O RADICALISMO E A CRISE DO SOMENTE EU EXISTO!
por Luiza Ricotta
Instagram: @luizaricottapsi
Convido a olharmos a questão do radicalismo sob uma ótica psicológica, daquela que respeita que o existir e contempla a vida e a sua continuidade.
Ter sua visão de mundo, suas tradições culturais e ancestrais bem como suas crenças e cultivo de dogmas são naturais e esperados de uma sociedade que é plural. No entanto há níveis distintos, pois pessoas diferentes podem ter visões de mundo diferentes: - enquanto uma procura ampliar sua abrangência, o que lhe permite enxergar e considerar possíveis outros aspectos ainda que não adote, mas que respeite algo que seja diferente da sua posição. Isso faz com que as visões se mesclem numa fusão “Eu e o Outro”, criando uma terceira visão, digamos. Isso permite aprendizado e o que se chama esclarecimento e compreensão. Agrega valor e acresce em termos de vivência pois considera que ambas ou mais façam parte da mesma realidade.
Na condição de humanidade, a compreensão faz parte disso e está garantida no âmbito dos Direitos Humanos, Direito de Personalidade que amparam sermos quem somos e nos mesclarmos com outras visões a fim de evoluirmos para uma nova situação – mais desenvolvida e mais abrangente – que repercute em considerar possível e aceitável o que” Eu Sou e o que o Outro É”. Passa-se a admitir um “Tu” como alguém que existe no mesmo mundo onde tão somente pensava que unicamente “Eu” pudesse existir!
Nesta condição de soma, há acordo, há o que chamamos de negociação no cenário dos negócios, de mediação e conciliação quando consideramos os aspectos humanos – o aprendizado que tais situações nos expõem a lidar com diferenças de interesses e o modo pelo qual lidamos com o impasse diante de algo que nos interessa mutuamente. Isso também é amparado pelo Princípio de equanimidade e isonomia, onde situações de acordo que forem ser estabelecidas, possam ser mantidas a linha de permitir que ambos sejam contemplados, desconsiderando qualquer desvantagem em relação a outra. Isso implica em perceber que pela Luz da compreensão da condição humana, “Eu e o Outro” possamos existir, simples assim! O que “Eu Sou” pode existir e o que o “Outro É”, também.
Quando se deseja ou impõe que somente a sua visão tenha validade, isso se transforma em radicalismo. Tomando por visão absoluta, o radical não tão somente deseja expressar o que considera verdade máxima, mas a de impor que a sua visão seja a única. Temos culturas diferentes e vivemos todos numa condição plural, isso considera o fator humano de aceitarmos as diferenças entre as pessoas seja no campo pessoal como social, ao considerarmos a cultura, as tradições, na conduta e na administração dos valores humanos que são norteadoras da conduta ética e moral no que tange ao caráter.
Imagine se no mundo somente houvesse uma única forma de pensar? Não poderiam ocorrer experimentos, avanços científicos pois eles seriam considerados uma loucura, um risco ou coisa qualquer. Não poderíamos aceitar o fato de que a terra é redonda por simplesmente não acreditar nisso e desconsiderar que a leitura do mundo se faz de forma plural. Ainda bem!
Descobrimos que podemos tomar manga com leite há muito tempo, o que antes se dizia ser tóxico ou que se o vento batesse em você após sair de um banho quente, você ficaria com uma parte do rosto paralisado e até braço!
A visão reducionista do radical tão somente permite que a sua posição seja a certa e sua própria miopia lhe impede de aceitar que outras possibilidades existem e têm em si uma ação malévola que é destruir o que não representa o seu “Eu”, o mundo que configura como unicamente possível.
O fato é que o radical é figura fraca no caráter, permeado por falhas de valores humanos pessoais que o tornam pessoa medíocre, pouco evoluída e que atrapalha o processo de compreensão humana.
*Luiza Ricotta, MSc. Psicóloga, Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Encontros e Grupos Temáticos em Empresas. Atendimentos Psi Online, Mentoria e Cursos. E-mail: luizaricotta@hotmail.com
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