O que a escola diz sobre o futuro?

O que a escola diz sobre o futuro?

Muitos de nós temos memórias vívidas da escola, um ambiente onde passamos boa parte da juventude e desenvolvemos algumas das características que carregamos pela vida. As “tribos” escolares — como a galera do fundão, a turma do meio, e o pessoal da frente —, por exemplo, refletem os primeiros traços de nossas personalidades e comportamentos sociais. Mas, ao revisitar essas experiências, podemos perceber o quanto a escola é um campo fértil para o desenvolvimento das chamadas soft skills, habilidades que vão além do conhecimento técnico e são essenciais em qualquer trajetória profissional.

Esse aprendizado implícito, que começa de maneira informal na escola, revela o quanto nosso futuro profissional se beneficia das relações e dinâmicas formadas nesses ambientes.

Recentemente, em um post no LinkedIn, iniciei uma conversa sobre como esses papéis escolares podem impactar a vida adulta e o mercado de trabalho. A discussão trouxe insights interessantes e mostrou como, mesmo anos depois, muitos ainda carregam consigo as soft skills desenvolvidas na época escolar. Vamos explorar algumas dessas histórias e o que elas nos ensinam sobre a importância dessas habilidades para nossa vida e carreira.


A galera do fundão e a habilidade de comunicação

Para alguns, a escola foi uma oportunidade de construir relacionamentos de maneira leve e descontraída. Um exemplo é o João Vitor Melo Kremer , que comentou sobre seu papel como o “popular engraçado”, aquele amigo de todos, sempre bem-humorado, que se dava bem com os professores e tirava boas notas sem estudar muito. Esse talento nato para a comunicação fez dele uma presença constante na vida escolar e, mais tarde, um desenvolvedor front-end, com uma habilidade de se conectar com colegas e clientes. E isso é um ponto importante: uma soft skill como a comunicação não é uma competência técnica que aprendemos em uma aula específica, mas sim algo que começa a ser trabalhado quando precisamos nos relacionar com diversas pessoas, em diferentes contextos, seja na sala de aula ou no mercado de trabalho.

Um outro insight interessante veio do Jayme Ribeiro Filho , que contou que suas conexões com professores abriram portas no mercado profissional. Mesmo que de maneira inconsciente, ele já exercitava o networking. A habilidade de construir uma rede de contatos e manter relacionamentos, tão valorizada no mercado de trabalho, tem raízes na escola, onde aprendemos a importância de interagir e dialogar com figuras de autoridade, colegas e profissionais de diferentes áreas.

Superação e resiliência

Enquanto alguns encontraram amizades e oportunidades na escola, outros vivenciaram experiências desafiadoras. José Breno Ferreira da Silva compartilhou um lado difícil de sua trajetória, mencionando o bullying que sofreu e como, de maneira inicial, usou a autodefesa para lidar com a situação. Com o tempo, ele percebeu que esse não era o caminho ideal, mas a vivência o ajudou a desenvolver resiliência e a buscar autoconfiança. Breno conseguiu transformar essa experiência em força interna, algo que hoje o ajuda a navegar pelos desafios da carreira como desenvolvedor. Em ambientes de trabalho cada vez mais complexos e desafiadores, a capacidade de se adaptar e superar dificuldades é um diferencial.

Essa habilidade de superação, que Breno teve que desenvolver ainda jovem, prova ser um diferencial na sua carreira como desenvolvedor. É um exemplo de como a escola não nos oferece apenas conhecimentos acadêmicos, mas também a base para enfrentar os desafios que surgirão ao longo da vida.

Esse ponto toca em um aspecto sensível: a escola, para muitos, não foi um ambiente acolhedor, e experiências como o bullying podem ter consequências profundas. Mas a forma como cada pessoa lida com esses obstáculos é o que realmente define seu caminho. Breno nos lembrou de como é importante criar um espaço seguro no ambiente escolar e também no trabalho, para que todos possam crescer sem medo.

Empatia e networking

Suelen Couto trouxe um relato sobre sua facilidade em fazer amizades, não só com colegas de classe, mas com todos à sua volta — desde a “tia da cantina” até pessoas de outras escolas. Esse traço social e de empatia se tornou fundamental em sua carreira em Customer Success e Headhunter, onde a capacidade de construir e nutrir relações é essencial. Ela já exercitava habilidades de comunicação, escuta ativa e empatia na escola, e hoje aplica esses mesmos princípios na interação com clientes e parceiros.

Essas habilidades interpessoais, que na escola aparecem na forma de amizades e conexões espontâneas, são a base para o que chamamos hoje de “inteligência emocional”. Saber reconhecer e entender o ponto de vista dos outros, respeitar suas necessidades e construir pontes de diálogo são competências de valor inestimável para qualquer profissional, especialmente em um mundo onde a colaboração e a empatia são cada vez mais reconhecidas como habilidades fundamentais.


Adaptabilidade e a flexibilidade

Amanda Albuquerque disse que preferia o “meio-termo”: sentava no meio da sala, onde conseguia ouvir as histórias dos professores sem abrir mão da liberdade do fundo. Esse equilíbrio entre interação e concentração que ela buscava na escola continua sendo um dos principais pilares de sua vida profissional. Amanda descobriu que, assim como na sala de aula, buscar um ponto de equilíbrio entre diferentes áreas e ambientes da vida a ajudou a avançar em sua carreira.

Rafael Lasserre compartilhou um ponto semelhante, contando que também transitava entre diferentes grupos. Sua capacidade de se conectar sem precisar pertencer a um único grupo específico o transformou em uma espécie de “ponte” entre diferentes perfis e mentalidades. Essa habilidade é hoje um de seus maiores ativos na carreira de Product Manager, onde é fundamental mediar e alinhar diferentes interesses para alcançar um objetivo comum.

Assim como Amanda, Rafael demonstra que encontrar equilíbrio entre foco e interação é uma habilidade que pode ser levada para todos os aspectos da vida. Esses relatos são exemplos claros de como a adaptabilidade e a flexibilidade, soft skills muito valorizadas no mercado, começam a ser desenvolvidas ainda na escola. O ambiente escolar é um pequeno retrato da sociedade e do mercado, onde aprendemos a nos ajustar a diferentes situações, a encontrar nosso espaço e a conciliar nossa necessidade de foco com o desejo de interação.


A escola como reflexo, mas não como sentença

Esses depoimentos e reflexões revelam algo interessante: a escola nos oferece uma “prévia” de quem podemos nos tornar, mas não define nosso destino. As experiências vividas e os papéis que assumimos na juventude — seja no fundão, na frente ou no meio da sala — ajudam a moldar competências valiosas para o mercado de trabalho. Porém, a verdadeira transformação surge a partir de como escolhemos utilizar essas memórias e lições no presente.

Não importa onde você costumava se sentar na sala, mas sim como aplica o que aprendeu naquele espaço. As lições que recebemos ali, por mais distantes que possam parecer, permanecem conosco, orientando-nos a enfrentar desafios, construir relacionamentos, e equilibrar nossas paixões e responsabilidades.

Essas histórias reforçam que a escola é o ponto de partida para o desenvolvimento de habilidades que vão muito além do conteúdo acadêmico. Soft skills como comunicação, resiliência, empatia, adaptabilidade e a capacidade de equilibrar foco e interação são importante para o sucesso profissional — e começaram a ser desenvolvidas nas dinâmicas escolares, ainda que de forma intuitiva.

O mercado de trabalho atual valoriza mais do que conhecimento técnico: espera-se que profissionais possuam também habilidades interpessoais e emocionais, as soft skills! A jornada escolar pode não ter sido fácil para todos, mas entre experiências, desafios e relações, cada um de nós iniciou ali o aprendizado dessas competências essenciais para a vida.

Portanto, ao refletirmos sobre nossa trajetória, vale reconhecer o valor que a escola teve na nossa formação, tanto pessoal quanto profissional. Que possamos continuar desenvolvendo essas habilidades ao longo da vida, mantendo vivas as lições que já nos impulsionam a cada etapa.


Se você também desenvolveu algumas dessas habilidades na escola e quer compartilhar suas experiências, deixe um comentário!

Amanda Albuquerque

JavaScript | React.js | Next.js | Front-End | UX/UI | Figma | Desenvolvimento de Software

1 m

Muito bom! Independente da experiência que tivemos no passado, podemos reverter em algo bom no presente e na maneira que nos comunicamos e nos relacionamos. Com certeza minhas experiências me ajudaram a ter as habilidades que possuo hoje, mesmo as ruins.

José Breno Ferreira da Silva

Desenvolvedor Back-end | Java ( Spring ) | JavaScript ( Node.js ) | Python

1 m

Ótimo artigo! Faz lembrar do valor da escola em nossas vidas. Não é apenas sobre ciências e história. Tem o desenvolvimento social e soft skills!

Mangesh Gajbhiye

9k+| Member of Global Remote Team| Building Tech & Product Team| AWS Cloud (Certified Architect)| DevSecOps| Kubernetes (CKA)| Terraform ( Certified)| Jenkins| Python| GO| Linux| Cloud Security| Docker| Azure| Ansible

1 m

Very helpful

João Vitor Melo Kremer

Front-end at Enhance Fitness | Javascript | React | Next | Angular | Typescript | React Native | Mobile

1 m

Top, querido! A comunicação sempre foi algo muito presente na minha personalidade! Meu pai trabalhou com política por muitos anos e eu enquanto criança vivi em público com ele. Além disso, também trabalhei com atendimento ao público por cerca de 7-8 anos da minha vida. Acredito que tudo isso me forçou a ser comunicativo! Além também de eu ter morado em quase todos os estados do país e ter mudado de escola por no mínimo 15x. Sempre fui obrigado a fazer amizade rápido! Então fui forçado a aprender a me comunicar.

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