O que você acha da mudança do dress code da gravata para camiseta?
Meados de 2007, parado em um farol na Avenida Paulista, em São Paulo. Esperando minha vez para atravessar. O farol (sinal ou sinaleira, dependendo de onde você mora no Brasil) muda para verde e começo a cruzar pela faixa de pedestre. Na época, estava vestido com calça jeans e camiseta porque trabalhava em rádio. No sentido contrário, um grupo de executivos vestidos impecavelmente de terno e gravata com sapatos pretos reluzentes e cabelo arrumado que não mexeria nem com ventos de tufão. Para nós jovens em início de carreira, essa era a imagem de uma pessoa bem-sucedida. Nesse momento, refleti: “um dia vou trabalhar assim”. Depois de alguns anos, de fato, trabalhei quase quinze anos dessa forma com gravatas ficando cada vez menores.
Ironia do destino. Mundo das startups em 2010. Andando na rua de terno e gravata em pleno verão de São Paulo, suando com aquela camisa e gravata, vi um grupo de camiseta e calça jeans e pensei: “um dia volto a trabalhar assim!”
Um dos maiores conselhos que meu sócio me deu quando iniciamos a empresa que estamos hoje (tenho certeza que ele vai se divertir em trazer esse tema aqui) foi quando perguntei a ele, em nosso primeiro dia na sala de reunião de um escritório compartilhado, sobre o dress code (código de vestimenta da empresa). Ainda estávamos estabelecendo a relação de confiança, eu me sentia constrangido em fazer a pergunta, mas não tinha como não perguntar e fui direto sem rodeios:
“Deixa eu te perguntar. Na empresa anterior, o dress code era camisa, calça social e algumas vezes gravata. Aqui na nossa empresa, qual será o nosso dress code?” E ele me respondeu com a maior tranquilidade:
“A roupa que você usa de final de semana”. Ou seja, a roupa que você usa no seu dia que faz você se sentir você.
Para mim, essa frase mesmo depois de 14 meses teve um grande impacto, por mais simples que seja. A roupa que você usa no final de semana é a roupa que representa você como indivíduo, suas crenças, sua vida e sua personalidade. Minha decisão foi muito fácil, fui em uma loja e comprei doze camisetas pretas básicas. Era isso! Assim surgiu a ideia da newsletter "Da gravata a camiseta".
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Mas vamos aprofundar o tema um pouco mais. As empresas, em sua grande maioria, tem regras de roupas que devem representar a organização. O padrão que deve inspirar confiança, credibilidade e estabilidade. Mas, este padrão, faz as pessoas explorarem a sua personalidade? Será que deixar as pessoas serem quem são, não pode aumentar a empatia com seus clientes?
Não é uma discussão fácil e não tem certo ou errado. Tem modelos, mercados e opiniões a respeito. Primeiro, é entender o que faz sentido ao seu negócio, mas, mesmo assim, vejo a pressão sobre o tema do dress code crescer muito nos últimos anos e ser acelerado com o tema da pandemia.
A gravata realmente morreu?
Vamos entender que moramos em um país tropical, com cidades onde o calor supera os 40 graus e que podemos ter outros tipos de dress code sem afetar a imagem da empresa. Qual a visão do seu cliente? Pensamos sempre na dor do cliente que queremos resolver, será que já perguntamos qual a percepção dele sobre o tema? O cliente quer resolver o problema dele, seja de serviço ou de produto. Quanto o dress code pode influenciar nisso?
Quanto mais espaço tivermos para a liberdade criativa, mais as pessoas poderão se expressar e construir de forma distinta suas relações no ambiente profissional e com seus clientes. Com o modelo híbrido de trabalho e/ou homeoffice (work from home), será que não vai causar uma nova disrupção? Ou já causou e não percebemos? O que você acha?
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2 aA roupa, a barba, a tatuagem, o cabelo, não são coisas que definem a pessoa, se caráter ou sua competência.
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2 aAos 58 anos me sinto liberta, aposentei o terninho e salto alto, brinco e maquiagem. Hoje me sinto muito mais feliz e produtiva
Consultora em Gestão de Carreira e Estruturação do Pós-Carreira Produtivo | Desenvolvimento de liderança | Mentoria executiva | Treinamento corporativo | Podcaster | Palestrante | Sócia da Unblur Consultoria
2 aSó posso dizer que jamais entendi as gravatas! Muito bom texto!
Consultor Jurídico | Advogado Generalista | Contencioso | Contratos | ESG | Tecnologia | Transformação Digital | Pesquisador
2 aMuito bom Alex Körner!! Essa mudança é libertadora! Pouco antes dela veio a troca da pasta de executivo pela mochila. No meu caso, fiz as duas ao mesmo tempo (não exatamente pela camista, mas foi sensacional aposentar a gravata). Sempre que possível, uso a camiseta!
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2 aO dress code é importante, cada empresa tem o seu, baseado nos valores e cultura próprios. O cliente, smj, vai avaliar o produto ou serviço de acordo com a seriedade e com os comportamentos do fornecedor ao longo da jornada.