O poder do não

Todos nós queremos ser amados, reconhecidos, lembrados, mas o quão longe se está disposto ir por isso é o cerne da questão.

Tem muita gente com dificuldade ou, até mesmo, completa incapacidade de pronunciar essa palavra tão simples, curtinha e poderosa: N-Ã-O. O medo de parecer grosseiro ou antipático te faz dizer sim quando quis dizer não para depois ficar remoendo a situação desagradável em que foi parar?

Então vamos ter uma conversa sobre assertividade! É possível ser firme e sincero e ainda sim ser uma pessoa agradável e querida! Se alguém te propõem algo que não será vantajoso ou que você simplesmente não quer fazer, qual é o problema em responder: “agradeço o convite, mas não estou interessada, obrigada!” ou talvez um cortês “me sinto lisonjeada por você ter pensado em mim, mas aceitar essa proposta está fora das minhas possibilidades no momento” ? O problema está na necessidade de agradar. A maioria de nós possui um medo enorme de rejeição e acredita que negar algo, fará aquela pessoa nos rejeitar; ainda que esse “sim” nada genuíno nos desrespeite profundamente, nos cause angústia, estresse e tire o sono por algumas noites, ainda assim, boa parte de nós escolhe dizer “sim” quando gostaria de responder o contrário.

Assertividade é uma qualidade das pessoas com uma autoestima bem construída que deve ser muito valorizada. Uma pessoa sincera, que respeita a si mesma, será muito mais capaz de respeitar seus colegas de trabalho, demonstrar transparência no ambiente corporativo e, com isso, inspirar confiança. É passada a hora dessa qualidade ímpar ser exaltada, valorizada dentro das empresas e tida como um modelo que supera em muito a tão comum(e às vezes esperada) submissão às hierarquias profissionais.

Vamos pensar em dois cenários que ilustram bem meu ponto de vista:

Um gestor passa uma lista de tarefas com prazos apertados ao seu funcionário já totalmente sobrecarregado. Dentro do ambiente corporativo espera-se que esse funcionário sacuda a cabeça positivamente com um sorriso nos lábios. Mas então esse funcionário vira duas noites trabalhando sem parar, exausto comete vários erros e não consegue cumprir todos os prazos, certamente o gestor se irrita com seu desempenho e a empresa não ganha com o esse resultado tão aquém da capacidade daquele membro da equipe. Um outro funcionário, bastante assertivo e seguro de suas competências explica ao seu gestor que está com muitas tarefas e que não será possível cumprir tudo no prazo designado e, com tranquilidade, oferece até algumas soluções ou sugere que outro colega seja encarregado. É normal pensarmos no funcionário que se recusa por já estar ocupado, como um preguiçoso, sem noção e no outro completamente sobrecarregado, como esforçado, que está dando duro para escalar a montanha da meritocracia; mas no final das contas que atitude poupa mais tempo, dinheiro e estresse?

Pois é, ser sincero e dizer não na hora certa é estratégico. É uma forma de se poupar de estresse e exaustão para os momentos certos e de se preservar de ciladas que podem resultar em um filme queimado difícil de reverter.

Paremos de romantizar os sacrifícios pessoais em nome de reconhecimento e aceitação, ser agradadora é um desrespeito consigo mesma, afinal agrada-se a todos, menos a pessoa mais importante que é você mesma! Seja educada, mas diga “não”, se isso decepcionar quem está diante de você, é porque aquela pessoa criou expectativas e cada um é responsável pelas próprias expectativas, eu não tenho controle algum sobre as expectativas que alguém cria em relação a mim, cada um que resolva com seu terapeuta.

“If something is not a hell, YEAH! Then it’s a “no!”