O que aprendi em 2020...
Chegamos no dia 11 de dezembro, faltando poucos dias para adentrarmos no "2021"...
Foram inúmeras as situações que invadiram este ano a cada pessoa, a cada empresa, e de formas diferentes ou mesmo tudo junto e misturado.
Se você puder me ajudar nesta pesquisa te agradeço:
🔹 Qual tipo de perda você sofreu este ano? (exemplo: perda da sua liberdade, de um familiar ou amigo, de dinheiro, do lazer, do casamento adiado, do fechamento do seu negócio ou trabalho...)
🔸 O que aconteceu?
🔹 O que tem feito para superar este(s) acontecimento(s)?
🔸 Quais foram seus aprendizados?
✔ Eu: minha maior perda este ano foi a morte (23.06) da minha Mãe que lutou bravamente contra o seu segundo câncer, desta vez a de mama.
- O que este 2020 me causou, promoveu, ensinou, mostrou...
Primeiramente a despertar recursos que jamais pensei que teria a capacidade de colocar em ação; e praticar outras habilidades adormecidas.
Desde 2017 passei a estudar muito mais obre o câncer (com o foco na mama), para cuidar de minha mãe, na minha prevenção, obter conhecimentos e poder ajudar outras mulheres e "seus familiares" a lidarem com o paciente acometido pela doença independente do estágio que o paciente se encontra(va) durante nossas estadas hospitalares que passaram a ficar mais frequentes durante o ano passado e intensa no primeiro semestre deste até seus últimos dias...
Aprendi a questionar os médicos; a trocar de médicos; a pedir profundidade e amplitude nas respostas dos resultados; a abrir queixa na ouvidoria do hospital e laboratórios por erro médico e erro de "troca de resultado de exames", a cobrar pela realização das consultas; a brigar por uma ambulância; a solicitar os cilindros de oxigênios e concentrador pelo direito/lei que o SUS deve fornecer e brigas com a ENEL para que tivéssemos a redução na conta de luz bem como o cadastramento "sobrevida" (ela morreu nem cadastro, nem redução da conta que chegou a R$ 650,00) noutra oportunidade menciono com detalhes.
Aprendi a dar banho (na cadeira de rodas, no leito da cama), a realizar difíceis curativos, a medicar nos horários exatos (eram em torno de uns 40 comprimidos/gotas em 24 horas).
Devido a debilidade cada dia mais ela deixou de cozinhar; aprendi a cozinhar pratos que ela tinha vontade de comer; como eu dizia: Madrecita pede, Eu faço e, ver depois de duas horas na cozinha ela se alimentar de duas a três garfadas, me dava por feliz...
Aprendi a conhecer "a morte", sim, isso mesmo que você leu. Minha mãe por ter sido atendente de enfermagem e trabalhado anos no hospital A.C. Camargo em SP e no setor da oncologia infantil em outros hospitais, ela tinha conhecimento das fases da morte, presenciou muitas vidas irem embora e assim ela foi me apresentando os sintomas, os sinais, as reações e muito mais...
Aprendi a dar água na seringa, de gota a gota...
Aprendi a continuar exercitando a paciência com a resiliência oferecendo todo meu amor, atenção e cuidados necessários que estavam no meu alcance, o que eu não conseguia, saia para resolver, providenciar...
Aprendi a enfrentar o médico chefe plantonista do pronto socorro onde minha mãe deu a entrada pela última vez, por ele ter "sugestionado" que minha mãe estava com Covid.
Por que fiz isso?
Porque ela vinha sendo acompanhada pela equipe da Assistência Paliativa (domiciliar inclusive) do próprio hospital, que mantinham todos os relatórios da gravidade e avanço da doença bem como em nenhum momento foi levantado esta possibilidade; ainda; ele se negou a fazer o teste em nós...
Porque ela preciva de auxilio de um familiar (a equipe de enfermagem não estava dando atenção para ela e tantos outros pacientes - um descaso e um forte desrespeito), continuaria internada e sozinha até fazer sua passagem, o caixão sairia lacrado, não teria a despedida que ela merecia!!!!
Porque eu não poderia cumprir a minha promessa, cumprir outro pedido que ela me fez; estar de mãos dadas oferecendo-lhe apoio, amor, orando até o seu desligamento daquele corpo totalmente doente... estive lá, cuidei, orei, beijei, chorei, pedi novamente perdão, abracei, me despedi e somente depois fui comunicar à equipe de enfermagem e médicos.
Vivi o difícil momento da despedida por si só, de dar a notícia ao meu pai, irmãos e familiares ainda, por conta da pandemia, não pudemos nos abraçar (como fez falta), receber ninguém. Tivemos uma hora para despedida, como ela pediu para ser cremada, não pudemos realizar a cerimônia de cremação pois, a família teve que decidir na escolha por velar ou a cerimônia.
Enfrentei outro desafio, não tem nem como mensurar um de outro, foi quando fui retirar as cinzas e junto com meu pai, irmãos e sobrinhos preparamos o Jardim da Saudade da Madrecita (na chácara do meu irmão) e lá colocarmos suas cinzas, atendendo mais um de seus pedidos.
Tive tantos outros aprendizados...
A superação tem sido diária com orações, recordando as lembranças (mesmo as mais difíceis) novas atividades, mudança de cidade, falar sobre o assunto e consciência tranquila em ter feito tudo e um pouco mais para cuidar dela, inclusive abrindo mão dos meus trabalhos e vida pessoal por quase 3 anos para cuidar dela. Faria tudo de novo!
Hoje com olhar de esperança e positividade para o futuro, é continuar de onde parei; jamais começar do zero, do nada...
Tenho profissão, conhecimento, experiências, vontade, disposição, apoio, recursos e capacidade para continuar minha jornada e prosseguir ajudando as pessoas.
O luto faz parte e é importante vivê-lo.
Num passo de cada vez, minha vida vem sendo retomada há 3 meses...
Este ano muitos aprendizados sem dúvida, assim como muita Gratidão por estas experiências e em estar viva para contar parte da minha história!!
Conte-me a SUA história (assim como a minha mesmo que reduzida) pode ajudar outras pessoas...
Desde já agradeço por sua leitura, comentário e contribuição! Conte comigo...
Que venha 2021 !!!
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Telecom & IT | Project Management / Operations
4 aLindo e emocionante relato! Admiro a sua força e a transparência com qual compartilhou os seus momentos de luta. Um grande abraço Andréia! Que 2021 te reserve serenidade e muitas conquistas.
Advogada e Comunicadora | Especialista em Employer Branding | EVP | Gestão de Pessoas | Desenvolvimento Humano e Organizacional
4 aAndréia Leonor de Oliveira, querida, você é uma guerreira! Enfrentou esses e outros desafios sem perder a alegria, leveza, humanidade e fé. Obrigada por compartilhar conosco e nos ajudar a lidar com situações difíceis, que não foram poucas em 2020. 🙏