O que te faz parar?
Tenho pensado muito sobre a dores do universo do empreendedorismo. A dita “cachaça” para alguns, na verdade, muitas vezes, sabe como ser uma arena feroz. Empreender, de certa forma, é algo que realmente faz o tempo acelerar. Não raras vezes, as horas do dia parecem insuficientes. A verdade é que a rotina estratégica - e, na maior parte das vezes, também produtiva e operacional - do empreendedor é árdua. E também é bem verdade que isso é independentemente da área de atuação. A vida de todo empreendedor é marcada por uma sequência interminável de desafios, mesmo quando frente a conquistas.
São dias e noites dedicados a uma única missão: fazer o negócio crescer e, me arrisco dizer, sobretudo no momento vigente que o Estado passa, fazer ele prosperar e resistir. Ocorre que enquanto o sucesso - ou a sustentabilidade - é perseguido(a), com entrega de corpo e alma, algo bem valioso pode ser deixado de lado: o equilíbrio, a saúde, a vida fora do negócio.
As longas jornadas de trabalho são quase uma lei não escrita na seara. Horas intensas, cheias de negociações exaustivas, decisões críticas e o estresse inevitável dos altos e baixos do mercado. Conquistas são seguidas de perto pelo também receio em torno de instabilidade em boa parte dos segmentos ou, ao menos, inseguranças. Sinto que os momentos de euforia podem se dissipar rapidamente com esse cenário complexo. Essa montanha-russa emocional, alimentada pela adrenalina e pelo desejo inabalável de fazer algo acontecer consome não apenas o tempo, mas a essência do indivíduo. E isso é incrível mas, ao mesmo passo, pode ser doloroso também.
A gente fala muito sobre liderança, resiliência, visão estratégia, adaptabilidade ao mercado, tudo que rege as competências de um empreendedor(a), mas o que raramente se discute é o preço que se paga por esse estilo de vida. No meio de tanta correria, o que nos para? A resposta/questão, muitas vezes, é cruel: uma doença?
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Precisamos falar, em gestão, também, sobre não sermos escravos dos nossos próprios sonhos. Sobre, por incontáveis vezes, deixarmos em segundo plano a saúde física e mental.
O que te faz parar? Eu reforço a pergunta! Essa é a questão que deixo hoje, que estou pensando sobre e espero que pensemos todos. Inevitavelmente, algo ou alguém, em algum momento, vai te fazer parar - pelo menos um pouco. Pode ser uma doença ou aquela dor persistente que você ignorou por meses, até que ela se torna impossível de suportar. Pode ser a perda de alguém querido, um lembrete brutal de que a vida é muito mais do que o próximo contrato fechado ou o próximo cliente satisfeito. Pode ser a saudade de uma vida leve, menos caótica, que você deixou para trás em algum ponto da jornada.
O que te faz parar no universo empreendedor? A resposta pode variar, mas o questionamento é universal. O empreendedorismo é uma jornada grandiosa, mas viver única e exclusivamente pra ele não deve ser uma sentença.