O que você faria se Lula fosse seu cliente?
Hoje acordei pensando...e se Lula fosse o meu cliente?
Se você chegou aqui sem me conhecer direito, eu definitivamente não sou Lulista, nem petista e talvez compartilhe com apenas algumas ideias da esquerda, junto de outras da direita. Quer dizer, não sou militante. Mas trabalho com comunicação e, de vez em quando, a vida coloca no nosso caminho clientes com os quais não necessariamente compartilhamos os mesmos valores.
Então, e se Lula fosse o meu cliente? E fosse o responsável pela comunicação dele? Ou então, e se fosse o ghost writer de seus discursos? Bem, nesse caso teria sugerido um artigo mais ou menos assim, para ser compartilhado hoje de manhã, um pouco antes do julgamento.
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Companheiras e companheiros,
Hoje, vocês sabem, acontece mais um grande evento midiático e político envolvendo a minha pessoa, o julgamento do TRF-4 sobre o caso do triplex no Guarujá.
Antes de qualquer coisa, quero deixar algo claro para vocês. Para que não haja dúvidas, o triplex foi meu sim. Pronto, falei. E vocês não podem imaginar o quanto falar isso me tira um peso enorme dos ombros.
Não quero entrar em maiores detalhes sobre como adquiri esse apartamento porque, sinceramente, a mídia já esmiuçou praticamente tudo que era possível a respeito. Se informem pela imprensa (não só pela Rede Globo) e tirem suas próprias conclusões.
Mas o objetivo real dessa carta (ou textão, como dizem os mais jovens) é contar sobre o que a imprensa não fala. E quem escreve não é o Lula réu, o Lula ex-presidente e nem mesmo o Lula líder sindical. Venho aqui como Lula pessoa, Lula brasileiro, Lula que poderia ser qualquer um de vocês.
Ainda que um apartamento no Guarujá não signifique muita coisa nem em termos políticos, e muito menos em termos financeiros, peço desculpas a cada um dos brasileiros honestos, a maioria dos 200 milhões, que depositaram sua confiança em mim e que, no meu lugar, tenho certeza que teriam agido diferente.
Depois de 3 tentativas finalmente tive a chance de presidir o país, pela primeira vez levando o ponto de vista dos mais pobres, do trabalhador brasileiro, de um operário saído de Garanhuns, direto para o Palácio do Planalto. Foi algo marcante para a nossa história, até mesmo para quem, por qualquer motivo, odeia o PT. E eu tenho muito orgulho de ter feito parte disso.
Também tenho orgulho da maior parte de minha obra. Tenho orgulho de ter tirado milhões de brasileiros da miséria. Tenho orgulho de ter elevado o país para outro patamar no cenário internacional. Tenho orgulho por ter contribuído para que a gente tivesse um pouquinho mais de orgulho desse país. Isso não foi um sonho, mas sim a realidade.
Acontece que, chegando no poder, as vezes precisamos fazer concessões. Esse é um peso que só quem já sentou naquela cadeira pode compreender, mas aqui basta dizer que começa com pequenas rubricas no orçamento e, eventualmente, acaba terminando com alguns arranhões na alma. Foi o que aconteceu comigo, o presidente que veio de Garanhuns.
Talvez o meu eleitor ou detrator de classe média não entenda, mas quando a gente passa fome, quando a gente vem de baixo, tem coisas que marcam profundamente. Para um operário do ABC um apartamento no Guarujá era um sonho, pelo menos nos anos 90. Casa na praia, vizinhos famosos e tudo isso há uma hora de casa. Quando surgiu a oportunidade de pedir o que quisesse para Leo Pinheiro, eu fiz. Podia ter pedido um apartamento em Paris, uma viagem para Nova York ou uma joia que custasse um carro, como outros políticos já pediram. Mas eu me contentava com um apartamento no litoral paulistano.
Em resumo, o Lula só queria ser feliz, e a felicidade do pobre é sempre criminalizada nesse país.
Não quero aqui julgar os juízes que hoje farão suas sentenças. Do ponto de vista legal, sei que errei. Do ponto de vista político, fiz o que era necessário para as grandes transformações que beneficiaram milhões e, no meio dessa jornada, tive um pequeno momento de fraqueza.
Não venho aqui pedir que me inocentem, pelo contrário. Mas peço que olhem com atenção e examinem com consciência as fraquezas daqueles que me antecederam e, principalmente, de quem hoje sucede o vitorioso projeto político do meu partido. Perto disso, será que a minha pequena vaidade tem tanta importância?
Hoje serei julgado pela lei e pouco me importa o resultado. É no julgamento pela História que de fato serei absolvido.
Lula do Brasil
Humanizou o Réu. Exaltou suas conquistas.
Ghost Writer 👻 | Estrategista de Conteúdo | Jornalista | (Re)Conto histórias por meio de narrativas reais e cotidianas
6 aUm belo e sincero discurso rsrs! Podia ser assessor de imprensa dele :D
Growth Product Manager na Claro Brasil
6 aOlha eu não votaria nele depois desse texto, mas com toda certeza mudaria minha visão! Ainda bem que ele não é seu cliente (Risos).
Creative Strategist | Senior Copywriter | Business Storyteller | Comunicação & Marca | Conectando cabeças e corações à sua marca | ex-Grupo JBS
6 aDesculpe, mas acho que já é mais ou menos isso que ele sempre fala, qual a novidade no "coaching" ao cliente?
Diretor Novos Negócios na Texcar Projetos e Inovação
6 aIdem ao Eduardo Mazza