O proselitismo golpista e a Justiça reversa.
No primeiro dia do julgamento da presidenta sem crime no Senado federal, houve de tudo. Detratores armados e ouriçados, defensores preparados e atentos, dedos em riste, gritos, xingamentos, falta de decoro e muita coisa decorada também.
Gleisi, Malta e Fátima ou Caiado e Lindbergh… defesa e ataque… ataque e defesa. Todos em seus postos com os holofotes iluminando o quão é tênue a linha que separa banidos de mocinhos ou criminosos de admissíveis… Um ópera do malandro pós-moderna.
Criminalizam o que o MPF já confirmou ser tecnicamente legal e mesmo assim batem na mesma tecla da irresponsabilidade fiscal. Ou seja o MPF não tem validade? Fazem de tudo e até comparam com outros cenários onde nenhum gestor brasileiro foi criminalizado por pedaladas ou decretos até hoje nesse País.
Um ponto importante não foi questionado ao procurador do MP junto ao TCU, Dr. Júlio Marcelo de Oliveira, ontem (26), por ninguém da defesa da presidenta:
Se Dilma cometeu crime por ter excedido a meta fiscal em 2014 e está sendo julgada naquele momento, por que Temer que em pouco mais de 100 dias de interinidade já estourou a meta de 170 Bi, desse ano de 2016 ( proposta por seu próprio governo provisório), nem denunciado ainda foi?
O mundo inteiro é ciente que Dilma não cometeu crime algum e seu julgamento é baseado tão somente em proselitismo golpista , pautado por uma justiça reversa. Ou seja, a crise econômica mundial, alguns erros em seu segundo mandato e a sabotagem sofrida no Congresso (Câmara e Senado), foram de fato, os reais motivos de seu afastamento.
Janaína Paschoal já não assusta mais com seus rompantes demoníacos, e nem os gritos histéricos de Cristovam Buarque, Magno Malta ou Ronaldo Caiado são assustadores. Aécio? esse está em êxtase com o circo todo. Quer inviabilizar Dilma e na sequencia Temer, para ver se sobra um terceiro turno para si. Afinal, Papai Noel não lhe deu a bendita presidência em 2014.
Curiosidades á parte, a primeira testemunha do dia virou merecidamente um nobre informante - afinal é parcial - não poderia ser diferente. Um jovem ator que estava ali apenas representando uma calma demasiadamente falsa e ensaiada.
A tensão depois que a senadora Gleisi Hoffman perguntou sabiamente ao plenário “ Qual a moral tem esse Senado para julgar a presidente Dilma?”, ficou patente. As vespas todas, bateram as asas e endureceram os rabos preparados para picar. E o veneno então, escorria as poucos por todos os lados em busca de vitimas fatais.
Então o senador Ronaldo Caiado (DEM) disse: “ Eu exijo respeito ao decoro, eu não sou assaltante de aposentado”. Verdade senador mas o ex-ministro Paulo Bernardo também não é. Mas o nobre senador foi citado na lista de políticos que receberam dinheiro do sócio de Bumlai e teria recebido R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), ao lado do também ilibado colega Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), como foi divulgado na golpista revista Veja. Confira aqui:
Enquanto isso, Ricardo Lewandowski foi surpresa do dia. Conduziu a primeira sessão vexatória, com respeito, elegância, tranquilidade, coerência e imparcialidade. Percebeu-se em alguns momentos surpresa e decepção de Renan Calheiros e interessados no Impeachment da presidenta. Ficaram preocupados, talvez porque o jogo antes previsto vitória no primeiro tempo, terá ainda muitos capítulos pela frente.
Pois bem, O senador Lindbergh deveria sim fazer um exame antidoping para ver se a droga do senador que o Xingou não o contaminou. Mas o pior comentário desse primeiro ato da Impeachment Ópera, foi feito pelo golpista e pseudo-blogueiro Renaldo (Midiota) Azevedo em seus “pingos nos furicos”. Depois de fazer as macaquices peculiares, disse que todos os defensores de Dilma estavam ali representando para um documentário sobre o Impeachment. Como um verdadeiro macaco nunca olha pro seu próprio rabo, Azevedo esqueceu de conferir o fundo de suas cuecas de grife, para ver o que faz todos os dias ao apresentar seus números circenses no rádio ou na TV.
Termino esse texto dizendo que o paradoxo da cretinice moderna é ter que assistir pela TV, uma pessoa comprovadamente honesta sendo julgada por criminosos. Uma inversão de valores que se for consumada, trará consequências irreversíveis para a democracia no País. Ou seja, eleições serão tão decorativas, quanto a missiva do ex-Vice Decorativo, Conspirador Geral da República, Mordomo do Crápula e atualmente pseudo-parlamentarista Rei Absolutista Monárquico de um Congresso engessado com mais de 300 infiéis.
Ricardo Fonseca é Publicitário, Editor do Propagando, Colunista do Brasil 247 e Divulgador das causas midiáticas.