O poder do silêncio como resposta

O poder do silêncio como resposta

Resposta à doença, resposta à frustação, à criatividade. Reserve um tempo para se ouvir. Se permita o ócio que não significa ficar sem fazer nada, mas sim, aproveitar esse tempo para construir coisas necessárias.

Estamos imersos em um caos sonoro: vozes, sons artificiais, ruídos irritantes, alertas. Existe também o estrondo das redes sociais. E mesmo quando procuramos lugares “silenciosos”, levamos o barulho conosco. Só saímos de casa com o celular. Caminhos ou trabalhamos com fones de ouvido.

Você reparou que as coisas têm evoluído no sentido contrário ao silêncio? Temos acesso fácil a todas as músicas do mundo, a podcasts e áudio books.  Insistimos em ficar no escarcéu de sons. Mas, o autoconhecimento, só acontece no silêncio. É nele que a realidade se revela como ela é, vemos os nossos vazios e medos, sentimos os desconfortos e as dores.

O aprendizado da vida só é consolidado no silêncio. Precisamos do exercício de pensar os sentimentos e sentir os pensamentos. É no silêncio que aprendemos a administrar nossas emoções como a alegria, medo, tristeza, raiva (inteligência emocional). O encontro com o divido só é possível nos "desertos interiores" “Uma voz clama: No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus”. Isaías 40:3.

No campo dos relacionamentos, sejam pessoais ou profissionais pessoais, uma palavra dita de forma impensada pode ferir mais que uma flecha, uma bala, uma surra. Às vezes, o silêncio é a melhor resposta. Mas se decidir falar, cuide para que as palavras ditas sejam mesmo melhores que a ausência delas.

Padre Fábio de Melo (youtube.com/watch?v=9sZcDDBVLjM) diz que: “Na comunicação verbal cotidiana, isso sempre acontece. Dizemos, e não somos compreendidos. Diante do impasse duas realidades são possíveis: ou alguém disse com pressa, ou alguém escutou sem atenção. Dizer e ouvir requerem silêncio. Só diz bem, aquele que pensou antes no que iria dizer, e ouve melhor aquele que se calou para escutar.”

E os danos à saúde? A neurociência indica que uma exposição continuada a níveis sonoros entre os 50 e os 55 decibéis – o equivalente ao barulho do trânsito – pode acelerar os batimentos cardíacos, aumentar a produção de cortisol (o hormônio do stress) e afetar a tensão arterial. Já o silêncio reduz a ansiedade, fortalece a memória, a saúde cardiovascular, melhora a qualidade do sono.

E como podemos nos curar?

Margot Cardoso (@margotcardoso) diz que a proposta é vivenciar o silêncio do corpo e da mente, devidamente guiado por profissionais. pode iniciar hoje mesmo uma desintoxicação do barulho, introduzindo aos poucos momentos de silêncio no seu dia a dia:

1.     Assim que acordar não ligue o celular, sente-se num canto da sua casa, respire lentamente e concentra-se na percepção do seu corpo.

2.     Depois de se habituar aos cinco minutos diários, pelo menos uma vez por semana, reserve um período para atividades silenciosas, como arrumar gavetas, por exemplo. Deixe o seu pensamento livre. Você pode se concentrar nas peças que manuseia, no espaço ao redor ou simplesmente observe os ruídos a sua volta. A ideia é a entrega silenciosa à tarefa.

3.     Incorpore o silêncio em pelo menos algumas refeições. A ideia é desfrutar da experiência em família, trocar a conversa pelo silêncio partilhado. Muitas vezes, na dispersão, nem sequer percebemos os sabores que tinham no prato.

4.     Se não podemos eliminar os barulhos; podemos minimizá-los ou reduzir o tempo de exposição a eles. Não precisamos ter sempre o rádio ou a televisão ligada, ou estar ambientes muito ruidosos. Os barulhos, mesmo que você tenha se habituado a eles, são danosos. Tornam-nos reativos e agressivos e fragilizam o nosso sistema imunitário.

5.     Experimente caminhar no parque ou fazer exercícios sem música. A ideia é escutar a vida, um exercício de atenção plena. Preste atenção ao som dos pássaros, do vento, dos seus passos, do seu batimento cardíaco.

E os benefícios não ficam por aqui. O silêncio faz uma limpeza na alma. Varre o pó que as preocupações e os problemas do dia a dia depositam sobre ela. Impulsionador do autoconhecimento, ele cura hábitos compulsivos e manias.

 Estou implementando em minha rotina, a hora do silêncio. Reservo um tempo para colocar meus textos em dia, ouvir o meu coração, desacelerar, refletir. E estou me esforçando para ampliar esse momento. Com isso, aprendi a exercitar o que talvez seja o maior de todos os meus ganhos: guardar silêncio sobre a maioria dos meus planos. A sabedoria popular nos ensina: “Aquilo que ninguém sabe, ninguém estraga.” Isso não quer dizer esconder tudo de todos e jamais buscar ajuda; tampouco significa deixar de se comprometer com alguém em relação a algo. É apenas saber quando é melhor ficar quieto.

Quer ouvir um conselho? Aproveite esse período de distanciamento social que nos foi imposto e reserve um tempo diário para “ouvir” o silêncio. Permita-se estar só, nem que por alguns minutos, na companhia exclusiva dos próprios pensamentos, e medite. Pode ser sentado na cama, no sofá, no chão. Tudo que importa é tirar esses instantes para si. Faça isso sempre que puder. Volte seus pensamentos para dentro do seu ser e reflita. Avalie o que é importante e projete na mente o que você gostaria de conquistar.

E assim, vamos juntos, falando menos e ouvindo mais, cientes de que, assim, poderemos finalmente escutar o que a vida vem tentando nos dizer.



Luana Alcantara de Lima Bartole

Analista de Recrutamento e Seleção | Recrutamento e Seleção | Headhunter

2 a

Amei muito 😍 😘

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