O que é muito? (Para refletir)

O que é muito? (Para refletir)

“As vezes podemos encontrar algo grandioso no que aos nossos olhos parece ser tão pequeno.”

por Alvaro Gomes

Havia um hospital especializado em tratar crianças com câncer e outras doenças crônicas que era mantido por meio de doações feitas por instituições privadas e por pessoas que atuavam como benfeitoras.

Na cidade onde o hospital estava localizado havia um prefeito que por três anos consecutivos era homenageado por ser o seu maior benfeitor. Anualmente sua contribuição somava uma quantia próxima a R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais).

Ao se aproximar do final de ano, o diretor do hospital ao fazer um balanço do dinheiro arrecadado, selecionava os dez maiores contribuintes e oferecia a eles uma recepção de gala juntamente com seus amigos e familiares. E, durante o evento era oferecida ao prefeito uma placa de agradecimento e de reconhecimento por ser o primeiro entre os dez maiores benfeitores.

Um dia, algo mudou completamente a rotina do diretor, quando por ironia do destino, seu filho foi diagnosticado com um melanoma em estado já avançado, o qual os próprios médicos do hospital diziam não ser possível de ser curado, o que fez com que o mundo daquele homem fosse se desconstruindo por completo.

Numa manhã de sábado, ao passar em frente a uma igreja que ficava próxima ao hospital, algo fez com que ele de repente a adentrasse e fosse em direção ao altar. Ele estava tão focado que nem se deu conta de que era a única pessoa ali naquele momento. Ele se ajoelhou, fechou seus olhos e, no seu íntimo e na sua maneira clamou a Deus para que ele lhe operasse um milagre.

Ao abrir os olhos notou a presença de um homem sentado ao seu lado que olhava paralisado em direção ao altar. Ele achou estranho porque mesmo estando com os olhos fechados e pelo silêncio que havia no local, em nenhum momento ouviu passos de alguém se aproximando.

Ao se passar alguns minutos, enfim o estranho homem desviou seu olhar para ele e disse:

- Eu sei quem é você e sei o que lhe aflige. Estou aqui porque quero lhe ajudar, mas, preciso que confie em mim. Amanhã você irá retornar aqui com o nome do maior benfeitor do hospital em que você trabalha e irá ofertá-lo naquele altar. Fazendo isso, garanto que você terá o seu milagre.

O diretor ficou muito assustado com o que havia escutado, só que bem maior que o seu medo era a esperança que havia enchido o seu coração. Ele nem precisou pensar, pegou um papel e escreveu o nome do prefeito da cidade e logo cedo foi até a igreja e o colocou sobre o altar. Depois correu para o hospital ansioso para ver seu filho.

Ao chegar ao local, foi avisado que o estado de saúde do menino havia piorado e, num momento de dúvida pensou no que havia acontecido de errado. Ele foi até o seu escritório e diante de seu computador checou novamente o nome dos maiores benfeitores para ver se não havia se equivocado e, constatou que de fato não havia erro algum. Foi então que ele imaginou que o erro estava em ter escrito o nome do prefeito de qualquer jeito numa folha de papel qualquer e com letras muito pequenas, por isso, mandou fazer uma faixa grande com o nome do prefeito bem destacado e a levou novamente para o altar da igreja, mas, nada havia mudado.

O diretor ficou consumido pela raiva. Ficou indignado por alguém estar brincado com algo tão sério. Então, ele resolveu agir da mesma forma. Foi até o seu computador e buscou pela pessoa que ajudava o hospital com a quantia mais baixa de dinheiro. Era uma mulher, a qual ele escreveu seu nome com letras bem pequenas num pedacinho de papel amassado e o levou diante do altar. 

No momento em que ele deixava o papel, seu telefone tocou e, ao ver que o número que chamava era o do hospital, logo foi tomado pelo desespero porque achava que seu filho havia falecido e que ele estava sendo punido por ter blasfemado contra Deus, mas, o telefonema na verdade era para lhe avisar não só da melhora do estado de saúde do menino, mas também que ele estava totalmente curado.

Ele caiu em prantos. Correu para o hospital e viu que o seu milagre havia se realizado. E ao se passar alguns dias, foi até o seu computador na curiosidade de pesquisar quem era a mulher cujo nome havia sido escrito e, para sua surpresa, descobriu que ela era a copeira do hospital, aquela que tinha o salário mais baixo entre todos os outros funcionários, porém, proporcionalmente ao seu salário, sua doação era a mais alta entre todas as outras. Ele nem imaginava que o dinheiro doado pelo prefeito da cidade era apenas uma pequena fração do que ele desviava para si próprio e, que a verdadeira benfeitora trabalhava todos os dias para ele, inclusive nas festas que eram oferecidas aos que ele julgava serem os maiores benfeitores.

Naquele ano e em todos os que se seguiram, a homenagem e o reconhecimento foram concedidos a quem realmente merecia.

“O maior dos benfeitores não é aquele que oferece a maior quantia, e sim, aquele que mais se doa.”

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