O ritual da cidadania.

Oi, meu nome é Beth Castilho e algumas coisas da minha vida eu transformo em poesia e vou contar para vocês sobre o meu Ritual que envolve o Dia de Votação. É muito bonitinho.

Aqui em casa, sempre aconteceu de 2 votarem no Dante Alighieri, outros 2 no Rodrigues Alves e eu fui escolhida para descer até o Itaim Bibi, para votar num colégio Público todo lindinho, com ares de interior e infância.

Há tempos atrás, participei de um estudo sobre RITUAIS da (agência de propaganda) BBDO, que nos incumbiu (Almap) de adaptar as descobertas para a realidade brasileira e como isso impactava no consumo, principalmente num tempo de crise bizarra que estávamos vivendo (a de hoje é pior).

O ponto de partida dessa história era o seguinte: HÁBITO é tudo aquilo que fazemos sem precisar pensar. Economiza nosso cérebro, nosso tempo, e não exige esforço. Por exemplo, dirigir: você não fica pensando em pisar no acelerador, mudar marcha, dar seta. E RITUAL? É uma sequência de HÁBITOS que, SOMADOS, mudam seu estado de espírito. Entrar em casa, largar a bolsa, tirar o sapato e pronto, você sente que o dia acabou. Acordar, tomar banho, tomar café e ótimo, você está pronto para enfrentar o mundo. Oquei, voltemos.

Eu sempre fui de votar de manhã, já que é um dever, prefiro cumprir o quanto antes. Meu pai idem. Desde a roupa que vou vestir, carrego uma "tensão" comigo, de não fazer nada errado, ao mesmo tempo que sinto necessidade de demonstrar de que lado eu estou. Na penúltima, fui com um coração azul no rosto.

Estando pronta, partimos e descemos para o Itaim. Meu pai estaciona onde der, eu desço do carro, entro na escola, respiro o ar estudantil de terceira série e espero uma ou duas pessoas na minha frente. Fico de coluna reta (?), celular guardado, adoro ser chamada e caminhar pelos tacos de madeira, assinar meu nome no papelzinho desgraçado que eu sempre perco, ser liberada para a urna e, finalmente, apertar botões.

Saio, passo por policiais, entro no carro e assumo a direção. Partimos pela Brigadeiro Luiz Antônio onde vamos ouvindo no rádio as notícias desse dia. Chegamos ao Rodrigues Alves que é o mundo, mas, sem explicação, sempre consigo um lugar. Meu pai demora mais que eu porque percorre um caminho maior dentro do colégio. Terminada a votação, voltamos para casa e passamos a acompanhar canais de notícias até que comece a apuração.

O dia de votar me imprime um senso de responsabilidade e pertencimento deliciosos. Não sou politizada, mas tenho orgulho de fazer parte disso. Escolhido um candidato, intimamente eu vibro, torço, sofro por cada movimento que se desenha até o resultado. É acreditar no futuro e ver algo melhor. É escolher direito - baseada nas minhas crenças e convicções - e fazer minha parte. Tudo isso com meu pai. Aqui, nem sempre fazemos a mesma "cola" de votação, liberdade pelo que o outro é. Esse Ritual é meu com meu pai Moacir Castilho e ninguém vai tirar isso de mim. Certamente será uma das lembranças nossas que vou carregar para o resto da vida.

Não é bonitinho? E você, tem um ritual no dia de votar?

Até <3

Beth Castilho

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