O que aconteceu com o mundo corporativo e o que isso tem a ver com você?
Uma organização não é nada sem o ser humano. Somos nós, criaturas humanas, que falamos “nossa organização isso”, “a organização aquilo”, como se ela tivesse vida própria. Ah! Mas tem mesmo. Sabe aquela energia que paira pelos corredores? Hum, sei. É bem mais fácil colocar nossas atitudes na “conta” da Cultura Organizacional ou do ambiente, que parecem ter sido criados por um ser misterioso que vive ali. Difícil mesmo é ser uma liderança ou colega capaz de inspirar a todos criando um ambiente de trabalho positivo, seguro, vigoroso e pulsante (não disse que é sem problemas).
Em determinado momento da evolução da administração, os especialistas disseram que todos numa organização tinham que ser vendedores, e é verdade. Depois, que todos precisavam cuidar dos processos, com certeza. Mas agora, está muito claro que todos precisam cuidar das pessoas. Num cenário em que a saúde mental dos trabalhadores ganhou reforço da Lei, a promoção do bem-estar dentro das organizações é fundamental para que o trabalhador desenvolva suas funções de “forma produtiva e frutífera”, como define a Organização Mundial da Saúde - OMS.
Então, sabe aquele e-mail que você manda para o seu colega, só para chatear? Aquela fala totalmente desnecessária numa reunião? Aquela cara fechada do tipo “hoje não estou num dia bom, nem vem!”. E aquelas pessoas que ignoram a fala dos outros e passam sem olhar na sua cara? Ainda tem aqueles comentários que desencorajam qualquer pergunta. Sim, eu sei que tem coisa muito pior, mas vou evitar detalhes sórdidos. Só isso, em repetição ao longo de um ano, num ambiente o qual passamos a maior parte dos nossos dias, já pode deixar uma pessoa doente. Claro que qualquer organização tem as suas metas, que os empregados precisam trabalhar que precisamos manter e atender os clientes e tal. As pessoas só não precisam esquecer que do outro lado tem alguém, um ser humano.
Não sei quando foi que o mundo corporativo mudou tanto. Trabalhei em algumas grandes empresas e vivi o clima de competição, em especial na área de vendas, o que era e ainda é considerado natural e até “saudável”. Mas hoje, percebo que a competição corporativa chegou a outro patamar (muitas vezes com o aval da tal liderança). Maldades, fofocas, humilhações, indiferença, risadinhas, gritos e puxadas de tapete, que podem levar à depressão e até acabar com uma vida. Uma verdadeira série tragicômica, mas para quem sofre é um drama real. Conversei com pessoas que tiveram ataques de pânico, brancos, crises de choro, vômitos e até urinaram na roupa de tanto nervoso. Não é à toa que “as organizações estão doentes” (lá vem aquele “ser” de novo), e nessa equação nem entrou o excesso de trabalho (sim, ele existe).
Quem vai cuidar da organização doente? Não é evitar os desafios da vida pessoal e profissional de cada trabalhador. Mas também não podemos normalizar a depressão, o Burnout ou o assédio. “Ah, é assim mesmo, qualquer lugar tem problemas”, dizem por aí. “Se não aguenta, para que veio? Aqui não é para fracos”. “Não é assédio, é exigência”. “Fulano é problemático mesmo”. A série de falas assim é interminável. Não, os problemas de qualquer organização não deveriam ser pessoas. Se Fulano é problemático, ou sua empresa selecionou errado, ou a pessoa está no lugar errado ou ninguém está a fim de ensinar ou mesmo falar com fulano sobre o que é “problemático”. E assim, vamos construindo um mundo corporativo cada vez mais canibal.
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Os problemas verdadeiros de uma organização deveriam ser: como melhorar o atendimento; quais novos serviços oferecer; como vender mais; como melhorar os processos; como contribuir com a comunidade; como melhorar o ambiente de trabalho; como melhorar o desempenho dos colaboradores; e assim por diante.
Portanto, da próxima vez que pensar em escrever aquela mensagem maldosa, pare! Quando for perder a paciência, pare! Quando for explicar algo para alguém, não seja agressivo, nem cínico ou debochado. Trate as pessoas com gentileza. Isso não quer dizer fraqueza, quer dizer educação. É possível ser firme, sem tratar mal. "Ah, mas eu sou assim mesmo!". Mude! Vai ajudar muito a melhorar o ambiente e afastar a doença da organização.
E se alguém for ruim com você, não fique calado ou calada. Pergunte imediatamente a essa pessoa porque ela está fazendo isso (com calma e gentileza, diga exatamente o que você sente que ela está fazendo). Não aceite, é difícil. Mas só assim, talvez, só talvez, exista alguma chance de mudança.
Vamos falar sobre bem-estar nas organizações? Comece com você, seja um(a) agente do bem-estar.
medico
2 mO estabelecimentos de metas, , a logística para alcança-las, o comprometimento fazem parte do processo, porem o objetivo somente será alcançado quando houver empatia e humanização
Talento Regional CO Ambev
2 mÓtimo conselho! Mandou muito bem
Liderança em Segurança da Informação | Conscientização | Cibersegurança | Governança | Proteção de Dados | Privacy by Design | Gestão de Riscos | Normas de Segurança | Conformidade Regulatória |
2 mSensacional e muito madura a forma que você traz esse assunto tão delicado. Só quem passou por isso sabe o quão difícil é ter coragem para falar sobre, uma reflexão como essa serve de incentivo e ponta pé inicial para uma mudança maior. É importante não normalizar esse tipo de comportamento, o preço a ser pago é muito caro.
CEO na Maron & Maron Participações
2 mExcelente texto sobre o velho conhecido “clima organizacional”. Infelizmente é o que vemos por aí, chefias administrando por conflitos, seres humanos maldosos… fazendo organizações doentes e pessoas doentes… muito boa abordagem!