O sentimento de raiva e as relações

O sentimento de raiva e as relações

Olá,

Raiva e as relações. Todos nós, sentimos raiva e desde cedo aprendemos o seu significado, as dinâmicas (energia), a sua utilidade e as consequências. Aprendemos a negar e/ou a reagir. Sentir raiva é OK, importante, não estou a referir à explosão de raiva, hostilidade, agressividade.  Podemos utilizar a raiva para nos defender e/ou para atacar (magoar). Podemos identificar a raiva pelo menos de três maneiras: 1. passiva 2. agressiva (alterações bruscas de humor) e 3. construtivamente.

Na primeira e segunda, podemos alimentar o pensamento negativo inflexível, destrutivo e grandioso, vivendo desiludidos e frustrados, porque as nossas expectativas, das pessoas e das coisas à nossa volta, não são como queremos, fazendo disso um drama, uma guerra contra «tudo e contra todos “e um destino. Podemos negar a raiva e a dor associada e projetar a culpa nos outros. Por exemplo, na família, podemos recorrer à raiva (energia poderosa) para definir as nossas crenças (rígidas e grandiosas), limites, sentimentos através da intimidação, do controlo, hostilidade, da critica excessiva e da agressão verbal e em ultima instancia, à agressão física, fenómeno que ocorre nas relações de intimidade disfuncionais. Nas consultas escuto algumas afirmações, tais como, «Quando era criança sentia respeito pelo meu pai…» quando questionado, remata, «Afinal não era respeito…tinha medo dele.»

Nos relacionamentos, a raiva também pode desempenhar um papel vital, podemos até considerar uma ferramenta poderosa na comunicação. Podemos expressar a raiva de duas maneiras.  1. Expressar a raiva e os sentimentos associados e a 2. Alteração brusca do humor - Explosão de raiva.  Por exemplo, o marido zangado expressa a agressividade (explosão de raiva) para com a sua esposa gritando, intimidando, empurrando, ressentindo e ofendendo. A explosão de raiva implica dor intensa e pode desencadear (e servir de justificação para o individuo) comportamentos agressivos e disfuncionais (vingança, hostilidade, rejeição, crueldade) e impulsos autodestrutivos (sabotar a confiança e a intimidade nas relações). As pessoas com problemas de raiva (alteração brusca de humor - explosão) evitam a exposição dos sentimentos dolorosos através da vulnerabilidade. Tendem a negar as consequências negativas dos seus próprios comportamentos problemáticos, projetam a culpa nos outros, controlam, rebaixam e humilham. Por exemplo, quando numa discussão, colocam uma questão às outras pessoas, respondem eles mesmo e caso a resposta do outro seja diferente afastam-se, furiosos. São eles que escrevem o argumento para as suas interações com a família, parceiros românticos, com os colegas de trabalho, etc. Possuem certezas absolutas sobre as suas previsões catastróficas e estão sempre atentos a eventuais emboscadas ou surpresas e quando algo corre mal, a culpa nunca é deles. Todavia, existe uma alternativa possível e mais apropriada: mudar o estilo da comunicação (mudar as crenças, atitudes, comportamentos, os sentimentos) e expressar a raiva, construtivamente, sendo honesto com pensamentos e sentimentos, tais como a frustração, o medo, a vulnerabilidade, a preocupação, a vergonha, o ressentimento.

A raiva existe nos mais diversos contextos sociais. Por exemplo, no trabalho afeta e compromete, negativamente, o trabalho de equipa, a performance, a comunicação, a motivação através da hostilidade, vingança, sentimentos facilmente magoados, sensível à critica, injustiça, ressentimento, isolamento, drama, controlo, provocar e ofender o outro e agressão verbal.

Alguns sinais associados à agressividade/violência nos relacionamentos, segundo o Dr. Gavin De Becker, especialista em prevenção de violência.

  • Resolver conflitos com recurso à intimidação, agressividade e bullying.
  • O individuo é verbalmente abusivo, confrontador e manipulador.
  • Utilização de ameaças e intimidação como instrumento de controlo ou abuso. Inclui ameaças físicas, difamar, embaraçar, restringir a liberdade, revelar segredos, deixar de apoiar, rejeitar ou abandonar.
  • O individuo resiste à mudança de atitudes e comportamentos. É descrito como uma pessoa inflexível e não está disposto a assumir compromissos.
  • O individuo destrói coisas quando está furioso. Usa violência simbólica (rasga fotografias, destrói presentes, objetos com valor estimativo).
  • Maltratou mulheres nos relacionamentos anteriores ou foi despedido da empresa por comportamentos impulsivos.
  • Usa e abusa de drogas, incluindo o álcool, para desculpar ou arranjar explicação para o comportamento hostil, violento, impulsivo ou para justificar perdas de memorias, a crueldade e a agressividade.
  • Identifica-se com ou compara-se com indivíduos violentos em filmes, nas noticias, historias. Caracteriza a violência usada pelos outros como justificada.
  • O individuo sofre de alterações de humor ou é uma pessoa mal-humorada, violenta ou deprimida.
  • O individuo culpa, frequentemente, os outros por problemas criados por ele próprio. Recusa ser responsável pelos resultados das suas ações.
  • Refere-se a armas como instrumentos de poder, controlo ou vingança.
  • Nos indivíduos do sexo masculino, utilizam a «vantagem de ser homem» como justificação para o seu comportamento agressivo ou manipulador. Trata a esposa/parceira como uma criada, age como chefe da casa e toma as decisões mais importantes, por exemplo, as questão económicas/financeiras.
  • Ao longo da vida esteve envolvido em problemas com a policia por ofensas corporais, tais como ameaças, perseguições, assaltos, agressão, vandalismo.
  • Mantém a/o parceira/o com «rédea curta» e exige explicações através da intimidação, controlo, perseguição, ciúmes.
  • Usa o dinheiro para controlar atividades, compras e comportamento da parceira/o.

«A violência resultada da incapacidade de influenciar acontecimentos e é o resultado de uma incapacidade ou relutância em comunicar efetivamente.» Gavin De Becker

Se você possui alterações bruscas de humor (explosão de raiva), se facilmente discute com outras pessoas, se a sua raiva interfere na relação com o/a seu/sua parceiro/a romântico ou colegas de trabalho, se passa demasiado tempo a cismar (ruminar) sobre a raiva em relação a algo peça ajuda porque a raiva é geradora de sofrimento, remorso, ressentimento, depressão e ansiedade.

Para existir violência numa relação é necessário haver duas pessoas.

«Quando um estado interior não é consciente, surge no exterior como destino» Carl Jung

Cumprimentos

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