O que é a crise de abstinência?
Durante o processo inicial de mudança comportamental a chamada crise de abstinência não é nenhuma crise, como muitos falam. A abstinência em si é apenas um ato de se privar de algo, no caso um determinado comportamento que leva ao prazer imediato.
No período de abstinência os neurônios estão em fase de mudança, iniciada pela mudança de ambiente que frequenta e consequentemente de amizade. Nível acima, foi alterado o comportamento. Esses são os dois primeiros níveis modificados quando iniciado a mudança de estado do adicto na ativa para o adicto em recuperação.
Essa mudança de ligação neurológica do antigo padrão para o novo padrão, até que seja concretizada essa nova conexão com outro neurônio leva algum tempo, que em alguns pode ser de curto e médio prazo; enquanto, em outros pode ser de longo prazo - isso vária de pessoa para pessoa. O que faz com que essa nova ligação seja estabelecida são os novos hábitos.
Infelizmente, existe o temor que no processo de abstinência o adicto fique agressivo e/ou violento por conta da retirada do que lhe proporcionar prazer e satisfação. Bem, em verdade, o que existe é muito mais mito e temor.
O que há no processo de abstinência é a morte do ego; é a resistência do adicto em aceitar a perda do preciso direito em usar ou ir ao que lhe dá prazer e satisfação. No período de abstinência, o que vem à tona é a manifestação do ego de todos envolvidos no relacionamento com o adicto que está saindo do uso e iniciando o processo de recuperação. Neste momento, aparecerá o perfil de personalidade de cada um daquela relação, virá à tona quem é: controlador, ditador, perfeccionista, carente, fazedor, mediador e protetor. Esses personagens se manifestam através do ego por meio do medo e da dúvida.
Isso é fácil de ser verificado pedindo aos envolvidos, tanto ao adicto como aqueles que convivem com ele para que expressem em uma lista quais são suas qualidades e seus defeitos. Esse exercício é a máxima manifestação que o ego desconhece o princípio da dualidade; tanto é, que muitos fazem longa lista dos defeitos/falhas/pontos de melhoria – como queira chamar e extrema dificuldade em reconhecer as qualidades/pontos fortes.
Quando o adicto reconhece que ele vai muito além do ego, consegue encontrar os princípios espiritais para iniciar o processo de recuperação. Superar o ego é encontrar à aceitação, boa vontade e honestidade – principais pilares da recuperação. Depois é só praticar diariamente os outros 36 princípios espirituais que estão fazem com que haja pensamentos e resultados sejam muito mais satisfatórios para que se tenha uma vida com qualidade e propósito.
Certamente, nesta fase da recuperação terá experimentado diversos despertares espirituais e permitirá surgir a melhor versão de quem é. Essa nova versão, certamente, fará a diferença na vida de outras pessoas; a final, o exemplo é a melhor forma de educar. O que faz com que ainda tenha medo de ir do ego para expressar sua melhor versão?