Quer comprar ou ser comprado?

Está chegando ao fim. Sim, era abril de 2022 quando iniciou o inverno das startups e a disponibilidade de crédito dos investidores e VCs para startups: mingou. A mensagem que reverberou no mercado pelos investidores era clara: “Prolonguem seu cash burn! Ou seja, preservem seu caixa”.

E a partir dai, a história é conhecida. Muitos layoffs em empresas que se tornaram unicórnios, bigtechs ou mesmo pequenas empresas que focaram em redução de pessoas, marketing e outras ideias criativas para que os gastos não queimassem tão rapidamente a receita ou o dinheiro que foi levantado na última rodada.

Além da mensagem, o prazo também foi claro. Preservem seus caixas entre 12-18 meses (na média). A corrida foi uma disputa de 100 metros. Muitos cálculos e o cenário que vimos é que tem empresas que conseguiram fazer a lição de casa.

Startups que mudaram sua tese, outros que simplificaram o modelo de negócio, mas ainda houveram aqueles que mesmo ter feito isso, vão voltar a procurar os VCs e investidores entre o 3° trimestre/4° trimestre deste ano.

Agora, o jogo vai ser diferente.

Pense da seguinte forma. Em um ano normal, os VCs recebiam em média entre 20-30 startups por mês para conversar. E para um VCs participar de uma determinada tese, a competição e timming era insanos. Tudo para ontem, todos querendo participar. Ninguém queria ficar de fora e muito capital disponível.

A moeda mudou ou melhor, a mesa virou. Agora serão entre 60-100 startups em diferentes rodadas que vão atrás dos mesmos VCs em busca de investimento e com necessidade de caixa para ontem. O poder de decisão do valor de investimento, valuation da empresa, taxas de desconto ou mesmo participação da empresa está na mão do investidor. Não vai ser fácil.

De um lado um empreendedor que terá de abrir mão de seu valuation ou de participação ou de receber um montante menor para perenidade da empresa. Do outro lado, o investidor que terá de ser muito seletivo para investir em teses que tragam a rentabilidade esperada pelos seus acionistas, investindo em temas mais concretos com menor margem para inovação ou erro de investimento. 

E onde está a oportunidade? 

Minha leitura é que mesmo em um cenário adverso para startups, nesses próximos meses o foco dos empreendedores deveria ser em fusão, aquisição ou parcerias estratégicas. Senão tem caixa para comprar uma empresa porque não juntar forças com uma tese parecida ou complementar? Agora é o momento de sobreviver e pensar na perenidade do negócio ao invés de fechar as portas. Isso dará muito mais força para novas rodadas!

Em uma pesquisa da ACE Cortex , sobre Innovation Survey 2023, um dos capítulos que trata sobre M&A traz um dado importante: Entre as empresas que pensa em fazer um M&A, metade tem interesse em startups que faturam entre R$ 360mil e R$ 4,8 milhões por ano. E os tipos de tese que despertam interesse são startups com foco em B2C, Gestão e Vendas, sendo que a maioria de deals está nas faixa de R$ 10 milhões. 

Não é fácil abrir mão de um negócio, mas é pior ter enterrar um sonho. Entramos em um novo momento pelos próximos 12 meses para todos os mercados, inclusive de insurtechs e fintechs. Está preparado? Quer comprar ou ser comprado? Ou quem sabe ser maior, ainda que uma participação menor?