O que te move?

O que te move?

Nossas ações, quanto líderes. Nossos caminhos, quanto organizações.

Vou contar uma história para você. Afinal, nada como uma boa história para nos ajudar a pensar e a reter aprendizados, não é verdade? É como fez Spencer Johnson no livro “Quem mexeu no meu Queijo?”, contando sobre o comportamento de 4 personagens e como nos identificamos com eles em relação as mudanças que acontecem. Ou como Patrick Lencioni em “Os 5 desafios das equipes”, que, através de uma história, mostrou a existência de disfunções que atrapalham o desenvolvimento dos membros de uma organização. Antes de começar, gostaria de pedir duas coisas a você: mantenha-se de coração aberto e evite julgamentos prévios. Se permita ler e adequar à sua realidade para que você tenha uma experiência crítica ao fim desse momento.

Vamos à história…

“Era uma vez um homem com poderes sobrenaturais. Em torno dele, existiam pessoas que o admiravam, outros que o seguiam de forma mais próxima, pois gostariam de aprender com ele. Um dia, após ajudar as pessoas que o admiravam, esse homem fora de sério resolveu dar uma missão aos seus seguidores mais próximos: entrem em uma embarcação, atravessem o mar e me esperem do outro lado. No mesmo instante, esses aprendizes entraram em uma embarcação e resolveram atravessar o mar. Durante a viagem, foram castigados por uma feroz tempestade, causando grande desespero em todos. Sabendo do desafio que estavam encarando, esse homem extraordinário resolveu ir até eles, usando seus poderes para andar sobre as águas. Por estarem tomados pelo medo, confundiram seu mentor com um fantasma, e ficaram ainda mais desesperados. Compreendendo o momento de caos, esse homem poderoso se identificou e pediu para que eles tivessem calma. Mesmo confuso, um dos integrantes fez um pedido interessante: se você é a pessoa que diz, então me conceda a oportunidade de andar sobre as águas como você. Pedido feito, pedido concedido! Esse seguidor foi alavancado pela coragem, o que fez deixar seu pavor de lado para sentir a emoção de andar sobre as águas. Apesar de ter sido tomado pelo medo momentos depois, foi ajudado pelo seu mentor poderoso e levado até a embarcação. Após isso, o homem extraordinário se juntou a tripulação e acalmou aquela tempestade”.

Desmembrando os fatos

Parafraseei uma história que está registrada na Bíblia, mais especificamente em Mateus 14:13-33. O escritor Mario Cortella em seu livro “Viver em paz para morrer em paz”, relata que “ensignar” é o que você grava em algo ou alguém. A bíblia é rica em ensinamentos marcantes, que são cabíveis nos mais diversos cenários. Escolhi o campo do empreendedorismo para recontar essas histórias, para que venhamos, juntos, pensar sobre nossas ações, quanto líderes, e sobre os caminhos que estamos trilhando, quanto organizações. Não quero aqui te fazer pensar, pontualmente, no que você acredita. Mas sim, como você tem sido movido por aquilo que acredita. Uma boa forma de analisar nossas escolhas é tendo noção das consequências delas.

Se você voltar à história contada, verá que existem dois públicos em volta do nosso homem extraordinário: os que admiram e os que querem ser como ele. Quem somos nós nesse público? Líderes ou organizações que apenas buscam os benefícios daquilo que se acredita? Ou somos aqueles que são movidos, internamente, por um propósito vindo daquilo que acreditamos?

Motivações Extrínsecas

Líderes que dão maior importância aos benefícios são movidos por coisas extrínsecas, como salário, status. Entendem que o fim daquilo que acreditam é algo material, visível. Organizações movidas por benefícios são as mesmas que pensam única e exclusivamente no lucro. Possuem uma visão de curto prazo, desenvolvem membros imediatistas. Ficam na praia, aguardando um retorno do “extraordinário” para serem beneficiados novamente.

Motivações Intrínsecas

Líderes que são movidos intrinsecamente buscam deixar um legado compartilhado. Possuem uma vontade absurda de crescimento e um desejo de compartilhar aquilo que aprendem. Nunca estão sozinhos no barco. Organizações movidas intrinsecamente são maximizadoras de propósito. Segundo Daniel Pink no livro “Motivação 3.0”, essas organizações conseguem motivar seus membros através de três pontos fundamentais: Autonomia, Excelência e Propósito.

Autonomia: está relacionado com a criação de condições para que as pessoas realizem seu melhor trabalho. Essas condições envolvem diretamente as tarefas, o tempo, a técnica e o time, sem desencorajar a responsabilidade. Autonomia leva ao engajamento.

Excelência: está relacionado ao desejo de melhorar cada vez mais em algo de relevância. É algo que está todo na nossa cabeça, que causa sofrimento, mas que nos permite viver o prazer de uma intensa busca.

Propósito: está relacionado aos desejos que envolvem uma causa maior, que fornece energia de ativação para viver. É aquilo que se busca alcançar.

Líderes ou organizações que são motivados intrinsecamente, são o que são porque sabem o que estão fazendo e como estão fazendo.

GPS

Assim como na história, líderes e organizações que são movidos pelos aprendizados daquilo que acreditam, são sempre desafiados por uma missão clara e específica. Como um GPS, buscam entender onde estão, para onde vão e qual a melhor rota. Não sabem o que irão encarar pelo caminho, mas sabem que precisam encarar desafios para chegar onde desejam e para serem quem buscam ser.

As tempestades da travessia

Todos nós passamos por problemas, isso é fato! A diferença está em como cada líder e cada organização encara esses problemas de percurso. Os que são movidos por benefícios costumam enfrentar seus desafios culpando as coisas ao seu redor pelas dificuldades existentes. Na tempestade, são os que ficam lamentado o cenário e se perguntando “Por que isso foi acontecer comigo?” ou “Por que a vida ta sendo tão cruel?”. Já os que são movidos por um propósito maior, por mais que em algum momento se desesperem, ou comecem a ver coisas ilusórias, eles conseguem identificar o propósito em meio ao caos, olhar para aquilo que acreditam, e agir! São corajosos para reagir, mesmo que de forma inusitada, e aproveitar as ondas fortes para andar sobre elas. São o que são porque possuem a capacidade de olhar para aquilo que desejam ser, assumem a responsabilidade e mantem todos seguros para chegar aonde precisam chegar.

O que move você? Uma vida de espera pelo alimento, que vive em função de quem alimenta? Ou uma vida vibrante pela busca dos desafios para chegar naquilo que alimenta? Você está no barco, ou na praia?

Cláudio Soares

Gerente comercial | Palestrante | Vendas B2C | Comercial | Escritor | Consultor de carreira e negócios | E-commerce

5 a

Texto sensacional

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