O que é a Inclusão racial no Brasil? Ela de fato acontece?
O que é a inclusão racial no Brasil? Ela de fato acontece?
Vivemos um tempo em que as empresas promovem discursos sobre iniciativas a serem adotadas para promover a inclusão racial devido ao fato de reconhecerem que, enquanto principais agentes do mercado de trabalho, têm um papel chave na construção da diversidade racial no âmbito que lhe compete. Inclusão racial nas empresas visa combater o racismo, promover a inserção, o reconhecimento e a valorização de profissionais que sofrem com a falta de oportunidade pelo racismo estrutural.
No entanto os fatos revelam realidades. Recentemente, uma jovem professora negra, minha sobrinha, após treze dias no exercício da função de “Auxiliar de Professor”, teve seu contrato de trabalho, em regime CLT, cancelado, numa instituição de educação em tempo integral e bilíngue. O estabelecimento de ensino expôs que a funcionária não havia se adaptado à rotina da “Escola”. Com apenas duas semanas de retorno às aulas presenciais e a prevenção contra a Covid-19, a “Escola” vivenciava a implementação de protocolos de atividades administrativas e educativas onde todos estavam em fase de adaptação a um novo modo de operar na rotina diária da “Escola”.
A jovem professora negra é graduada Licenciatura em História pela Universidade Federal Fluminense - UFF, graduada na Faculdade de Educação da UFF, Mestranda na FGV (aprovada em primeiro lugar), realizou quatro semestres de estágio obrigatório em três escolas, nível de Inglês avançado - curso concluído e certificado na Cultura Inglesa, e aos sábados ministra aula de história para uma turma de 35 alunos em um projeto social da cidade.
Em novembro de 2020, a jovem professora, participou do processo seletivo on-line da referida “Escola”. Após passar pelas fases do procedimento de recrutamento e seleção, onde é possível identificar se a candidata tem as qualidades e habilidades exigidas pela instituição, a jovem foi aprovada. No dia 15/12/2020 a professora recebeu uma proposta de trabalho da “Escola” para exercer a função de “Auxiliar de Professor” a partir de 27/01/2021.
Desta forma, a jovem professora foi admitida na “Escola” no dia 27/01/2021 e demitida no dia 25.02.2021. Devido ao feriado de carnaval a funcionária teve 19 dias de trabalho, dos quais 6 de treinamento e somente 13 dias de atuação como “Auxiliar de Professor”.
No dia 25/02/2021 a jovem professora foi demitida de uma maneira inusitada. A funcionária estava em plena atividade em sala de aula, quando foi interrompida para apresentar-se à Coordenadora de Atendimento do Ensino Fundamental 1, instante em que recebeu a informação de que o seu contrato de trabalho da forma iniciativa do empregador sem justa causa estava sendo rescindido pelo fato da professora não ter se adaptado a rotina da “Escola” - com apenas duas semanas de prática. Como também foi apresentada à professora a dispensa do cumprimento do aviso prévio previsto em lei. À vista disso, a “Escola” solicitou que todos os objetos de propriedade da instituição que estavam em seu poder, fossem devolvidos imediatamente. A professora sequer retornou à sala de aula para se despedir da turma de alunos. No dia seguinte, a “Escola”, através do ClassApp (aplicativo de comunicação escolar entre pais e escola), informou aos pais que a professora tinha sido desligada da instituição e que outra professora estava ocupando a função da ex-funcionária. Antes da “Escola” desabilitar o perfil da ex-professora no referido aplicativo, ela chegou a receber algumas mensagens de pais questionando o motivo do desligamento da educadora e expressando seus sentimentos, mencionando a energia e presença de espírito da ex-professora. O casal, pais de um aluno, também escreveu - esperamos que o desligamento da professora tenha sido por um bom motivo.
Uma “Escola” que tem valores como: respeito, entusiasmo, excelência, responsabilidade e bondade, pecou por não adotar a demissão humanizada. A “Escola” durante o período de duas semanas de prática da funcionária, em nenhum momento dirigiu-se à mestra para informar sobre a evolução do desempenho da educadora no exercício da sua função, sobre o que poderia ser melhor antes de chegar a vias de fato - a demissão. A chance de receber um parecer da escola a respeito de como estava sendo vista a sua produtividade no exercício da sua função, não aconteceu. Não tendo a chance, a jovem professora perdeu a oportunidade de dar origem ao aprendizado através da prática.
Coordenadora Pedagógica na Escola Alberto Rangel
3 aLamento que o racismo ainda se mantenha estruturando as relações quer de trabalho , quer humanas em nossa sociedade. A cada dia nos deparamos com novos fatos e estes vão espalhando seus tentáculos. Sinto por sua sobrinha, sinto por esta dor que muitas e muitas vezes temos que passar. Mas estamos na luta e na luta no combate ao racismo continuaremos!! Beijos minha mãe Vandinha.
professora na prefeitura rj
3 aTotal desrespeito!!!!! Que "educadores " são estes???
Assistente administrativo na Ministério do Exército 1RM
3 aQue faltou para a jovem professora se adaptar à escola ? Realmente estamos diante de um preconceito racial.
Coordenadora Especial de Gestão Institucional na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
3 aQue situação desrespeitosa!!!. Que educadores são estes, nesta escola com "e" minúsculo? Atentos que somos, sabemos que nesta atitude abjeta está embutida racismo sim. Lamento pelos alunos que perderam a pissibiludade de aprender sobre a história real de nosso país. Então, torço e sei que novos e promissores caminhos estão chegando pra nossa MESTRA BRILHANTE. Que assim seja.
Professor da empresa SEEDUC
3 a" O que foi feito,amigo, de tudo que a gente sonhou O que foi feito da vida, o que foi feito do amor (...)" Ao ler o exposto pela Venda, os versos de Milton e Brandt vieram à baila quanto o papel desempenhado pela escola já que nos diversos PPP (Projetos Políticos Pedagógicos) costumam preconizar discussões acerca da equidade, justiça e transformação da sociedade. Porém, mais uma vez, constatamos que a professora fora desligada por racismo. Uma escola (entendida e expressa por letras bem minúsculas) abre um processo seletivo no qual uma profissional cheia de sonhos buscando a concretização de práticas pedagógicas viáveis nas quais têm por norte a prática da construção de efetivas competências e habilidades de seus alunos, em um curto período, é jogada de escanteio sem justificativas plausíveis. Após um processo seletivo árduo, a professora foi selecionada por sua capacidade e, pressuponho que coordenação pedagógica deveria se debruçar no seu fazer, isto é, acompanhar, avaliar e auxiliar o corpo docente. Onde estão os ideais de uma escola que luta pela TRANSFORMAÇÃO da sociedade, mas EXCLUI seus pares? Outras manhãs,plenas de sol e de luz hão de surgir.