O que GIS tem a ver com cana?
Por Ronan Campos - CEO IDGeo
Com o início do ano, é necessário lidar com o complexo trabalho de sequenciamento das frentes de colheita, focado no objetivo de extrair o máximo ATR da lavoura (verdadeira fábrica de açúcar), com o menor custo possível. Parece simples, mas são muitas variáveis envolvidas, nas quais podemos dividir em dois segmentos, que são inclusive promotores da relação controvertida e conhecida entre o departamento técnico e operacional.
No departamento técnico estão os guerreiros do açúcar (não são exclusivos, mas tecnicamente contundentes), com mil condições a serem sincronizadas e atendidas, como o correto período de colheita entre variedades super-precoce, precoce, média e média tardia, liberação das áreas de aplicação de vinhaça e torta/fuligem, área de reforma, seleção de viveiros, adequação do estágio de corte as épocas de chuva (terceiro eixo do planejamento) e idade fisiológica da colheita. Ufa! Acho que agora terminamos...
Na verdade não! Agora precisamos definir a logística de ‘maturadores’, inibidores de florescimento e será que tem geada esse ano? Vamos ter que adiantar algumas áreas? As datas de finalização dos contratos estão atualizadas? Meu Deus, quantas variáveis! Vamos atualizar tudo isso e ver como fica nosso planejamento anual! Agora só falta “encaixar as frentes”...
Bom, com minha regionalização das frentes bem definidas, boa parte do trabalho pode ser poupado. Acho que será mais fácil fazer o sequenciamento das frentes... Mas também precisamos viabilizar o máximo a logística de colheita mecanizada, melhorando a formatação dos blocos, cálculos do tempo e dificuldade das mudanças, potencial de colheita (colheitabilidade), enfim, precisamos entregar a meta horária do plano de moagem!
Nossa! Que logística complexa, né?! Tudo pronto! Mas... Acho que o raio médio da distância está variando muito, não possuímos caminhões suficientes... Teremos que mudar a estratégia e também o sequenciamento. Agora sim, tudo certo! Relatórios formatados e aprovados, podemos começar a safra!
É, percebemos que desafios não faltam para a agrícola de usinas. Como diria um velho amigo “Eu (Gestor de CTT) tenho que matar um leão por dia, enquanto você (Gestor de Planej. Agrícola) tem alguns monstros durante a safra”. E os monstros são grandes! Falando em números, vamos fazer algumas contas. Uma usina média, em torno de 2,0 Mi toneladas administra uma área aproximada de 27 mil ha, se cada talhão tiver em média torno de 18 ha, estamos falando em 1.500 talhões. Para fazer o planejamento de colheita, utilizamos em torno de vinte variáveis, como por exemplo, talhão, fazenda, proprietário, estágio de corte, variedade, irrigação, maturador, reforma e muitos outros, resultando em um matrix com 30.000 registros! É muita coisa para administrar!
Mas porque estou falando tudo isso? Já pensou que boa parte da “dor de cabeça” é devido à localidade das áreas? Se não houvesse a logística envolvida seria muito mais simples e o Excel funcionaria maravilhosamente bem! Eu adoro o Excel, mas para o nível de exigência necessária atualmente, as coisas estão se tornando mais complexas. Falamos aqui do planejamento de colheita, que apesar de crítico, não é o único fator fundamental, havendo ainda o planejamento de reforma, adubo, herbicida, corretivos, plantio, sistematização, resíduos, PAV e muitos outros. Notem que todos têm seus rendimentos altamente impactados pela logística, seja devido as mudanças, transportes de máquinas, insumos, pessoas ou janelas de oportunidade.
E qual a solução? Bom, eu ainda acredito que a melhor solução é ter gente boa, comprometida e com garra para aprender e desenvolver na equipe! Ainda não temos a solução ponta, nem prestes a surgir para esses desafios. No entanto, há ferramentas que ajudam e muito! Em 2016, quando trabalhava no planejamento agrícola na Cia Energética Santa Elisa (hoje biosev), apresentaram a plataforma GIS (ou SIG em português, Sistema de Informação Geográfica) que une os dois maiores insumos agrícola: “MAPAS” e “BANCO DE DADOS”. A partir de ambos, é possível construir a informação necessária para todos os outros insumos e recursos que são planejados, aplicados e controlados, gerando custos, receitas e, se sobrar, lucro!
Desde então, tenho trabalhado e desenvolvido meus processos em SIG, pois me torna muito mais eficiente e preciso, principalmente quando preciso lidar com novos trabalhos, novas áreas e novas situações. A principal vantagem é que se tem um mapa e Excel trabalhando juntos! Posso editar uma tabela clicando direto no mapa, fazer contas, tomar decisões na hora, sem ter que me preocupar com o código do talhão, pois estou ali com o mesmo diante de meus olhos, não precisando ir procurar no caderno de mapas! Conforme mudo meu planejamento, já estou vendo todo o resultado, é incrivelmente fácil e assertivo. Então, aqui deixo minha contribuição aos gestores agrícola: Aprendam SIG! Se não possuírem aptidão, invistam em sua equipe, incentive-os, criem demandas e colham os resultados!
Do mais, contem comigo para desenvolver nosso próspero e sustentável setor!
#IDGeo
MENTOR EMPRESARIAL E DO AGRONEGÓCIO na CASTANHEIRA CONSULTORES ASSOCIADOS
8 mObrigado por compartilhar!
Aumento a performance da sua empresa através dos dados.
1 a👍 Boa Ronan!
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5 aÓtimo texto
IDGeo - Inteligência em Dados Geográficos