O Profissional do futuro
Após a intervenção na feira emprego.co.mz onde abordei o tema o “Futuro do Trabalho”, no dia 6 de Junho de 2019 tive a honra e o prazer de me dirigir a estudantes finalistas e recém formados da Universidade Eduardo Mondlane e a Profissionais de Recursos Humanos por ocasião do 1º ano do RH Fórum Moçambique. Uma oportunidade única à qual estou grato à Marlene de Sousa pela confiança e oportunidade que me foi concedida.
Acredito que é importante fazer-se uma reflexão contínua em relação a um tema que vem despertando uma certa preocupação em todos nós como profissionais do agora e profissionais do futuro.
Falar acerca do profissional do futuro implica olhar para o panorama atual daquela que é considerada a 4ª Revolução Mundial, também conhecida como Inteligência Artificial (IA), a qual se estima que aumente em 40% a produtividade organizacional. Até 2021, é esperado que a IA recupere mais do que 4 biliões de horas em produtividade de trabalho e, em 2022,estima-se que 1 a cada 5 pessoas dependa de IA para executar tarefas rotineiras.
Em relação às nossas crianças que hoje se encontram na escola, prevê-se que 65% delas irão ocupar postos de trabalho ainda inexistentes.
A Amazon aumentou em 100% o número de robôs que fazem o despacho das ordens de encomenda nos seus armazéns.
Mas, o que ganhamos em ficar desesperados em relação a um futuro que desconhecemos?
Qual é o outro lado da moeda?
Em primeiro lugar, é importante que tenhamos em mente que a substituição do Homem por máquinas já acontece há décadas. Contudo, hoje, devido ao desenvolvimento tecnológico que temos ao nosso dispor, permite-nos ter dados estatísticos e projeções muito mais apuradas.
Em segundo lugar, e consoante um estudo feito pela Gartner, é certo que 1.8 Milhões de postos de trabalho irão desaparecer até o período entre 2020 e 2021. Mas, por outro lado, 2.3 Milhões de novos postos de trabalho irão surgir.
Em terceiro lugar, e tomando como exemplo a medicina que é uma das áreas onde se vem registando o maior avanço tecnológico em IA e Robótica para diagnóstico apurado e cirurgia de precisão, será que podemos concluir que os médicos deixarão de existir ?
Para finalizar este outro lado da moeda, é importante mencionar que
avanço tecnológico, inovação, robótica, tudo isto é criado e mantido pelo Homem, pelo que a humanidade continuará a ser imprescindível. A diferença é que hoje se espera um maior e melhor investimento, focado nas novas vertentes, um aprendizado mais rápido, e uma aplicabilidade imediata.
A ideia de usar a tecnologia para criar um Mundo melhor é fantástica.
A ideia de usar a tecnologia sem olhar a meios para atingir os fins é discutível, e temos o recente exemplo da Boeing para comprovar este facto.
Então o que me preocupa?
Preocupa-me que com o avanço tecnológico, o volume de informação que consumimos e o Mundo cada vez mais competitivo em que vivemos, estejamo-nos a tornar autênticos robôs humanos, sem sentimentos, e no limite de uma exaustão física e mental.
Preocupa-me o constante foco das lideranças de topo no lucro, receitas e dividendos sem olhar para o principal pilar da organização – As pessoas.
Preocupa-me que as organizações estejam a perder a oportunidade de criar uma história, cujo significado seja adequado à realidade do Mundo de hoje para que, principalmente em momentos de dificuldade, esta história continue a inspirar os seus colaboradores, os seus parceiros e os seus clientes.
Ao olharmos para o profissional do futuro, este deverá perceber que skills técnicos têm prazo de validade reduzido, e consoante o relatório do Fórum Económico Mundial, o profissional do futuro bem sucedido deverá possuir 10 competências pessoais, dentre elas, criatividade, inteligência emocional e gestão de pessoas.
Na minha visão, acredito que igualmente importantes serão a
flexibilidade, adaptabilidade e resiliência,
pois é esperado que este profissional não tenha somente um único emprego ou uma única função dentro da mesma organização, devendo o mesmo ter capacidade de adaptação a uma constante reinvenção de novos modelos de negócio e novos processos de trabalho.
Citando Alvim Toffler, escritor e futurista Norte Americano,
o Profissional do futuro é aquele que terá a capacidade de aprender, desaprender e reaprender, pois 80% do conhecimento adquirido há 1 mês atrás corre o risco de desaparecer se não for aplicado na prática.