O que CFOs fora da curva fazem de diferente?

Nos últimos anos tenho observado uma forte tendência no mercado de executivos: o crescimento do protagonismo dos CFOs nas organizações. Tradicionalmente, o papel do CFO sempre foi associado à gestão financeira e controle de riscos. No entanto, com a transformação digital e as pressões crescentes por práticas sustentáveis, as expectativas em relação a essa posição mudaram drasticamente.

Hoje, o CFO não é apenas um guardião dos números, mas uma peça central na condução de iniciativas estratégicas que vão desde a inovação tecnológica até a implementação de práticas de ESG. Isso reflete uma nova demanda do mercado por líderes que consigam alinhar as finanças corporativas às metas mais amplas da empresa, tanto em termos de eficiência operacional quanto de impacto social.

E isso me leva a refletir: em um mercado que exige cada vez mais dos CFOs, o que realmente faz com que esse executivo se destaque? E, afinal, o que os CFOs fora da curva fazem de diferente?

Boa leitura!

O CFO é o executivo-chave (e chefe) da área financeira, desempenhando um papel essencial na gestão e crescimento da empresa. Ele é responsável por analisar dados financeiros complexos, elaborar previsões precisas e identificar oportunidades estratégicas para expansão. Além disso, gerencia o orçamento com rigor para garantir que os gastos estejam alinhados com as metas estabelecidas. Em outras palavras: o foco principal do CFO é aumentar o valor da organização.

No entanto, ser competente apenas nas finanças não é mais suficiente. Um estudo da Deloitte publicado em 2022 revelou que 90% dos CFOs notaram um aumento em sua importância dentro das empresas, impulsionado pela crescente complexidade do ambiente de negócios e pela necessidade de alinhar as finanças a uma estratégia empresarial mais ampla. Sendo assim, para se destacar, os profissionais dessa área devem não apenas fortalecer suas habilidades técnicas, mas também aprimorar sua capacidade de integrar e influenciar a estratégia global da organização.

Liderança e Visão Estratégica

Executivos de finanças são constantemente desafiados a navegar por cenários complexos enquanto delineiam suas estratégias. Atualmente, de acordo com a Global CFO Survey 2024, a combinação de planejamento estratégico (35%) e análise financeira (48%) domina suas responsabilidades. Este equilíbrio entre eficiência operacional e crescimento estratégico reflete uma necessidade crescente de líderes que saibam harmonizar a gestão diária com uma visão de longo prazo. A capacidade de articular estratégias que respondam às dinâmicas do mercado e às exigências organizacionais garante não apenas a estabilidade financeira, mas também o crescimento sustentável.

Proficiência Tecnológica

O avanço tecnológico é um dos principais pilares para os CFOs modernos. Embora desafios como restrições orçamentárias e a escassez de habilidades em tecnologia financeira (83%) ainda sejam predominantes, os executivos estão direcionando seus esforços para investimentos em transformação digital e inteligência artificial. Segundo o estudo Executive Market Outlook, da Evermonte Executive Search, 60,4% dos CFOs planejam aumentar seus investimentos em tecnologia ainda este ano. E esse foco crescente em tecnologia, sem dúvidas, sublinha a importância de profissionais capazes de aproveitar ferramentas digitais para gerar insights financeiros mais sofisticados e melhorar a qualidade das decisões estratégicas.

Diversidade de Competências

A formação acadêmica diversificada entre os líderes financeiros reflete uma tendência crescente em direção a uma abordagem mais abrangente para a liderança. De acordo com o Insper, 80% dos CFOs possuem pós-graduação em áreas que vão além das finanças, incluindo gestão, comunicação e sustentabilidade. Esta diversidade de habilidades é cada vez mais valorizada pelas organizações, visto que contribui para uma visão mais completa e integrada das operações financeiras. A capacidade de combinar conhecimentos técnicos com habilidades em gestão e comunicação permite uma liderança financeira mais adaptável e estratégica, cuja atuação esteja alinhada às demandas complexas e multifacetadas do ambiente corporativo.

Expertise em ESG e Sustentabilidade

Outro ponto interessante é que o papel do CFO tem se tornado cada vez mais relevante na agenda no que se refere à temática da sustentabilidade e às práticas ESG. De acordo com um estudo da PwC, 72% dos CFOs afirmam que a integração de práticas sustentáveis nas estratégias de negócio será fundamental para o crescimento financeiro em 2025. Os CFOs que estão à frente não se limitam a decisões prioritárias que geram o maior retorno financeiro de curto prazo. Diferentemente dos demais, eles enxergam além dos números imediatos, integrando critérios de impacto social e ambiental em suas decisões.

Esses CFOs também se destacam por alinhar de forma genuína o discurso da empresa sobre sustentabilidade com suas práticas reais. Eles garantem que a comunicação externa não seja apenas uma narrativa atraente para investidores e clientes, mas que reflita as ações concretas da companhia. Dados da McKinsey mostram que empresas que adotam práticas ESG realmente sólidas têm 25% mais chances de atrair investimentos a longo prazo, e os CFOs visionários entendem que alinhar as finanças à sustentabilidade é essencial para garantir esse tipo de capital. 

Todavia, mesmo com um conjunto aprimorado de habilidades, os CFOs se deparam com desafios persistentes que podem comprometer seu planejamento. Logo, a Global CFO Survey deste ano destaca três questões que estão mantendo esses executivos à beira da inquietude.

Inflação

O aumento contínuo dos custos e a pressão sobre as margens de lucro são questões que ocupam um lugar central na agenda dos CFOs. Para 76%, a inflação representa uma ameaça constante que exige ação estratégica e adaptativa. Em resposta, os líderes financeiros estão sendo obrigados a revisar e adaptar suas estratégias de precificação de forma mais frequente, o que envolve um processo detalhado de análise de custos e reajustes para proteger as margens.

Pressões Competitivas

Em um mercado saturado, onde as margens de lucro estão constantemente pressionadas pela intensa competição e pela sobrecarga de ofertas, 74% dos CFOs encontram desafios que vão além da gestão rotineira. A necessidade de realizar análises profundas do mercado e prever com precisão as ações da concorrência tornou-se uma tarefa recorrente. Os CFOs precisam não apenas identificar tendências emergentes e mudanças no comportamento dos consumidores, mas também moldar seu percurso de maneira ágil. Isso inclui ajustar rapidamente os modelos de negócios, reavaliar os preços e implementar inovações que possam diferenciar a empresa.

Custo de Capital

O custo de capital representa um grande desafio para 70% dos CFOs, afetando diretamente a rentabilidade e a capacidade de gerenciar o fluxo de caixa das empresas. Os CFOs precisam utilizar ferramentas avançadas para avaliar com precisão o custo do capital, incluindo a análise de diferentes fontes de financiamento e o impacto das taxas de juros nas decisões de investimento. Tomar decisões bem fundamentadas sobre onde e como alocar capital é vital para maximizar os retornos e garantir que a empresa mantenha uma base financeira robusta e capaz de sustentar seu crescimento a longo prazo.

Os melhores CFOs que conheço priorizam mais que o retorno financeiro imediato. Eles integram práticas de ESG de maneira coerente com a realidade financeira das companhias em que atuam, promovem a inovação tecnológica e criam uma ponte entre as metas de diferentes prazos, sempre com um olhar atento ao impacto social. Além disso, esses líderes têm uma habilidade única de transformar dados financeiros em decisões que não apenas impulsionam o crescimento, mas também constroem uma cultura organizacional alinhada às expectativas sociais atuais. Os CFOs fora da curva sabem que o caminho para o sucesso passa por decisões que equilibram propósito, resultados e visão de longo prazo.

E, para você, o que os CFOs fora da curva fazem de diferente? Compartilhe suas perspectivas nos comentários!