O poder das mensagens

O poder das mensagens

A todo momento estamos enviando mensagens! No jeito de falar, vestir, se comportar e trabalhar. No ambiente empresarial, os funcionários também enviam mensagens seja de satisfação ou insatisfação para a organização.

Um filme que fala sobre mensagens é a longa metragem O Poço. Original “El Hoyo”. Se ainda não viu, veja antes de ler. O filme espanhol dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia e lançado em 2019 discorre sobre acordar de Goreng em uma cela prisional vertical marcada pelo número 48. Sem entender o local onde estava seu companheiro de cela explica que existem os de cima, os de baixo e os que caem fazendo referência as inúmeras celas que existem acima e abaixo do número 48 e os que não suportam a situação. Os prisioneiros poderiam levar um objeto pessoal para o presídio para lhe fazerem companhia e suportarem o ambiente hostil. O local ocupado na cela vertical e o colega de quarto mudam de forma aleatória a cada mês.

Uma mesa farta de comida, preparada pela “Administração”, é passada diariamente entre os níveis, sendo que as camadas inferiores são prejudicadas pelas superiores por não deixarem nada sobrarem. O personagem principal Goreng, fazendo referência a ideias visionárias ao livro que levara para a prisão “Dom Quixote”, sugere a divisão de recursos entre todos e propõe descer todos os níveis, distribuindo os alimentos e deixando sobrar uma sobremesa “Panna Cotta” como mensagem para a Administração.

Todos no presídio se acostumaram com a situação indicando que a mesma não pode ser mudada. Situação semelhante acontece nas empresas no qual funcionários, gestores e até diretores se acostumam com o problema recorrente e atribuem a ela uma inação. Existe uma diferença essencial entre o que é o comum e o que é normal, como diz Paulo Vieira no livro O poder da Ação. Ele exemplifica a partir do exemplo de um pai de família que já contagiado e contaminado por esses estímulos negativos comunicados pelo mundo ao seu redor chega em casa exausto, cansado, estressado depois de dez horas de trabalho e seu filho não o cumprimenta “Jovens, jovens. Jovens são assim mesmo. Vivem cada um no próprio mundo. Isso é normal”, ao passar pela sua filha que ao ouvir musica nem acena para seu pai “Filhos são assim mesmo. Cada um no seu mundo. Isso é normal. Então, no corredor da casa, ele finalmente trava o primeiro diálogo com alguém. Sua esposa, sem olhar para ele e sem entusiasmo nenhum, pergunta: “Trouxe o pão?” Dessa vez a voz fala mais forte e inquisitiva: “Nem a sua esposa se levanta para te recepcionar depois de um dia de trabalho?” E com uma resposta pronta ele fala: “São vinte anos de casamento. Você acha que as esposas vão receber seus maridos na porta com um beijinho, dizendo eu te amo depois de anos de casados? A vida é assim mesmo. Isso é normal!”

E assim continua sua vida de “normalidades” e o autor traz uma distinção muito importante:  “Nós não podemos confundir o que é normal com o que é comum”. Assim nas empresas muitos problemas são comuns, mas não são normais.

Alguns funcionários, percebendo a diferença do que é comum do não normal, assumem responsabilidades, apresentam fatos e dados e lideram projetos que visam sanar problemas estratégicos das empresas, mas muitas vezes considerados “ninhos de marimbondos”. Geralmente são projetos focalizados em problemas que a empresa já tentou tratar antes, e por algum motivo não conseguiu aprofundar ou resolver. E se acostumou a tê-lo sem ser resolvido.

Um bom gestor valoriza funcionários como Goreng, que tentam mudar o sistema, que enxergam além das situações burocráticas convencionais, e tentam passar as mensagens para a organização. Entender as "panna cottas" diárias que os funcionários enviam para a organização é uma questão de sobrevivência empresarial neste mundo competitivo dinâmico. Não preciso nem dizer que isso é “Óbvio”.


Tiago Eder Oliveira

Sou Contador. Te ajudo a buscar oportunidades de economia tributária e impulsionar o crescimento dos negócios através dos números. Especializado em Regime Especial de Tributação em MG e Processos de Recuperação Judicial.

4 a

Excelente artigo.

Eduardo Rodrigues Cruz

Mentor, Consultor e Idealizador de Treinamentos na Área Comercial do Agronegócio na Cruz Treinamentos

4 a

Thiago, perfeita suas análises e analogias com relação ao filme e ao livro. Queria contribuir que no mundo corporativo existe dois fatores adicionais que deve ser avaliados com muito critério e inteligência. Se chama Política e Poder. Um organograma funcional é muito diferente de um organograma estrutural e entender tudo isso ajuda a decidir quando ser o líder a promover a mudança e quando é hora de não provocar o sistema. Negligenciar esses dois itens é negligenciar sua carreira. É possível desafiar os sistemas, mas analisar os Stakeholders é fundamental para obter sucesso na iniciativa e no seu próprio desenvolvimento na carreira.

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