O protesto da elite do Judiciário

   Enquanto a vereadora Marielle Franco - supostamente executada pela polícia (PM ou PF), tanto que notificação de O Globo de hoje (16 de março) dava conta de que a munição para matá-la viera de lote vendido à PF - era sepultada no Rio de Janeiro, a elite do Judiciário regurgitava, em manifestações pelo Brasil, o seu ódio e a sua indignação pelas iniciativas da sociedade em querer revogar o odioso auxílio-moradia no valor de R$ 4.380,00 líquidos que integrantes do Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e por aí vai - embolsam todos os meses.

        Mesmo tendo moradia própria... Ah, e se a cônjuge também for magistrada, fará jus igualmente a essa gloriosa mamata.

        Não contavam, por certo, que os seus protestos fossem obscurecidos por algo sumamente maior e mais sério, com ampla repercussão no exterior, a empanar até a intervenção manjada do governo federal no estado do Rio de Janeiro, manipulando as tropas das Forças Armadas à frente e a Polícia Federal, com as outras polícias, mais atrás, se concentrando num verdadeiro aparato - exatamente num palanque político - para que o medíocre presidente Temer e a sua troica emedebista pudessem fazer o seu comercialzinho apologizando o governo e as suas realizações, e, quiçá, se credenciando para o continuísmo diante da presidência da República. Ninguém merece!

        Contudo, conforme o G1 da mesma emissora, também hoje (16 de março), informava que, com medo de desgaste, Temer decidira cancelar a viagem ao Rio após a morte de Marielle. O presidente viajaria ao Rio de Janeiro domingo próximo (18) para o balanço de um mês da intervenção federal. O cancelamento estava sendo cogitado desde ontem pelo presidente e pelos seus ministros.

O discurso é o de que Temer iria ao Rio defender a intervenção no momento em que a vereadora Marielle Franco – crítica da ação – fora assassinada. Auxiliares de Temer se dividiram, com alguns defendendo, em reunião no Planalto, que ele adiasse a viagem após a morte da vereadora, por receio de que o governo fosse alvo de críticas à intervenção federal.

Um dos auxiliares do presidente, por sua vez, dissera na reunião que Temer deveria ir ao Rio, para reforçar a defesa da intervenção neste momento, mas o presidente optara por cancelar a viagem. Após ter sido aconselhado por assessores, Temer decidira desmobilizar o evento para hoje, sexta-feira (16 de março), segundo o Palácio do Planalto.

Como se constata, as elites políticas, judiciária, legislativa, policial, a dos servidores públicos, empresarial, bancária – a dos donos dos bancos, claro - e a dos grupos que dominam efetivamente o País (mormente a dos traficantes e mandantes, os quais encomendam crimes assim, covardes e bárbaros) estão dando a mínima ao escândalo do assassinato da vereadora e o do mero figurante, o motorista, o qual, naquele momento, fazia um extra na ausência do seu motorista oficial. Que importa a dor dos familiares?

Verdadeiramente, são essas elites que torcem pelo pior. Quanto pior, melhor! Mesmo que deem mostras de agir contrariamente. A conferir.

     Alonso de Oliveira, jornalista. Foi secretário de Administração, diretor de Suprimentos e coordenador de RH da prefeitura de Americana. RG 5.209.484. E. mail: alonsoliveira@hotmail.com. 















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