O tempo a gente faz?
Sim, para alguns. Não, para outros que, apesar de desejarem “criar” mais tempo para si, não conseguem por não romperem com as relações rotineiras criadas à sua volta.
Muitas lideranças reclamam que não têm tempo para nada: estão super atarefados, estressados, cansados, mas, por outro lado, são centralizadores, tarefeiros compulsivos, não planejam e não pensam estrategicamente. Tem receio do ócio, pois aprenderam – equivocadamente – associá-lo à “vadiagem” ou à improdutividade. Não tem tempo para pensar, apenas agir. Não só não se contrapõe ao “batidão” do dia a dia, deixando de criar mecanismos para amenizá-lo, como são os seus principais orquestradores, mantenedores. O chefe que “põe pilha” no ambiente de trabalho, já tensionado pela rotina, contribui para gerar o que Carlos Matus chamou de “coeficiente de fricção, vulgo bate cabeças: aquele ambiente onde falta orientação objetiva do que fazer, com funções claramente definidas entre os membros da equipe. Predomina a confusão alimentada pelo “terrorismo” do chefe que prefere dar ordens a todos de improviso produzindo, por exemplo, ações executadas por vários ao mesmo tempo, ao passo que outras ações não estão sendo executadas por ninguém. Esta situação anacrônica, não raro, torna-se a rotina do trabalho por meses ou anos. Institui-se uma "normalidade" perturbadora.
O líder “fodão”, mas antiquado, assim como nossos avôs acreditavam, prega o tal “tempo é dinheiro”, puro e simples. Tem o hábito de dar ordens com viés autoritário, impositivo. Normalmente, sua equipe, no limite da exaustão física e mental e descrente de seu líder, finge que obedece e assim o chefe imagina que sua vociferação de ordens é eficaz. Não é! O mais provável que esteja acontecendo nestes casos é que todos, comandantes e comandados, estejam navegando sem rumo pelo simples fato de não terem instrumentos de orientação disponíveis como: Plano de Ação, sistema de avaliação, indicadores quantitativos e qualitativos, tempo físico e psicológico para reflexão. Afinal, não tem tempo para nada, nem mesmo para perceberam que navegam no escuro.