O QUE VOCÊ VAI VENDER NO FUTURO?
Vez por outra resolvo fazer uma horinha na sacada de meu AP e observar o movimento. Gosto daquele vai e vem de carros, motos, ciclistas, pedestres, etc.
Acabei com isto criando um local que denomino hoje “campo observatório”. Enquanto estou ali me desligo dos problemas, das preocupações e até essa birrenta ansiedade me dá uma folguinha por um espaço de tempo.
Nesse tempo de distração, acabo me perdendo em observar as pessoas que por ali transitam. Algumas, tão apressadas estão que acabam trombando em outras, ou tropeçando em algum obstáculo que por acaso as levam ao solo.
Daí a pouco passa o caminhão ambulante que vende laranja, melancia e abacaxi. O som do alto falante daquele locutor anunciando a melancia pingo de mel, a laranja mais doce que o açúcar e o abacaxi vindo das bandas de Marataízes – ES. que, segundo ele, é mais doce que as moças que por ali trafegam, sequer ecoou na próxima esquina, já adentra pelo meu ouvido direito o som da Kombi vendendo ovos e anunciando que são graúdos, das melhores galinhas rhode e vai por aí.
Pensou que estivesse acabado esse desfile de ambulantes que de uma hora pra outra se viram na berlinda, e ao perderem seus empregos se sentiram obrigados a buscar alternativas para mantê-los ao menos vivos juntamente com seus Familiares?
Não, meu precioso leitor! Ou você se esqueceu do carro de churros? Lá vem ele anunciando churros caseiros doces e salgados. E quase colide com o tão tradicional e famoso carro da pamonha de milho verde, doce e salgada também. “Pamonha, Pamonha, doce e salgada, mingau de milho verde, curau, milho cozido”, anuncia o locutor, como se fosse um arauto tornando pública uma notícia.
De uma hora pra outra tenho que sair correndo dali. Sabe por quê? Lembra daquela birrenta ansiedade? Pois é, meu observatório me remete a um País por anos desgovernado, sendo roubado, vendido e que submete seu povo às mais humilhantes situações de sobrevida. Prato cheio pra birrenta voltar a me dominar.
Daí a pouco me vejo de frente com a TV e as primeiras notícias são de que as Indústrias sofreram um recuo. A matéria diz que é como se a gente estivesse voltado a 10 anos atrás.
Você pode imaginar o que é o setor de maior participação no PIB de um País ser remetido a um retrocesso de 10 anos?
Tanto faz lá ou cá, a birrenta está de volta. A minha, a sua, a nossa passividade está nos levando cada dia mais a um processo de degradação.
O que podemos fazer? O que você acha que deve ser feito? Onde devemos agir? Por onde começar?
Penso que sair às ruas em massa e gritar por mudanças urgentes, é o melhor caminho. Pelo menos pra mim! Lá, envolvido que estarei junto do meu povo, meus irmãos Brasileiros, lutadores, solidários, amorosos, a birrenta me deixará um pouco de lado e eu não vou ficar pensando o que vou vender no futuro...
Propagandista no Aché Laboratórios Farmacêuticos
5 aInfelizmente nos dias de hoje é preciso se reiventar a todo momento para sobreviver. Parabéns pelo artigo Fernando Carvalho.
Farmacêutica
5 aTriste realidade, que vivenciamos Hoje!