O Smartphone, uma distração, sobre a mesa ...
O corpo tem uma pulsão primordial em gerar comunicação (Norval Baitello Jr.). Tal característica surge ao nascimento, como um preparo para a sobrevivência.
Entre os elementos que estruturam os laços por meio da comunicação estão os rituais. Eles criam previsibilidade e desarmam as defesas que tornariam as relações permeadas por barreiras impelidas pelo inconsciente medo de agressão – um instrumento ao nosso instinto de sobrevivência.
Por tais motivos o nosso modelo de comunicação é carregado dos símbolos próprios a cada cultura. Assim, todo ritual é uma construção de temporalidade; nosso mundo emocional se configura segundo o seu óikus – dependemos de relações em tempo ordinário para produzirmos sentido em nossas vidas.
Também podemos reconhecer que não há determinismo quando dialogamos sobre a plasticidade dos vínculos, pela impossibilidade na definição de uma lógica afirmativa sobre as bases 'ontológicas' a estes.
Oras, o que isso tudo tem a ver com o Smartphone sobre a mesa?
Os alimentos têm uma função social e não apenas nutricional, grosso modo também são uma “desculpa” para a socialização. Somos dotados de uma dinâmica neurofuncional dedicada à captura primária do “outro”, que ocorre na comunhão à mesa: jantares, congressos ou festividades.
Quando deixamos o Smartphone sobre a mesa estamos no modo stand by para o Glocal (Eugênio Trivinho) – Tempo Real, o tempo organizado pela lógica binária da ubiquidade, do não lugar. A dedicação ao Smartphone é uma experiência com potencial de anulação ao contexto geográfico; uma experiência mediada remotamente tem relativo potencial em anular o contexto social.
Estamos discursando para todos que estão à mesa conosco, de que eles não têm a importância suficiente para que estejamos presentes neste grupo; o aparelho sobre a mesa nos coloca alheios, à espera de algo que nos capture e retire daquela socialização “substituível”.
Cada vez que praticamos, de forma endógena este comportamento, se pode afirmar que - segundo a lógica da Economia da Atenção -, o maior capital está depositado no Smartphone.
Preterir seu par de forma sensível pode ser interpretado como violência silenciosa e/ou invisivel (dromocrática, pós-moderna, transpolítica) o uso do aparelho se resolve como uma prótese e meio para fuga ao tempo ordinário. Esta é uma forma de distração que discursa tédio ou fuga de nosso centro de atenção.
Não é preciso grande base teórica para compreender os prejuízos sociais causados por este fenômeno - perda do presente, desvio do foco, violência invisível contra nossos pares e anestesiamento da presença física, entre e outros.
Como seria nossa realidade se todos grandes pensadores ou inventores tivessem sido cooptados pela lógica de distração do Smartphone?
Palestrante | Treinador Corporativo | Agente de Conexão Humana
1 aExcelentes apontamentos. Acredito que um outro ponto importante a ser observado é em relação à oportunidade que está sendo perdida em pode viver "no agora, no momento presente, no minuto atual". Cada segundo perdido de atenção à nós mesmos, atenção ao que estamos fazendo, onde estamos, com quem estamos faz muita diferença em nossa vidas.
Dona e Gestora de Redes Sociais na Start Marketing Digital
6 aEsse texto e a pergunta nos provoca a pensar sobre o uso da tecnologia. Algumas descobertas foram acidentais, mas com certeza, após o acidente houve muita pesquisa para compreender um fenômeno. Se eles usassem o tempo deles de estudo, pesquisa em qualquer outro hobbies que existia na época, talvez não tivessem desenvolvido pesquisas, grandes obras. Claro que além do fator esforço, existe uma mente questionadora, criativa. Se por um lado os celulares podem nos ajudar a acessar informações, quando usados somente para outros fins, apenas nos distraem. Creio que alguns inventores usariam, ou até usam. Como pensadores também. Porém, eles não se distraem tanto por ter um maior foco, objetivo ou meta. Os utilizam como ferramenta para esses objetivos.
estágiaria segurança do trabalho na Patrus Transportes Urgentes Ltda
6 aA dedicação ao Smartphone é uma experiência com potencial de anulação ao contexto geográfico; uma experiência mediada remotamente tem relativo potencial em anular o contexto social. Para escrever TCC fizemos uma pesquisa da construção social e territorial (SANTOS, 2009)como isso impacta na vida das pessoas e nas sua relações, no crescimento e em todas as historias e na construção subjetiva, percebemos que o território não e mais estabelecido pelo espaço físico em que as pessoas estão, mas em todos os lugares possíveis, uma rua, um bairro, uma cidade um pais e em vários países ao mesmo tempo. Os indivíduos rebem influencia de todo o mundo. Então todos perguntam, como podem estarmos tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Essa diferença não se da mais com as condições financeiras, sociais, territoriais, mas de todos os meios que estamos. A distancia não depende do espaço físico quando estamos perto não preocupamos com quem esta ao nosso lado, ou quem e o que estão falando,pode ser na sala de aula, na sala de casa com pais e avos, no carro. Não se flerta mais no metro, no ônibus, nas ruas. Antes a televisão era separada com as paredes um filho no quarto com os desenhos, a esposa no quarto de casal com a novela, e o marido na sala com futebol, agora nem parede precisa mais PRECISA SÓ DE TER WI-FI. Tamanho e o desespero quando chega e diz não tem wi-fi. A pergunta é quando vamos refletir e pensar como as pessoas são importantes na nossa vida. Vida essa que reflete em todas as direções profissionais, no lazer, nas conquistas materiais e espirituais.