O que são metodologias ágeis e quais as vantagens?
As metodologias ágeis revelam-se cada vez mais importantes dentro do gerenciamento de projetos.
Além de possibilitarem o envolvimento total com o cliente, também permitem entregas em etapas, o que já dá a oportunidade de o cliente conhecer os resultados do trabalho antecipadamente.
O risco da palavra que utilizei “em etapas” pode ser confundido com as “etapas” do método cascata ou preditivo. Pois você pode pensar “No método cascata eu também posso entregar em etapas”.
A diferença fundamental está em fazer entregas com foco no benefício para o cliente e de forma incremental, onde o cliente já vai colhendo retorno com as entregas que forem sendo feitas.
Enquanto que no modelo cascata, o conceito original é que o cliente irá utilizar ou coletar benefícios somente ao final de todo o projeto.
Normalmente, nos meus treinamentos e consultoria, aplico uma dinâmica lúdica em que esse conceito de benefício fica muito evidente – e pasmem esse exercício lúdico trata-se da montagem de uma Ponte (com palitos, porcas, parafusos), onde muitas pessoas dizem inicialmente “não dá para aplicar métodos ágeis em ponte; ele foi feito apenas para software, TI”.
Quando você entende o CONCEITO claramente, você verá que dá, e o foco passa a ser o benefício para o cliente, e não simplesmente cumprir prazo e custo, com uma visão mais restrita e limitada.
Outro dia uma pessoa defendia uma posição como gerente de projeto: “meu papel aqui na empresa é cumprir o prazo do que me mandam fazer!”. E eu argumentava, “ok, mas e quanto ao benefício para a organização?”. “Isso não é problema meu”, me respondeu a pessoa.
Aí fica bem difícil – é como utilizar as práticas sugeridas pelo PMOBK ou algum metodologia da empresa por dogma, sem analisar e extrair de fato os benefícios de cada modelo. Por favor, não caiam no mesmo erro com métodos ágeis ou com qualquer outro método.
Assim sendo, veja aqui o que são essas metodologias ágeis e quais as vantagens dos Métodos Ágeis.
Metodologias ágeis: entregas parciais e engajamento
Apesar de ter começado com o desenvolvimento de softwares, as Metodologias Ágeis vieram para dar aos gerentes de projeto mais possibilidades para trabalhar jobs de vários setores, com entregas mais rápidas que no modelo tradicional e parciais.
Pelo método em cascata, ou preditivo, o gerente de projeto tem que e planejar toooooooodo o job sozinho, para então entregá-lo para equipe de desenvolvimento, que muitas vezes não participa da criação, e só no final de tudo, o cliente recebe o projeto inteiramente executado.
Pelo Manifesto Ágil, em um projeto deve haver mais iterações pessoais e menos processos e ferramentas, software que funciona acima de grandes documentações, mais colaboração do cliente, e mais mudanças sem se prender a planos fechados. O foco é benefício para o cliente.
Os métodos ágeis também ajudam as equipes a lidar com armadilhas como custo, previsibilidade do cronograma e escopo do projeto, de forma mais controlada, principalmente se for precedida do PM VISUAL – que é o uso do Canas de Projetos e sua explosão.
Entre as metodologias ágeis, Scrum é uma das mais conhecidas.
Uma das grandes vantagens do método, que tem seu andamento focado em três papéis, Scrum Master (guardião da metodologia na organização), Product Owner (cliente) e Team (equipe), é possibilidade de engajamento deles de forma muito efetiva e colaborativa.
As reuniões diárias e constantes desta metodologia ágil, permite que o time compreenda de fato a visão do cliente.
Enquanto o Scrum Master, fica com o cargo de abrir os caminhos, facilitar a comunicação e ser um líder servidor para que os objetivos do projeto sejam atendidos com sucesso e cumprimento de prazos. Seu papel fundamental é fazer o papel de coach quanto ao uso do método, além ajudar a eliminar quaisquer empecilhos.
Com isso, a transparência é muito grande, porque todos os passos do desenvolvimento do produto são visíveis por todos, por meio de ferramentas diversas que podem auxiliar nesse método.
Com relação a duração de cada etapa para realização dessas entregas parciais e incrementais, elas são conhecidas como Sprints, que têm um prazo de 2 a 4 semanas.
O bom é que além de promover a rapidez e agilidade nas entregas com foco no benefício para o cliente, também possibilitam que o projeto seja aprimorado a cada entrega.
Como assim? É que quando termina uma Sprint, é realizada uma reunião de fechamento e avaliação, para somente depois começar outra Sprint. Assim, todos os entraves da Sprint anterior podem ser corrigidas e bons resultados serão aplicados já na próxima sprint.
Com os testes e avaliações frequentes, automaticamente a qualidade é constantemente melhorada também.
Outra vantagem do Scrum é o gerenciamento de custo, que é previsível e limitado à quantidade entregue a cada Sprint.
Além disso, o cliente pode determinar a prioridade de recursos, fornecer o que é mais importante para o negócio, com maior valor comercial.
Para gerentes que têm a certificação PMP® não é imprescindível ter a certificação Scrum Master, porém, é altamente recomendável, ou ao menos é preciso conhecer muito bem este método ágil, pois existem ferramentas específicas e formas extremamente úteis para trabalhar com o Scrum ou de forma híbrida, sendo parte do projeto pelo método cascata. Essa decisão deverá ser feita sempre projeto a projeto.
Além disso, a certificação Scrum, no momento, também tem melhorado e muito, a empregabilidade dos gerentes de projeto.
Metodologias ágeis: outros métodos do Agile
O Scrum está entre as três metodologias ágeis mais conhecidas.
Mas entre outras metodologias ágeis, XP (Extreme Programming) é uma delas. Ao lado do Scrum, figura como uma das top 3 dos métodos ágeis.
É dirigida ao desenvolvimento de softwares, realizado a partir de três pilares: agilidade no desenvolvimento da solução, economia de recursos e qualidade do produto final.
Para chegar à excelência, uma equipe XP deve se basear em valores, ou seja, um contrato de atitudes como comunicação, simplicidade, feedback, coragem e respeito.
A terceira que está no topo é a LSD (Lean Software Development), que é a metodologia que está baseada no sistema Toyota de produção.
Sua maior vantagem, é o cuidado intenso para evitar desperdícios, como excessos de processos, códigos incompletos, defeitos, que podem atrapalhar a qualidade do desenvolvimento.
A equipe assume a responsabilidade pela qualidade do projeto, tirando um pouco o peso dos ombros dos gestores.
Para quem quer conhecer mais sobre as metodologias ágeis, pode pesquisar também sobre o FDD (Feature Driven Development, traduzindo, desenvolvimento por recursos), que reúne as melhores práticas dos outros métodos.
Essa metodologia ágil costuma ser usada por grandes organizações, de modo a obter sucesso repetitivo, com processos simples que ajudam a realizar o trabalho com entregas parciais em menos tempo e de modo mais fácil.Mas não é muito adequada para projetos menores.
Uma coisa MUITO IMPORTANTE, que nem todos tem essa visibilidade: quando comparado o tempo total de todas as entregas feito pelos Métodos Ágeis versus Método cascata, o tempo total acaba sendo muito parecido, ou por vezes o tempo total pelo método cascata é até menor.
Por vezes, os métodos ágeis são até mais trabalhoso que o cascata, mas o benefício é para o cliente. A sensação boa é que com as entregas parciais, já vai sentido o gosto do ganho e isso é muito bom.
Como resultado, a SENSAÇÃO da agilidade é muito boa. E em função disto, não raras as vezes, o Product Owner diz “Já está bom! Não vamos trabalhar nos elementos do Product Backlog que ainda faltam ser feitos. O resultado alcançado já não justifica mais o desenvolvimento do restante. O trabalho vai ser muito grande para um ganho não tão grande”. E essa é outra vantagem dos Métodos Ágeis.
Espero ter ajudado a ampliar sua visão sobre as metodologias ágeis.
Grande abraço!
Sobre o autor
Robson Camargo, PMP, MBA, GWCPM, ASF é professor nos cursos de MBA das Principais Escolas de Negócio do País: FGV, Fundação Dom Cabral e FIA/USP com Certificação PMP – Project Management Professional emitida pelo PMI, MBA em Administração de Projetos pela FEA/USP e Master Certificate pela George Washington. Robson Camargo é autor do livro PM VISUAL e criador do Método PM VISUAL. Sua equipe realiza treinamentos e consultorias em empresas do Brasil e exterior. Robson Camargo está à frente da RC Robson Camargo – Projetos e Negócios, há mais de 11 anos.