O TRANSPORTE FAZ A CIDADE
Já imaginou uma cidade sem vaivém de pessoas, ônibus e automóveis?
Mais do que assegurar o ir e vir, os modais de transporte dão vida e um sentido de coletividade a qualquer agrupamento de pessoas.
O pulso de uma cidade é quase sempre proporcional à riqueza que ela gera. Cidades que não param nunca, como São Paulo, são totalmente dependentes de um complexo sistema que torna os deslocamentos possíveis. Pessoas, cargas, insumos, serviços prioritários e também os supérfluos se movem de um lado para outro na imensa malha urbana, emprestando vida, movimento e colorido ao dia a dia. Visto de perto, no entanto, esse cenário ganha tons acinzentados. Se considerarmos que 80% dos brasileiros vivem nos centros urbanos, não é difícil imaginar que o incessante vaivém quase nunca transcorre de forma tão planejada e ordeira.
Falando especificamente do transporte de passageiros, os longos congestionamentos, as conduções cheias, as filas, o ar carregado e as viagens intermináveis transformam a tarefa de se movimentar pelo espaço urbano em um pesadelo.
A engrenagem é grande, envolve muitas peças, rotações e sentidos diferentes, que têm que se combinar em algum momento, ao que se dá o nome de integração.
É quando vários modais trabalham de forma interconectada, um complementando o outro. Tem engenharia pesada atrás dessas conexões. Tem ciência, urbanismo, tecnologia, gestão e tem também um exército de gente bem-intencionada em fazer a engrenagem se mover sem solavancos.
O ônibus é quase um protagonista natural nesse ambiente. Coloca-se adiante dos trens, metrôs e, diferentemente deles, está presente em quase todos os municípios brasileiros. Desliza pelos BRTs, pipoca de ponto em ponto pelos bairros e ainda faz intercâmbio com as cidades vizinhas. Ocupar um papel tão central implica em responsabilidade de toda ordem, de forma a ser apontado muitas vezes como o vilão da cidade, o que, convenhamos, é uma injustiça. Principalmente se considerarmos que os automóveis utilizam 17 vezes mais espaço para transportar a mesma quantidade de pessoas do que um único ônibus.
Como fabricante de chassi, temos tentado nos inserir cada vez mais nas discussões em torno da mobilidade urbana, antes mesmo do termo virar palavra de ordem, o que aconteceu após as manifestações de junho de 2013 e ganhou mais impulso com os projetos para fomentar o desenvolvimento urbano das cidades com vistas à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Há muito deixamos de pensar como simples “transporteiros” para nos colocarmos como agentes participativos de todo o processo. Temos frequentado os principais fóruns e conferências para discutir e também encontrar saídas.
E seguimos investindo em pesquisas, sejam de novas tecnologias, de novos combustíveis, sejam para tornar nossos chassis mais flexíveis. Queremos entregar veículos mais acessíveis, eficientes, prontos para proporcionar mais conforto ao usuário, consumir menos combustível e emitir menos resíduos, sem penalizar ainda mais o custo do quilômetro rodado.
Oferecer soluções mais customizadas para cada tipo de operação é uma atitude simples, mas que, no todo, faz enorme diferença. Será mais perceptível para o usuário final quando as cidades estiverem prontas, com pontos e terminais acessíveis, faixas exclusivas e vias com calçamento adequado. Mais ainda quando os operadores se sentirem seguros para investir sistematicamente na manutenção preventiva e na renovação de suas frotas e quando as tecnologias facilitarem o deslocamento entre um e outro modal. Ônibus que anda não estressa o passageiro e polui menos. Quem não percebe isso é porque está dormindo no ponto.