperança de sair dessa situação não sustenta os longos períodos de provação. Ele dizia que sabia muito bem os que não conseguiriam retornar para casa, e estes eram os otimistas. Sempre com altas expectativas de curto prazo, que não se realizavam e os destruíam mentalmente. Anos depois, ele descreveu esse período como o evento que definiu sua vida, e que não trocaria por nenhuma outra situação. 

No seu livro, Jim Collins avaliou diversas companhias para entender o que as faziam ter sucesso, e um dos aspectos era justamente essa dualidade psicológica de seus líderes em que, por um lado, aceitavam os fatos brutais da realidade, e por outro lado, tinham uma convicção forte de que prevaleceriam como uma grande companhia, mesmo com os enormes desafios pela frente. Essa dualidade identificada por Collins que foi definida como o ‘Paradoxo de Stockdale’. E talvez não tenha momento mais relevante do que este que estamos vivendo para entender e praticar esse ‘paradoxo’.

Muitas companhias não vão conseguir superar a crise atual, talvez por razões que estejam fora de seu controle, mas também seja por que seus líderes perderam a esperança muito cedo desorganizando suas equipes, ou por que não conseguiram se sustentar ao longo do tempo ao traçar um cenário muito otimista de recuperação que não se concretizou.  O erro de julgamento ou a negação em reconhecer a profundidade da crise, prejudicam a capacidade da empresa para se adaptar rapidamente a condições em constante mudança.

São tempos difíceis, sem referência a crises passadas e com uma queda brutal de atividade econômica. Tentar proteger suas equipes dessa realidade somente criará falsas expectativas, que não irão se concretizar e, assim, minar suas ações e sua resiliência para enfrentar esse momento.

Com isso, é necessário aos líderes empresariais agora a, pragmaticamente e organizadamente, passar a seus times as informações que precisam, baseada na realidade que estão vivendo, e ajuda-los a entender seu papel como parte da solução. Essa abordagem envolve algumas etapas:

  • Criação de um comitê de gestão de crise multidisciplinar dentro da empresa
  • Estabelecimento de prioridades e objetivos
  • Desenvolvimento de cenários e alternativas para o seu negócio
  • Elaboração de projeções para cada um desses cenários
  • Escolha da melhor opção a ser seguida
  • Execução da opção identificada e monitoramento dos resultados, ajustando quando necessário ou quando o cenário mudar (lembrando que nessa crise o ambiente é dinâmico)

Acredite que sua empresa poderá sobreviver à essa crise, sem deixar o excesso de otimismo e a visão de longo prazo ofuscarem os assustadores fatos do momento. Aceite essa realidade, seja resiliente e desenvolva um plano efetivo para você e sua empresa, como também em outras áreas de sua vida, e assim poderá seguir para continuar lutando.

Como dizia Stockdale: “Você não deve nunca confundir a convicção que irá vencer no final – que você nunca deve perder – com a disciplina para enfrentar os fatos mais brutais da sua realidade atual, qualquer que ela seja.”

Fabricio V.

Growth | Diretor Unidade de Negócios | Healthcare e EdTech | Vendas e Marketing

4 a

Bom texto Marcos Haaland, contextualizou de forma simples. Obrigado. Ao mesmo tempo fez lembrar de Viktor Frankl fundador da Logoterapia, psiquiatra, e prisioneiro em campos de concentração nazistas. Os temas coincidem e se complementam em muito. Guardada as devidas proporções é inspirador em épocas difíceis. Abraço e parabéns.

Carlos Aügusto Pereira dos Santos

Head Agro indústria na Agrisuporte | Mentor Profissional e Consultor de Negócios

4 a

Ótimo material, traz com clareza o momento em que vivemos e os pontos importantes que o empresário precisa se atentar, dentre eles o planejamento estratégico realista, mesmo com tanta incerteza e mudança de cenário político e financeiro a toda semana, precisamos ter um Farol para nos Guiar !!! Gratidão

Carlos Eduardo Fleury Tamiazo

Analista de crédito no Grupo Embramaco

4 a

Parabéns Marcos, excelente texo, muitos diretores de grandes empresas precisam não só ler, mas entender. Vejo muitas empresas, perdendo completamente o senso de reconhecimento e visão justa da realidade...

Kai-Uwe Hirschfelder

General Manager - CEO - Board Member & Advisor

4 a

Muito bom Marcos, especialmente para os dias de hoje!!

Eduardo M.Aron

Gerente Geral / Presidente Bens Consumo

4 a

Muito propício esse tema e o texto Marcos. Eu acredito que, mais até do que antes, o papel dos líderes com uma postura vibrante e otimista é decisivo.

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