O Professor como adulto em Formacao
O professor como adulto em formação
Anamarija Mrinovic PhD Centro de Literaturas e Culturas Lusofonas e Europeias da Universidade de Lisboa
RESUMO: Este trabalho abrange vários temas relacionados entre si, começando pela formação contínua, formação de adultos, a posição do professor no processo da sua própria formação, as consequências que a formação contínua do professor tem no seu desenvolvimento pessoal e profissional. Uma das palavras mais importantes é justamente “desenvolvimento”, o que nos permite ver a profissão docente como um processo dinâmico, activo e criativo que contribui tanto para algumas mudanças no ensino, como para a mudança de perspectiva e da ideia que se tem da educação. Palavras-chave: formação contínua, formação de adultos, desenvolvimento pessoal e profissional, socialização, professor como adulto em formação A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores. Mia Couto O Outro Pé da Sereia Introdução O facto termos colocado como lema deste trabalho uma citação literária não é circunstancial, nem aleatório, mas está relacionado com vários níveis e perspectivas de desenvolvimento e aperfeiçoamento pessoal e profissional. Imaginar qualquer carreira e, sobretudo a profissão docente como uma viagem em que se ultrapassam os nossos limites interiores não é simplesmente uma bonita visão idealista do mundo, mas também uma das exigências que se coloca ante os professores actuais, tendo em conta que mudaram tanto as condições de ensino, como as necessidades dos alunos, e que do mesmo modo, mudaram o lugar e o papel social do professor. O professor já não é visto pura e simplesmente como formador, mas cada vez mais se torna um adulto em formação, devendo, desta forma, contribuir para o melhoramento do ensino e das práticas pedagógicas e também aprofundando o seu próprio crescimento e enriquecimento cultural, científico e pessoal. Partindo destas hipóteses, é preciso introduzir os conceitos da formação contínua, formação de adultos em oposição da formação das crianças, o papel do professor neste processo e as possíveis influências dum professor formado desta maneira e o seu trabalho na sociedade actual. A formação contínua, definição e os seus objectivos na área da docência
Embora a formação inicial também seja importante no percurso de vida pessoal e profissional de cada professor, neste trabalho deter-nos-emos mais na explicação do conceito da formação contínua dos professores, porque na actualidade ela é vista como um dos imperativos na profissão docente. Um professor, como indivíduo e agente social é obrigado a ter cada vez mais conhecimentos e características positivas de forma a contribuir para a mudança do ensino e formação dos alunos como cidadãos úteis e produtivos na sociedade de hoje. Do professor exige-se que seja interactivo, reflexivo, crítico, que saiba lidar com os problemas da turma, que tenha em consideração as necessidades particulares de cada aluno, que esteja bem socializado, que tenha a sua própria identidade e estilo profissional. Uma das possíveis propostas para o formador tentar atingir todos estes objectivos é a formação contínua. Este conceito é definido de várias formas, e a que nos pareceu mais apropriada para este trabalho é de García Álvarez “A formação contínua é a actividade que o professor em exercício realiza como uma finalidade formativa - tanto de desenvolvimento profissional como pessoal, individualmente ou em grupo, para o desempenho eficaz das suas tarefas actuais, ou que o prepara para o desempenho de novas tarefas.” Analisando bem a definição veremos que as palavras-chave são: “finalidade formativa”, “desenvolvimento profissional e pessoal”, “desempenho eficaz das tarefas”, o que nos leva a pensar sobre os seus objectivos principais. Do ponto de vista da formação contínua, (Demailly, 1992,153-154) as competências e saberes que um formador deve desenvolver são as seguintes: competências éticas, porque o professor transmite aos alunos certas ideias e valores morais, os saberes científicos e críticos, saberes didácticos, saberes e saberes-fazer pedagógicos, competências dramáticas e relacionais e competências organizacionais. Para se conseguir tudo isto, propõem-se vários modelos, técnicas e estratégias e a formação contínua pode representar, por um lado, um grande desafio para os formadores e por outro, pode ser uma tarefa demasiado exigente e até exaustiva, sobretudo para os professores duma certa idade e experiência, que por diversos motivos se opõem às mudanças no ensino e na sociedade. Formação de adultos Quando se começa a falar sobre a educação, formação ou ensino dos adultos, em seguida tem-se em consideração a oposição do ensino das crianças. Tendo em conta o público-alvo, o formador deve pensar em métodos e técnicas que deve usar na sala de aula para interessar ou motivar os seus formandos. Nomeadamente, na área de ensino de línguas, existe uma ideia geral que as crianças têm uma maior capacidade de aquisição, enquanto o público adulto está mais inclinado para a aprendizagem de línguas estrangeiras e por isso tanto os materiais de ensino, como a maneira de ensinar devem ser diferentes. No caso da formação dos adultos, um conceito importante são as suas necessidades, isto é que conjunto de conhecimentos lhes devem ser fornecidos, em que situações e com que finalidades (Lesme, 1984, 15-16). “A aplicação de meios pedagógicos (métodos ou técnicas) supõe escolhas implícitas ou explícitas de ordem ideológica ou teórica, mas faz-se em condições determinadas de realização”. Dado que a formação de adultos tem de ver o formando como membro de uma sociedade, como cidadão com todos os direitos e deveres que lhe são atribuídos, muitas vezes é difícil para o formador escolher a forma de ensino mais adequada ao papel do seu aluno adulto. A formação já não é vista pura e simplesmente como uma maneira
institucionalizada de ensinar e aprender,” (ibidem, 22) mas como um instrumento de ajudar os formandos a reconhecerem e construírem a sua “identidade social e cultural específica, em relação ao meio em que se acha colocado A questão da identidade e o processo da socialização são muito importantes para serem consideradas ao nível da educação dos adultos. A formação de adultos ajuda-os a socializarem-se melhor num determinado ambiente, mas não é a única que serve para esse objectivo, porque o contexto familiar, social e cultural onde um indivíduo vive também são factores decisivos no domínio da socialização. Cada pessoa tem alguns valores, atitudes, crenças, ideias, hábitos e com isso pode influenciar os outros e cada formação tem um significado dentro da sociedade e subentende um certo grau de adaptação do indivíduo às normas existentes. O adulto em formação não é simplesmente um receptor passivo de influências e orientações de todos lados, ele tem a sua própria vontade, e como tal, decide activamente como sujeito até que ponto vai participar no processo da socialização e da formação e em que medida vai ser um bom actor social que desempenha um determinado papel dentro da sua comunidade. A formação de adultos tem de se dirigir à resolução de problemas concretos de vários domínios da vida quotidiana (problemas culturais, económicos, educacionais etc.). Para isso, é decisivo o tipo de relação que se cria entre o professor e os seus formandos. Não a podemos reduzir a uma mera relação de ensinantes e aprendentes, porque um formador não fala só da disciplina em questão, mas também transmite os seus valores, as suai ideias e pensamentos que ele considera valiosos. Tendo todos estes factores em conta, um conceito que nos surge logo, relacionado com a área da formação e adultos é o assunto do poder, em primeiro lugar porque entre o formador e o foramndo existe sempre uma relação de superioridade ou subordinação. Em segundo lugar, o formador pode utilizar a sua autoridade para manipular os formandos, para introduzir normas e comportamentos que numa situação normal tal vez sejam difíceis de aceitar. As atitudes que o formador toma em determinados momentos e situações podem influenciar o formando, seja positiva, seja negativamente, de forma a o formando poder desejar a continuar com o seu desenvolvimento, ou desistir e abandonar a formação. Qual é o passo que o formando vai tomar depende de vários factores: factores afectivos, motivação extrínseca ou intrínseca do formando, os objectivos que ele deseja atingir mediante a sua formação. PROFESSOR COMO ADULTO EM FORMAÇÃO A sociedade actual e o ritmo de vida mais acelerado impõem várias visões novas de muitas profissões e a carreira docente também se vê afectada. Parece que para se ser professor, já não bastam só conhecimentos da matéria e exigem-se muitas outras qualidades: o espírito crítico, a capacidade de se abrir a novas correntes sociais, o desejo e a necessidade de progredir, a capacidade de descobrir as necessidades dos alunos, a criatividade etc. No processo da formação dos professores, um professor é um adul em formação, é ao mesmo tempo formador e formando. Já não é suficiente o ser professor, o que se pede também é o saber ser professor. Quais são as competências e saberes que um professor deve ter para “saber ser professor”? Esta questão é muito complexa e não se pode responder em uma só palavra, porque as novas exigências da sociedade são muitas. O professor deve saber lidar com os problemas disciplinares, enfrentar os interesses dos alunos, partilhar os seus conhecimentos, ajudar o aluno a fazer pesquisas por si próprio, ser sociável, ter sempre uma solução possível para as situações em que se
encontra... No entanto, se fosse tão fácil juntar todas essas qualidades, o número de professores no mundo seria muito maior. Ao longo da sua formação, um professor constrói a sua identidade, passa por períodos de dúvidas, pergunta-se se é capaz de resolver todos os problemas da sala de aula, se vai poder responder a todas as exigências da sua profissão, se os conhecimentos e habilidades que tem vão ser suficientes para satisfazerem os alunos e auto-avalia –se. Por isso, não são poucos os professores que desejaram abandonar o seu estágio de formação ou, de facto, abandonaram-no num certo momento, porque consideraram que não podiam orientar-se bem no seu novo papel. De acordo com a informação recolhida do seguinte site o site[1], existem professores que estão contra a aprendizagem centrada no aluno, e defendem o sistema tradicional, porque o docente deve saber melhor que é o que os alunos precisam de saber, porque os alunos devem saber aquilo que é realmente importante para a sua carreira futura e porque a abordagem tradicional forma pessoas mais competentes. Esta hipótese também é discutível e tem os seus prós e os seus contras e demonstra mais uma vez toda a complexidade da profissão docente. Além de o professor adquirir a sua própria identidade, também procura um certo reconhecimento, por parte dos alunos e dos colegas de trabalho A seguinte afirmação que iremos citar (Dubar, 1991, apud. Carrolo 1997) serve para ilustrar este desejo do professor. Não basta que eu me considere competente, é necessário que os outros me reconheçam como tal. Para obterem o dito reconhecimento, alguns professores optarão por publicar trabalhos científicos, outros se concentrarão nas relações interpessoais, outros focarão o seu interesse no desenvolvimento profissional, adquirindo cada vez mais novos conhecimentos. O comportamento do professor depende até certo ponto do comportamento dos alunos e do perfil da instituição em que trabalha. Se for uma escola ou universidade pública, vai se comportar de forma diferente duma escola privada, se for uma instituição mais tradicionalista, terá de se adaptar às normas ali existentes, se se tratar duma instituição mais liberal, também serão exigidos certos padrões de comportamento. Por isso, pode dizer-se perfeitamente que um professor é um verdadeiro adulto em formação. Para a sua formação existem vários tipos de estágios, ao longo dos quais o professor aprende a integrar-se no grupo, a interagir com os outros, a dominar certos saberes etc. Uma boa ilustração do papel do professor como adulto em formação e da continuidade desse processo é a seguinte citação: (Carrolo, 1997): “Professores formadores formam futuros professores, cuja profissão é formar alunos”. Aqui o verbo-chave é formar, o que implica a grande responsabilidade que se coloca perante um professor, tanto na sua própria formação, como na formação dos outros. A formação dos professores tem duas dimensões: a teórica, em que o professor aprende aquilo que está relacionado com a matéria que vai dar na sala de aula , e prática ou pedagógica, denominada também como campo de investimento profissional, onde se juntam a dimensão pessoal e profissional desta carreira. Ao longo da formação é importante também analisar o estilo pessoal de cada professor (como começa e acaba a aula, se se desloca, se o tom da sua voz varia durante a aula, se utiliza humor, se utiliza as situações da vida real como exemplos, se está nervoso quando fala para a turma.):
Até que ponto os estágios de formação ajudam os professores a terem a sua própria identidade, pode se ver analisando casos em particular. Muitas vezes, sobretudo os professores mais jovens e com pouca ou nenhuma experiência na área da docência sentem-se mais como alunos e não como professores, o que implica por vezes falta de segurança ou de autoridade na sala de aula. Outros, no entanto têm uma excelente capacidade de adaptação ao sistema escolar e às situações na sala de aula e podem “tornar-se” professores com mais facilidade. (Carrolo, op.cit.). As partes teórica e prática permitem que os formandos evoluam mais rapidamente porque a sua formação é mais abrangente e dá para se observarem diversas perspectivas do seu desenvolvimento. Os modelos do desenvolvimento do professor têm de se focalizar no estudo de várias mudanças no seu desenvolvimento individual e profissional, desde o momento do início da carreira até a reforma. O professor como adulto em formação passa por várias fases ao longo da sua carreira, que dependem muito de diversos factores: da personalidade, dos motivos pelos que alguém decide dedicar-se à docência, dos conhecimentos que cada professor tem, da paciência e vontade de resolver os problemas na sala de aula, da idade e experiência profissional etc. As etapas pelas que os professores passam ao longo da sua carreira variam e nem todos os professores têm de passar por todas elas: desde a sobrevivência e descoberta até ao desinvestimento. (Loureiro). Se alguém decidiu ser professor só porque fez o curso de Letras e porque não conseguia encontrar outro emprego estável, é muito provável que fique desiludido logo no início da carreira e que se recuse a fazer qualquer tipo de formação que contribua para o seu desenvolvimento. No entanto, existem casos em que uma pessoa nunca tinha pensado na possibilidade de ser professor, mas os estágios de formação ajudaram para ela se encontrar no ensino e para se orientar bem no papel de ensinante. Existem também situações contrárias em que uma pessoa, no início da sua carreira mostrava um grande entusiasmo na sala de aula, estava disposta a estudar e aprender e crescer por dentro, a todos os níveis, mas que, com cada ano que passava ficava cada vez mais desiludida e com dúvidas acerca do valor do seu esforço e do seu trabalho. Dentro das fases do desenvolvimento os professores têm de se preocupar com satisfazer diversos critérios que consideram importantes para o exercício da sua profissão: adquirir o rigor científico, relacionar-se bem com os colegas e alunos etc. e durante toda a carreira têm de tentar corrigir os seus defeitos o convertê-los em mais-valias .Por exemplo, um professor pode ser rigoroso, mas consegue manter a disciplina na sala de aula. A seguinte questão que se levanta é o prestígio da profissão docente na sociedade e se essa profissão é ou não adequadamente remunerada. Se um professor estiver mal remunerado e não tiver condições para viver do seu ordenado, não terá vontade de continuar a formar-se, porque pensará que o seu esforço não vale a pena. Igualmente, se a escola ou a instituição em que trabalhe não lhe oferecem possibilidades para seguir com a formação, o professor, que é ao mesmo tempo formador e formando, ficará desmotivado e até frustrado porque não poderá satisfazer todas as exigências que a nova sociedade lhe impõem. A educação é vista como uma possibilidade de se diminuírem as discriminações e exclusões sociais, por isso o Estado tem de investir a verba necessária também na formação de adultos e professores como adultos que se formam. Quanto mais competente e realizado a todos os níveis for o professor, supõe-se que tanto melhor será o
sistema do ensino e a própria sociedade. Esta constatação pode parecer demasiado idealista e impossível de se cumprir, mas os trabalhadores na docência têm de a ter em conta porque se dirigem aos formandos (sobretudo formandos adultos) não apenas como a receptores passivos duma determinada disciplina, mas também como a futuros agentes sociais. “A formação de educador de EJA[2]segue, ainda com outro pressuposto, o de despertar num contexto de formação a consciência crítica no educando em uma proposta pedagógica que valorize o saber popular, a identidade construída e possibilidade de reconstruir novas práticas educativas a partir do saber já elaborado.” (Balem, Internet). Como vimos desta citação, não é só o professor quem deve ter o espírito crítico, mas também o aluno. Um professor satisfeito com a sua formação, bem socializado, motivado e contente no trabalho pode mais facilmente estimulara discussão e partilha de opiniões dentro da sala de aula, enquanto o professor cujo estágio não correu de acordo com as suas expectativas, provavelmente não terá paciência nem desejos de aplicar algumas das estratégias que lhe foram ensinadas ao longo da formação. Para se garantir o melhoramento do ensino, em vários países da União Europeia organiza-se a avaliação dos professores e da sua formação, tanto inicial como contínua e tem em conta tanto as necessidades dos alunos, como as dos professores e da própria escola. Esta avaliação é feita através das visitas ao local de estudos, através dum projecto escrito ou um relatório feito pelo professor-formando e deu resultados positivos na Bélgica, Suécia, Dinamarca etc. LIMITAÇÕES E DESVANTAGENS DESTE TIPO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Como todas as actividades humanas, a docência e a formação de professores têm o seu lado positivo e negativo. Desta forma os estágios que alguns professores frequentaram por várias razões às vezes não deram os resultados esperados. Em que medida um estágio vai ter sucesso, depende também das características pessoais de cada formando. Um dos possíveis defeitos deste tipo de formação é que exige muito tempo, esforço e dedicação do formando e nem sempre garante êxito, porque por vezes aquilo que foi aprendido ao longo do estágio não corresponde com a realidade. Em segundo lugar, um professor pode frequentar muitos cursos, ler, actualizar-se, trabalhar para ser cada vez melhor a diversos níveis, mas se não tiver nenhuma espécie de reconhecimento (de tipo moral, intelectual ou material) ou se os seus alunos não mostrarem interesse nenhum na sala de aula, o mais provável será que ele deixe o seu aperfeiçoamento, ou que em algum momento da vida se pergunte por quê e para quê ele estava a fazer isso tudo, para quem foi útil todo o esforço que fez e todo o tempo e dinheiro que investiu na sua formação. Outra das desvantagens reais é que os governos de muitos países não podem ou não desejam fazer investigações no domínio da modernização, mudança ou melhoramento do processo do ensino e muitas vezes não sabem quais são as verdadeiras necessidades dos formadores e dos formandos, e com isso não podem organizar cursos nem estágios apropriados para eles. Como não existem nem estágio de formação, nem estagiário ideais, muitas das características realmente positivas destes programas ficam e ficarão no domínio do “dever ser” e talvez nunca passem à prática na sociedade real e nas escolas reais. CONCLUSÕES:
Ao longo deste pequeno trabalho vimos que a sociedade mudou e que com as mudanças sociais, económicas, políticas e culturais as exigências no domínio da docência são também cada vez maiores e mais complexas, e por isso o papel do professor deixa de ser considerado fácil e simples, porque ele deve ter cada vez mais competências, conhecimentos, características positivas tanto ao nível pessoal, como interpessoal e profissional. Deve saber lidar com muitos problemas que os professores tradicionais também tinham, só que os resolviam doutra maneira, se calhar mais rigorosa, se calhar mais superficial, ou se calhar mais antiga. Claro está que alguns dos professores do sistema antigo também tinham o desejo de continuar a desenvolverem-se, liam, actualizavam os seus conhecimentos adquiriam outros etc, só que na sua época não se utilizavam os termos “formação contínua”, “formação inicial”, “professor como adulto em formação” e outros hoje em dia tão actuais e indispensáveis. Na época de cinquenta ou mais anos atrás não se dedicava tanta atenção às perspectivas da educação como enriquecimento e desenvolvimento pessoal ,tanto do professor, como do aluno porque a escola e a universidade foram vistas como instituições onde se aprendiam as matérias e alguns valores e ideias que o professor considerava úteis para a turma toda, se ter em consideração as necessidades particulares de cada aluno. Hoje em dia tenta-se focalizar mais o dinamismo do processo de (auto) formação às vezes sem se prestar muita atenção nas dificuldades reais que este tipo de processo leva consigo. Para finalizar, o processo de educação é um constante enriquecimento, um permanente crescimento, um desafio, um convite a amadurecermos junto com os nossos alunos, uma forma de tentarmos ultrapassar os nossos limites, e apesar de todas as desvantagens deste tipo de formação, todo o esforço é útil e todo o trabalho na auto-educação e na educação dos outros vale a pena, e mais tarde o mais cedo dará resultados, que talvez não sejam visíveis no momento em que os esperamos, mas se calhar no futuro seremos mais conscientes deles. “A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores.” Até que ponto nós, professores como adultos em formação e eternos alunos somos e seremos capazes de compreender e cumprir esta frase? Para ela não ficar sem resposta, temos de fazer tudo o que for ao nosso alcance de nos desenvolvermos, porque o ensino dos outros é uma grande responsabilidade. A nossa também. Bibliografia: a) Estudos a obra literária citada: CARROLO, Carlos (1997) Formação e Identidade profissional dos Professores in. M. Teresa Estrela (org.) Viver e construir a profissão docente, Porto: Porto Editora CHANTARAINE-DEMAILLY, Lise (1992) Modelos de Formação Contínua Estratégias de Mudança in: A. Nóvoa (org.) Os Professores e a Ssua Formação, Lisboa, Publicações dom Quixote COUTO, Mia (2006) O Outro Pé da Sereia, Lisboa, Caminho LESME, Marcel (1984) Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos. Elementos de Análise. Lisboa, Fundação C. Gulbenkian
LOUREIRO , Mª Isabel o Desenvolvimento da Carreira dos Professores b) artigos da Internet e páginas web: BALEM, Nair Maria, a educação de jovens e adultos pontuando imagens sobre a docência, PDF FONTES, Carlos Formação Contínua dos Professores, Últimas décadas, PDF MOREIRA, João M. (1991) Desenvolvimento Profissional dos Professores: Acepções, Concepções e implicações, PDF http:// www.euridice.pt/ a garantia da qualidade da formação na Europa, PDF http: // www.serprofessoruniversitario.pro.br [1] www.serprofessoruniversitario.pro.br O site foi consultado pela última ez no dia 27 de Agosto de 2012 às 18: 16 [2] Educação de jovens e Adultos (N. da A)