O poder da palavra

           "Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo.

               Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto.

Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas.

Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade.

Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.

Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero”.                                                                                                                                                                                                                   (Tiago 3:3-8).

Adote-se a pergunta: “Que é que cada pessoa tem que aprender com isso?”. Todas as coisas que acontecem na rotina das pessoas vêm para ensiná-las. A vida está sempre fazendo as suas arrumações para que elas possam aprender e evoluir.

Por isso alguém já dissera: “Cuidado com aquilo que você deseja, pois pode acontecer”. É como as coisas funcionam.

Costuma-se achar que quando alguém pede a Deus alguma virtude, Ele - com aquela costumeira urgência dos humanos -, abrirá a mente do solicitante, nela introduzindo aquilo que se pedira, tornando-o, então, milagrosamente, paciente, disciplinado ou tolerante. 

Contudo, mesmo concordando em gênero e grau com Tiago, a palavra tem poder para o bem. Aliás, foi feita para propagar o bem. Haja vista as mais variadas formas de exorcismo exercido pelas mais diferentes espécies de religiosos católicos e pastores evangélicos nas suas inúmeras congregações cristãs. 

Ao propugnar contra as maldições, muitas delas autoconcebidas, o religioso, crendo-se fortalecido em Deus, lança-se contra elas, valendo-se da palavra abençoada e, quase sempre, obtém o resultado pretendido. 

Não fora assim - com a palavra - que Jesus se dirigira a Pedro ao lhe dizer: “vade retro, Satana!”? Significando o latinismo: "arreda-te", "vai para trás". Fora usada por Jesus quando, tentado pelo diabo – Mateus 4:10 – assim se manifestara a Pedro: "retira-te, Satanás!".

E, também por Ele, - Mateus 16:23 - para repreender novamente o apóstolo Pedro, quando este tentava fazê-lo desistir do Calvário: "Arreda, Satanás!".

Tal qual Marcos menciona, na verdadeira luta que trava contra si próprio em Romanos 7:15-25: “Porque, o que faço não o aprovo; pois, o que quero, isso não faço, mas o que aborrece, isso sim, faço. E se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque, eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque, não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim ...”. E por aí segue, com o restante do capítulo contido nas reticências.

A luta interior que Paulo descreve tão bem deve ser igual a que os comuns mortais experimentam nas suas atribulações. Conhece-se aquilo que é melhor, mas nem sempre se escolhe o melhor. Vale acentuar que só porque algo possa constituir aflição comum ou desmedida, nada justifica ou desculpa a realização de ações que contrariem o bem comum.

A expressão em latim vade retro Satana, também registrada como VADE RETRO SATANA, é uma fórmula medieval católica de exorcismo, composta em 1415 e encontrada numa abadia beneditina na Baviera, cuja origem é tradicionalmente associada a São Bento de Núrsia.

Os que não se comprazem com o presidente Bolsonaro quando este termina qualquer fala ou discurso com a expressão “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, mas comete as suas costumeiras trapalhadas, julgam que ao se expressar assim o presidente brinca com as palavras. Que não dá o devido valor a elas.

Ou, então, que se diverte, querendo passar a impressão de ser um democrata, um fiel cumpridor das leis, um respeitador das instituições e da divisão dos poderes e por aí segue. No entanto, o seu íntimo só Deus tem a sua revelação.

Reconhece-se que para enganar o povo e os eleitores seria fácil a qualquer outro hipócrita político também formular tal afirmação ao final das falas e dos discursos à nação. Acontece que ele - queira-se ou não - é o presidente da República e os demais, que também enganaram – ainda enganam e enganarão - os eleitores e à nação com as suas promessas vãs e irrealizáveis, não o são.

A probabilidade de uma coisa positiva ocorrer ao Brasil pela fala do presidente Bolsonaro é infinitamente maior que a dos outros políticos, os quais, mesmo tendo um mandato de deputado federal ou estadual, senador, governador, prefeito ou vereador, não têm e nunca terão o poder do presidente.

Ao menos por ora. Há muitos pretendentes que após seis meses de governo já sonham ser o presidente do Brasil...

Sonham também alcançar a presidência, abrindo mão dos seus parcos (parcos? Que é isso?) recursos para consolidar a pretensão. Sonhar, ao menos, é de graça e não necessita de prestação de contas.

O mundo sobrenatural é uma imensa caixa de ressonância, nela se propagando e se repercutindo tudo o que é dito ou falado. Deus está muito em moda nos dias atuais. Ouve-se a todos instantes de bocas distintas e indistintas, de um para outro, ao se despedir: “Fique com Deus!”.

Pode ser até que nem seja verdadeiro aquilo que deseja quem se despede do outro. E que, quando o outro responde com um “Amém!” à despedida, pode também significar que ele não acredite no seu desejo sincero.

Por exemplo, no mundo político. Político é sincero? Via de regra, eles se opõem uns aos outros. Quase se matam. Talvez desejem isso, quem vai saber, não? Ao final, acabam quase sempre ficando entre abraços e beijos. Então, quando eles se despedem, um desejando ao outro para ficar com Deus e o outro, agradecendo, profere Amém! Um no outro: quem acreditará? Nem um nem outro, por certo!

Bolsonaro pode nem crer naquilo que afirma, pode ser até um monstro homofóbico, pode acreditar naquelas bobagens que propaga de armar a população ou de não querer assinar nenhuma demarcação de terras indígenas, mas quando dá o seu testemunho de que acima de tudo, Brasil, e de que acima de todos, Deus, ele age como admoesta o apóstolo João em 1 João 2:15-17: “Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque, tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. 

Assim, prefiramos as palavras voltadas para o bem. Nunca para o mal. A palavra bendita, por uma questão de inteligência, bom senso, facilidade, conforto, descanso e tranquilidade deve ser a preferida dos humanos.

É quase certo que ela repercutirá positivamente no mundo sobrenatural, produzindo efeitos inimagináveis.

Mais que isso, só mesmo o silêncio, com o fim de todas as verdades que precisem a qualquer custo ser ditas, dos rumores, das conversas fiadas e das intermináveis risadas e gargalhadas pelos corredores do mundo, quase sempre cercadas de conspirações e traições, abracinhos e abrações, restando atual e sempre presente a antiga e profética advertência: “Muito riso, pouco siso!”.

Alonso de Oliveira, jornalista. Foi secretário de Administração, diretor de Suprimentos e coordenador de RH da prefeitura de Americana. RG 5.209.484. E. mail: alonsoliveira@hotmail.com.    


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