O que eu aprendi sobre trabalhar em empresa familiar

Hoje completa 1 semana e meia que eu deixei de trabalhar em uma empresa familiar para viver uma nova experiência e, em pouco tempo, já percebi diversas diferenças . Isso me trouxe uma reflexão que senti vontade de compartilhar.

"Afinal, qual o melhor tipo de empresa para se trabalhar?"

Vou começar contando um pouco da minha experiência: Toda a minha vida profissional esteve ligada às empresas de caráter familiar, porém, para não ser muito extenso, vou restringir ao meu último emprego como coordenador de marketing na Móveis Riccó, uma empresa com 142 anos de história, especializada na fabricação e comercialização de mobiliário corporativo, e, que se encontra em sua 5ª geração, sempre sob gestão da família Riccó.

Vivi 7 anos dentro da Riccó. Cheguei como um "filhote" (assistente) e fui amadurecendo aos trancos e barrancos. E digo bem "aos trancos", pois lá havia uma proximidade enorme com os proprietários da empresa. Todas as decisões, por menores que fossem, passam pelo crivo do Sr. Riccó ou por um de seus dois filhos. Claro, essa proximidade poderia trazer inúmeras vantagens e tornar alguns processos mais rápidos, mas, ao mesmo tempo, todos os colaboradores ficam expostos e as tomadas de decisões mais lentas quando os gestores não estão presentes.

Enfim, o que eu aprendi sobre trabalhar em uma empresa familiar?

1. Quando engajado você se torna parte da "família" e acaba vivendo a empresa, se tornando muito mais emotivo perante decisões importantes.
2. A superexposição cria uma relação de amor e ódio.
3. Sua possibilidade de evolução profissional é enorme, enquanto sua chance de crescimento pode ser limitada.
4. Você pode aprender muito sobre gestão com os próprios donos da empresa.
5. Tudo o que você realiza é notado, assim como o que você deixa de fazer.
6. Criar engajamento pode ser mais fácil em empresas menores, mas, quando existem muitos colaboradores e diversos departamentos (que não se conversam), é mais difícil de manter um time homogêneo.
7. Qualquer notícia vira fofoca e a tal de "rádio peão" é quase inevitável. Conseguir manter informações sigilosas se torna um desafio.
8. Você ama ou odeia a empresa. Se apaixona ou vive somente pelo salário.

O que posso dizer é que durante os meus 7 anos de Riccó aprendi a visualizar o mundo dos negócios com outros olhos, com a intensidade que meus patrões impunham. Vivi altos e baixos, mas com a certeza de que realizei um bom trabalho, tendo o feedback positivo de colegas de trabalho e, inclusive, do próprio dono da empresa (mais uma vantagem) ao qual somente tenho a agradecer, afinal, mesmo com todas as broncas, aprendi muito. Foram grandes momentos e belas conquistas.

Agora estou seguindo minha nova jornada em uma S/A, ainda me adequando ao sistema, mas já percebendo uma diferença enorme no modelo de gestão. Para todas as ações existem processos e tudo é extremamente detalhado. Talvez eu tenha dado um passo atrás, porém, com grande expectativa observo, aprendo e logo de cara percebo infinitas possibilidades de crescimento. É uma maneira diferente de fazer acontecer.

Para concluir, afirmo que não existe modelo melhor ou pior. Tudo depende do quanto você se identifica e consegue se doar, e, o mais importante, do quando se sente feliz com o que faz, do quanto você se realiza... Seja pelo ego, pelo financeiro, pelo simples prazer, pela tranquilidade, pela estabilidade, pelo plano de carreira, enfim, pelo que você acredita ser o melhor para ti.