O propósito é uma arte. Precisa emocionar.
Sua comunicação pode ser um espetáculo também.

O propósito é uma arte. Precisa emocionar.

Uma das crianças em cima do palco nesta foto é minha filha caçula, Aurora, na parte final do espetáculo "Cinderella", a apresentação anual dos alunos do Estúdio Ballet Cisne Negro, que aconteceu no final de outubro em São Paulo. Dou uma dica: ela é um passarinho.

À frente estão os ratinhos, depois as abóboras, gatinhos e cavalinhos. Ao lado, uma fada. Na carruagem, a protagonista. Mas no backstage, ainda aguardavam primaveras, verões, outonos, invernos, príncipes, dançarinas de flamenco, de música indiana, street dance, jazz, irmãs malvadas e, claro, a madrasta, por sinal, excelente bailarina.

Como um pai babão, o que é absolutamente esperado em eventos desse tipo, só tinha olhos para minha doce e pequena bailarina. Mas depois, relembrando toda a organização do evento que reuniu – sem medo de errar – mais de 300 alunas e alunos, percebi que estava diante de uma operação complexa e, de certa forma, imprevisível. Na coordenação dessa megaoperação, uma equipe não muito grande: professoras, auxiliares, técnicos, a diretora e mais alguns poucos colaboradores.

Ou seja, muito similar à realidade da sua empresa, seja em que mercado ela atuar, em qualquer lugar do planeta em que estiver, neste ano 2023 de nosso senhor.

Como é que nesse cenário incerto, com toda a complexidade da operação e apenas uma equipe enxuta trabalhando, o resultado foi tão positivo?

Meu diagnóstico: propósito e relações de confiança.

Todos que estavam no Teatro Bravos do Instituto Tomie Ohtake naquela noite tinham um propósito comum: Emocionar com a dança.

Na visão entusiasmada do elenco infantil, isso pode significar apenas a simples diversão de dançar com uma fantasia.

Para os jovens, o prazer de realizar arte com amigos, uma conquista coletiva.

Para os bailarinos já mais “maduros”, significa a superação de um desafio, uma comprovação para si mesmo de que é possível.

Para as professoras, a agradável sensação do dever cumprido, ao realizar um espetáculo digno de aplausos.

E para os pais e parentes na plateia, a alegria de ver quem amam brilhando no palco.

Ainda que com significados diversos, o ponto comum do propósito é a emoção. Vale para o Balé tanto quanto vale para o seu negócio. Costumo dizer que, para colaboradores, “propósito é o que faz você crer que segunda-feira pode ser bom”. Para os demais stakeholders, é o que sintoniza coração e mente, conectando valores.

Assim como a arte, a comunicação corporativa precisa emocionar. É o caminho mais direto para estabelecer relações de confiança com seus stakeholders. Voltando para o balé, todo o processo de montagem do espetáculo estava baseado na confiança de que todos – não apenas a equipe do Cisne Negro - cumpririam suas missões.

No caso, a missão dos alunos era se dedicar ao aprendizado da coreografia, lógico. Mas como o propósito era comum, confiavam que os pais também fariam sua parte: incentivar, apoiar, pagar a mensalidade, a fantasia e os ingressos (caros, bem caros... mas, na expectativa da emoção, quem não compraria?), levar as crianças aos ensaios e chegar hora marcada no dia do espetáculo.

Por sua vez, os stakeholders “pais” confiavam que a reputação (olha ela aí também) da Escola garantiria a entrega de uma experiência inesquecível para seus filhos. Afinal, o propósito era o mesmo. E assim foi. Tudo baseado na confiança. Com emoção. Só podia dar certo. Bravo!

 

 

 

 

 

 

 

Rosana Mussi

Jornalista | Head de Comunicação

1 a

Marcelo, li este texto com bastante atenção. A sua argumentação e análise comparativa são ótimas. Visão macro da vida comum com a vida corporativa. Parabéns!

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