O que está a nosso alcance
Sílvia Franz Marcuzzo
Artigo publicado na revista da 7ª Edição do Seminário Cidade Bem Tratada, realizado em Porto Alegre em junho de 2018
Hoje vivemos um momento de transição em que muitas certezas caíram por terra. Todos os dias, nos deparamos com situações impensáveis anos atrás. Esse contexto, de modernidade líquida, conforme Zigmund Bauman, e altamente complexo, preconizado por Edgar Morin, evidencia a máxima do futurista Alvin Tofler: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender, e reaprender.”
Diante da complexidade dos problemas socioambientais de um Brasil cada vez mais urbano – onde há inúmeras lacunas no gerenciamento de resíduos sólidos, no cuidado com a água (dos rios, ao tratamento até o consumo) e o uso de combustíveis fósseis, pergunto: o que estamos aprendendo, desaprendendo e reaprendendo com tudo isso?
Sabemos que a descontinuidade de políticas públicas trazem prejuízos incalculáveis para a natureza, para as sociedades, para todos. Mas se os gestores não cumprem com o seu papel para termos cidades bem tratadas, como podemos ter um futuro melhor, desejável para as futuras gerações?
Estou sendo obrigada a desaprender para dar espaço ao novo, a fim de perceber que há sim, luz no fim do túnel, desde que estejamos abertos e flexíveis. Se não há combustível para ir de carro ou ônibus, que tal pegar a bicicleta, montarmos esquemas de carona solidária, conversamos com o vizinho para encontrar uma solução? A situação da greve de caminhoneiros mostrou o quanto necessitamos de mais autonomia para sermos mais livres, sustentáveis e felizes. Não precisamos de tanta coisa que nos empurram como necessidade.
A mudança só é possível se vier de dentro de cada um. E daí vem o lado interessante de experimentarmos momentos de escassez, em plena era de abundância. Se percebermos dentro do nosso coração o quanto podemos fazer a nossa parte para um futuro melhor. Tenho aprendido através da prática da Fluxonomia 4D – o fluxo entre quatro dimensões da sustentabilidade: cultural, ambiental, social e multimoedas – que qualquer mudança só ocorre se sentirmos fundo: no coração, no estômago e no cérebro. “Só faz sentido, se é sentido”, diz a futurista Lala Deheinzelin, que cunhou a Fluxonomia 4D.
Nos últimos tempos, percebi que não adiantava só lançar informações sobre a gravidade da situação, como o agravamento do aquecimento global, a perda da biodiversidade etc. Isso só provocava o sentimento de impotência, pior: ainda fortalecia a aura da energia negativa, que só contribuía para que a esperança fosse deixada de lado.
Nesses tempos de fakenews, onde o indivíduo tem um poder gigantesco, que tal se fizermos um pouquinho, o que está ao nosso alcance para termos um mundo melhor? Aí vão algumas sugestões: antes de compartilhar, lançar ao mundo qualquer coisa, informação, embalagem, produto, pense e repense qual é o impacto do que você estará provocando; antes de comprar, pense três vezes se realmente precisa daquilo; você já se perguntou qual é o trajeto do que está comendo? o seu prédio/casa está ligado à rede de coleta de esgoto? São algumas indagações para quem sente o quanto é urgente a colaboração para termos cidades bem tratadas. Que outras perguntas você poderia se fazer para melhorar um pouco a sua realidade?
Formação em economia solidária da cultura e gestão cultural.Mapeamento da ecosol nos Pontos de Cultura
5 aMuito bom,Silvia querida! Parabéns! Eu fiz o curso com a Lala sobre Fluxonomia 4D, que é uma ferramenta de Gestão Estratégica que combina Estudos de Futuro e Novas Economias. Quero muito me profundar nesse estudo.
Senior Specialist, Global Site Activation – R&D Solutions at IQVIA
6 aParabéns Sílvia! Lí seu artigo na revista e acho muito importante disseminar o conceito de fluxonomia 4D!
Apaixonado pela jornada empreendedora e seus aprendizados. Investidor em mais de 60 startups, 6 Exits.
6 aThiago Dantas!
Programme Specialist for Small Island Developing States (SIDS) at UNESCO
6 aÓtimo artigo, Sílvia Franz Marcuzzo! Não conhecia a Fluxonomia 4D, interessante!