A conta vem chegando.

Não fosse o ministro Paulo Guedes um profissional muito experiente, ficaríamos com a impressão de padecer de certa ingenuidade.

Vive proclamando a teoria do brinquedo. Fora da tomada fica em repouso absoluto. Quando conectado, começa a funcionar do mesmo jeito que havia parado. Acendendo luzinhas, fazendo os movimentos e os barulhinhos.

É claro que o ministro usa uma linguagem motivacional para evitar o desespero. A última pérola de Guedes foi a de afirmar que precisamos vacinar a sociedade em massa para retomar a economia. Este raciocínio contém duas impropriedades: primeiro, se o ministro acha efetivamente isto, porque não fez esta afirmação em Agosto, Setembro, Outubro etc. Deixou para fazer no mês de Janeiro quando a situação se tornou dramática. 

Em segundo lugar, omite deliberadamente a ideia que a recuperação da economia, quando existir, será muito lenta e gradual, cheia de idas e vindas, com muito mas muito sacrifício. 

Não sei se por medo ou modéstia, Guedes parece não querer aprofundar o raciocínio. Não querer admitir que na relação com o capitão presidente, o chefe é ele e não Bolsonaro.

Bolsonaro já perdeu quase tudo.

Perdeu o discurso anti-corrupção. 

Perdeu a batalha na saúde.

Perdeu o respeito nas forças armadas.

Perdeu a charmosa narrativa de uma nova política, sem toma lá dá cá.

Perdeu o controle da família, que transformou os bastidores da política num lupanar de interesses escusos.

O que lhe restou são os escombros de um projeto econômico neo-liberal que ainda não decolou e as carícias obscenas dos braços untosos pela concupiscência dos membros do centrão, sempre dispostos a qualquer sacrifício para chegar perto do erário.

O que aconteceu nos recentes episódios da eleição das duas casas do congresso, fariam Papa Doc e Baby Doc corarem de pudor.

Esta lembrança toda tem um preço e a história saberá cobrar inexoravelmente de nosso país- esta monstruosidade.