O primeiro passo para fugir de uma prisão é saber que você esta em uma
Tem alguns poucos anos que trabalho com a minha paixão, vocação, propósito, ou qualquer outro nome que você queria dar para quando você trabalha com o que verdadeiramente te motiva.
Fiz uma transição de carreira quando meu marido me perguntava constantemente o que me brilhava os olhos, eu não sabia na época, mas ele estava me dando uma carta de alforria da minha prisão. Aquela pergunta sem dúvida alguma abriu meus olhos para a vida que estava desperdiçando em uma empresa muito incrível e colorida, pela qual estava me dedicando para ter um emprego e carreira. Mas na qual, eu não tinha propósito.
Nessa jornada me encantei com a vida que comecei a viver e não entendia como as pessoas do mundo todo não estavam buscando pelo mesmo! Precisava fazer do mundo um lugar onde pessoas pudessem se sentir livres.
Meus atendimentos desde a época de pró-bono até os dias de hoje são aleatoriamente sobre a carreira. Essa é uma questão que perturba a grande maioria das pessoas que convivo (e demorou para que eu entendesse o porquê, mas isso fica para um próximo artigo). Já atendi pessoas na casa dos 60 que se sentem perdidos com o formato das empresas tradicionais, não se encaixam mais no mercado de trabalho. Atendi clientes que deixam suas paixões para as férias e não entendem o por que não se sentem motivados em seus empregos "formais". Clientes que ganhavam muito bem e tinham receio de trocar essa segurança pela vida dos sonhos. Clientes que patinaram de um emprego a outro e quando se viram, já passam dos 40 e não tinham "nada".
As reclamações são inúmeras. A falta de amor pelo que fazem sempre é a causa número um de insatisfação, independente de qual a consequência que isso tenha gerado.
Escolhi o título desse artigo com base em uma pequena história que li no livro da @ElleLuna assim: "Você já ouviu falar de Gurdjieff?" Perguntou um amigo. "Ele foi um mestre do século XX. Um dia, fez a seguinte pergunta para seus alunos: Se um prisioneiro que fugir da prisão, qual é a primeira coisa que ele precisa saber?" "Ele precisa saber quem é o guarda", respondeu um aluno. "Precisa saber onde está a chave" sugeriu outro. "Não", disse Gurdjieff, "A primeira coisa que você precisa saber é que está na prisão. Até descobrir isso, é impossível fugir".
Aqui em casa chamamos carinhosamente a "prisão" de "Corrida dos ratos". A Corrida dos ratos é um termo usado para um exercício sem fim, auto-destrutivo ou inútil. Evoca a imagem dos esforços inúteis de um rato de laboratório tentando escapar correndo em uma roda ou em volta de um labirinto. Demos esse nome após vermos esse vídeo "Happiness" do Seve Cutts.
Eu só me deparei com o quão infeliz eu era na minha jornada, quando descobri o que era ser feliz. (até eu me motivei com essa frase, isso por que é autoria minha kkkkk às vezes me surpreendo com o que a minha paixão pelo que faço pode fazer).
Segui alguns passos para chegar nesse momento de clareza mental que queria compartilhar com vocês.
Primeiro listei todas as coisas que amava (NA VIDA), desde meu primeiro emprego como balconista em uma loja de materiais hospitalares na adolescência no interior de Minas, até no emprego que estava naquele momento. Listei o que amava fazer no meu ambiente familiar e entre amigos. Não existe resposta boba de mais ou "nada a ver". Na minha lista tinha itens como - Falar, ouvir, ajudar, ser útil a alguém, fazer o outro feliz, ser um ombro amigo, ser de confiança e por aí vai -.
Segundo, listei o que tinha de habilidades até aquele momento, como conhecimentos técnicos e experiências de vida. Já tinha minha faculdade (que havia feito apenas para seguir o fluxo e ter uma faculdade antes dos 25 anos). Tinha alguns cursos de desenvolvimento pessoal que havia feito para me desenvolver como pessoa (achava o tema muito interessante) e também coloquei algumas experiências profissionais.
Terceiro, listei todas as habilidades que gostaria de ter para fazer mais e melhor o que eu amava. Precisa de mais conhecimento técnico e mais ferramentas para ajudar pessoas. Queria fazer através das minhas palavras e conhecimentos que as pessoas saíssem de uma conversa comigo melhor do que entraram. Mesmo ainda não tendo ideia do que seriam essas conversas.
Depois alinhei como gostaria que fosse a minha vida. Pretendia ter filhos e na época, devido a ENORME carga horária, mais o tempo que passava no trânsito delicia (só que não) de São Paulo eu quase não conseguia dar atenção para o Tutu, meu cachorro carente. Imagina com filhos?! Eu definidamente gostaria de uma vida flexível, no qual eu trabalharia muito, mas poderia fazer minha agenda e trabalhar de onde a vida me levasse.
Esse aí é o Tutu trabalhando comigo. Aproveito o home office para colocar ele para me dar uma patinha a mais.
Quinto, vivemos em um mundo capitalista. E apesar de achar que a vida não é só pagar boletos, não vivo em um mundo utópico que boletos não fazem parte. Seu trabalho tem que te pagar. Então listei possíveis profissões ou formas de ganhar dinheiro com todos os itens que já tinha listado. Cheguei em 3 possíveis profissões, nas quais sabia que qualquer uma me deixaria feliz. (Mestrado pra dar aulas em faculdade, fazer faculdade de psicologia ou fazer uma formação em coach).
Escolhi meu caminho e com o tempo fui estudando mais sobre o tema e coloque alguns itens a mais nessa busca por viver do que se ama. A primeira é que você tem ser colaborativo, sua vocação deve servir ao mundo de alguma forma, pode ser como o @RobertoTranjan descreve e ter chama e chamado, ou como @IchiroKishimi e @FumitakeKoga dizem na tríade da felicidade de Alfred Adler, devemos ter o sentimento de comunidade (sentimento de troca).
Outro ponto importante é que você deve perseguir o sentimento de preenchimento de energia, deve terminar um trabalho com o sentimento de "Quando é o próximo mesmo?!" e não com aquela carga negativa de UFA acabou! Se você não está se sentindo dessa forma, aconselho que analise os pontos anteriores na sua vida.
Por fim, esse artigo é uma forma de agir. Como Sartre disse "agir é uma forma de modificar o mundo". Espero que você que leu até aqui tenha o seu mundo um pouco mais modificado e comece a agir para sair de sua prisão (se é que está lá)!
Obrigada por ser chamado na minha chama.
Técnico de Suporte Pleno
5 aParabéns pelo artigo realmente precisamos de pessoas assim passa conhecimento, e nos motiva.
Especialista de RH | People Designer | Talent | Employer Branding
5 aRaquel, que artigo é esse?! Tô sem palavras para descrever o quanto me identifiquei, pois segue uma linha de raciocínio que já estava na minha mente (e coração) mas que eu não tinha tantos argumentos para concluir esse passo na minha vida. Obrigada por ter escrito esse artigo com o sentimento de comunidade, pq realmente me ajudou e muuuuito! 😍🙏💞
Customer Success | Onboarding na Callix
5 aArtigo maravilhoso! obrigado pela lucidez trazida.
Gerente de Gente e Gestão na Nutriplant Indústria e Comércio SA
5 aÓtimo artigo! Estamos definitivamente saindo da corrida.