O Processo Seletivo e o Futebol

O Processo Seletivo e o Futebol

Oi, pessoal! Tudo bem por aí? Essa semana vamos falar sobre processos seletivos e futebol, considerando a escalação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo no Catar, que já está aí, batendo na porta.

Mas, olha: se você não gosta de futebol e já está aí prontinho pra torcer o nariz pra mim, vou te pedir um voto de confiança. Lembra do texto em que falamos sobre o Rock in Rio? Então, a pegada de hoje é a mesma, vamos conversar sobre o que está acontecendo pelo olhar do RH. E, não se engane: as semelhanças são muito maiores do que você pode imaginar. Vambora!

Antes de falar mal do Tite, calma, vamos conversar

Quer você tenha acompanhado o anúncio dos jogadores convocados para a Seleção ou não, já deve ter visto notícias e uma enxurrada de memes criticando a convocação do jogador Daniel Alves e a não-convocação do Gabigol. Certo? Pra gente não se estender demais, vamos focar apenas no Daniel Alves durante nossa análise aqui. Até porque eu sou Flamengo e pra mim o Gabigol não ser convocado é um CRIME. E isso não tem como discutir no RH sem o Jurídico. Ahahahaha! Brincadeiras à parte, vamos lá.

Pra começar, o cara tem 39 anos. Um jogador de 39 anos irá vestir a tão desejada camisa amarela brasileira na Copa do Mundo, quase que com certeza pela última vez em sua carreira. Mas, e aí? Você consegue olhar para além da idade do jogador? Consegue olhar para além da idade do candidato?

No futebol, assim como no mercado de trabalho de maneira geral, um candidato é escolhido pelo conjunto da obra, e não somente por uma ou outra característica isolada. E, certamente, a idade não deveria ser um fator determinante para essa escolha.

Ah, Letícia, mas ele não foi bem em suas últimas experiências também. Veja como são as coisas… O Daniel Alves é o jogador mais vitorioso da história do futebol, tendo conquistado cinco títulos pela Seleção Brasileira, incluindo a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, superando Messi e CR7. Isso não vale nada, gente?

O que leva um técnico a escolher determinado jogador?

Como eu disse, um  jogador é escolhido pelo conjunto da obra. Pela sua potência, dentro e fora das quatro linhas. Além de potência e força, é preciso ser capaz de olhar o jogo e entender as oportunidades em campo para promover uma partida mais bem pensada e bem articulada. E que obra tem o Daniel Alves, cá para nós.

Não é raro vermos as pessoas dizendo que uma determinada jogada deu certo porque fulano levantou a cabeça, olhou o que tinha diante de si, escolheu para onde iria lançar e meteu a bola no pé do companheiro, que estava em posição legal e foi capaz de fazer um golaço.

Não adianta o jogador ter o melhor físico, ter mais capacidade respiratória ou poder de arranque. O jogador tem que pensar antes de lançar a bola, tem que olhar o jogo, e perceber como pode jogar melhor, onde estão as melhores oportunidades e como pode fazer as melhores jogadas.

A preleção é dele, sem dúvidas. Ele vai organizar e responder nas coletivas. Ele é a mente da Seleção. Ser vitorioso passa por isso. É uma orquestra, cada um tem seu papel definido e afinado, ninguém percebe onde começa qual som.

Tem uma frase do manifesto da Nike de 1980 que é assim: seu trabalho não está feito até que TODO O TRABALHO esteja feito. É esse sentimento que eu tenho olhando para esta escalação. E que jogada a do Tite! Podemos perder sim, ter um novo 7x1, mas agora eu duvido que o capitão do time vire as costas para uma cobrança de pênaltis, como fez o Thiago Silva em 2014. Agora tem um líder na casa. 

O que leva um gestor a escolher determinado candidato?

Estamos falando de praticamente a mesma coisa, em âmbitos diferentes. Não adianta o candidato ter o melhor currículo, inglês fluente ou ter estudado em instituições de ponta. Isso é importante, sim, mas não basta!

O candidato tem que ser capaz de demonstrar competências técnicas e comportamentais, tem que ter tido experiências que lhe conferem a robustez prática e o principal, tem que ter a capacidade de olhar para a empresa como um todo e conseguir propor ações que levem ao êxito de suas operações.

Então neste caso, a idade importa sim, mas não da maneira como muita gente pensa. Para ter este conjunto de atributos o candidato não pode ter nascido de 2010 para cá. Não deu tempo. Não maturou, não praticou e não errou. Gênios nascem todos os dias, mas poucos se revelam. O que incomoda, então, na convocação do Daniel Alves?

Para além das quatro linhas

Como estamos fazendo um paralelo entre as habilidades de um jogador de futebol e um profissional de qualquer outra área que seja, vou destacar aqui o que está para além das quatro linhas, que é o que esse jogador representa e significa para seus companheiros de time e para os resultados da empresa, que é a seleção.

Daniel Alves tem o que poucos jogadores têm: alegria genuína, liderança, seriedade, profissionalismo. Ele não tem desejo de ser estrela, porque sabe que já é. É um fenômeno, sem ser “o” fenômeno. Tem orgulho de vestir a canarinho. Tem raça e bate no peito. Corre atrás, se reinventa e não tem medo de passar aos demais suas experiências. Ele dá a cara a tapa: é o “goodcrazy” da galera. Quem não quer um líder assim?

Veja só o que eu disse: Daniel Alves pode não ser o capitão, mas com certeza é o líder. São coisas diferentes. Mas, e na empresa? É a mesma coisa! Todo gestor gosta de pensar que tem o time dos sonhos, ou seja, uma seleção campeã, mas quantos estão realmente atentos para escalar líderes, para além dos capitães?

Para ter um time que conquiste resultados de maneira consistente, é preciso ter essas duas funções, os dois perfis. Ou você abre mão de ter um gerente para ter um analista muito bom?

E tem outra coisa: os jogadores que estão em campo são importantes, sim, mas eles não chegam lá sem uma baita estrutura por trás que inclui médicos, preparadores físicos e equipe de apoio. Ninguém vence sozinho! São 26 + 214 milhões de brasileiros. 

Agora, pense na sua empresa. Olhe para o seu time. Você consegue ver quem joga junto, quem tem desejo de se destacar (muitas vezes a qualquer custo), quem oferece apoio e compartilha conhecimento com generosidade? Sabe dizer quem é o líder e quem é o capitão? Você consegue ver?

Se não consegue, precisa fazer esse exercício pra ontem! Como RH, você pode estar perdendo um Daniel Alves por mês por achar que ele está velho demais para o trabalho, e principalmente por não dar crédito a tudo o que ele pode fazer pela empresa, especialmente pela molecada que está saindo das fraldas e precisa de um líder - muito mais do que de um chefe - para se desenvolver.

“O Novo RH” vai ao ar toda quinta-feira! Eu espero você na semana que vem pra gente conversar mais sobre tudo o que é importante no universo dos recursos humanos. Até lá!


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