O trio de arbitragem da vida

Começo a pequena maratona de textos em homenagem ao Dia Internacional da Mulher falando de três representantes de peso na minha vida e que acredito ser na grande maioria das pessoas.

Antes de falar delas, vale lembrar que não poderia jamais deixar de conectar essa história com a paixão que me move que é o futebol. Por isso, esse texto também é uma homenagem ao nosso trio de arbitragem feminino formado por Edina Alves Batista, Neuza Back e Tatiane Sacilotti.

Uma partida só começa com 1 bola, 11 jogadores de cada lado e 3 personagens que aplicam as regras do jogo que são: A juíza e suas auxiliares ou bandeirinhas em cada lado do campo.

Na maioria dos lares brasileiros existe um trio de arbitragem ainda mais importante e que determina as regras de um outro tipo de “peleja”. Mais do que uma simples partida, esse "campeonato" é disputado com muito amor, dedicação, rigor e compromisso que é com a educação dos craques do futuro, sejam da bola ou da vida. Comigo não foi diferente.

Minha mãe Abigail e minhas avós Laura e Doralice tiveram um papel fundamental na minha formação como homem, cidadão e profissional e cada uma delas me ensinou lições impagáveis.

Dona Abigail seguramente foi meu principal juiz e apitou cada falta que eu cometi e avisava que se eu cometesse infração parecida novamente, o cartão amarelo do castigo era garantido.

Ao mesmo tempo, ela fazia o papel do técnico com belíssimas preleções sobre a vida e ainda demonstrava em exemplos nos filmes antigos que assistíamos juntos na sessão da tarde. Lealdade, disciplina, foco e principalmente ser correto em cada coisa que eu me propunha a fazer, tinha minha mãe arbitrando a favor de tudo que iria me tornar a pessoa que sou hoje.

Minha avó Laura, Aurinha para os mais íntimos, mãe de minha mãe, era uma auxiliar distante, mas jamais ausente. Imagine o lateral esquerdo que raramente fica perto do bandeirinha, mas sempre vê e é sempre visto. É um bom jeito de explicar nossa relação.

Ela sempre morou na Paraíba e eu paulista de nascimento, tinha poucas oportunidades de estar perto, mas como minha avó era uma piadista de primeira linha, ela sempre brincava comigo ao me ver fazendo as minhas artes e as vezes, desobedecendo o juiz (minha mãe) e dizia com graça e sabedoria: “tu tá correndo errado, assim tu se cansa, não brinca e ela te pega!” (risos e piscadinha).

Já minha avó Doralice poderia ter sido uma nutricionista de mão cheia ao invés de fazer parte do trio de arbitragem, mesmo que também tenha cumprido esse papel de forma brilhante. Tinha um sorriso largo e constante de olhos claros e com uma risada alta e gostosa sempre me dizia: “Coma mais um pouquinho meu filho, tá tão magrinho” (...). Ela sempre tinha uma disposição invejável e conseguia correr por horas se fosse preciso para cuidar dos filhos, do meu avô e dos inúmeros netos e eu, era um deles.

Em resumo, esse trio de arbitragem da minha vida, essas 3 mulheres incríveis, seguramente me deram mais que o necessário para que eu entendesse que ter resiliência é ferramenta fundamental para enfrentar momentos turbulentos, que todos nós passaremos, sem jamais desistir.

O apoio e o amor incondicionais que recebi e que desde sempre foram fundamentais para que eu pudesse entender como cuidar dos meus filhos (2 meninas e 1 menino), bem como da minha família, amigos e empresa, certamente também as conectam em um fator comum entre elas que é a disciplina.

Aprendi que sem disciplina eu jamais teria capacidade de fazer com que as coisas realmente importantes acontecessem e eu teria que me inspirar nas primeiras 3 mulheres da minha vida que são o alicerce de tudo que conquistei até hoje, porque elas são Mulheres que acontecem e fazem acontecer.

Obrigado minha mãe Abigail, minha avó Laura e minha avó Doralice. Feliz Dia Internacional das Mulheres.  

A propósito, todo juiz(a) de futebol por pior que tenha apitado uma partida, também tem mãe e suas avós. Será que elas merecem a tua raiva? Seja criativo e invente uma nova forma de desabafar com o que o juiz não aprendeu. Seguramente a culpa não é delas.