O Vaso rachado
fonte: acervo pessoal

O Vaso rachado

Muitos já devem ter ouvido falar da fábula do vaso rachado. Eu, particularmente, gosto muito dessa história. Para quem não conhece, segue abaixo para uma reflexão:

A história fala de um camponês que vivia vendendo água no mercado. Todos os dias colocava uma haste de madeira sobre os ombros muito cedo, e em cada extremo carregava um vaso e levava até o poço para enchê-los. Depois ia ao centro do povoado para vender a água.

Dentre estes recipientes havia um que estava rachado. Os potes perfeitos chegavam sempre cheios ao final do longo caminho, mas o pote rachado chegava apenas com metade da água. Assim, o camponês só podia cobrar a metade do preço acordado por aquele vaso. Em contrapartida, o vaso bom chegava transbordando e lhe permitia cobrar o preço cheio.

Os potes perfeitos, é claro, estavam orgulhosos do seu trabalho.O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado.

    O camponês costumava fazer algo que chamava a atenção do vaso rachado e dos demais. Em certas épocas, durante seu caminho diário até o poço com os recipientes vazios, o homem colocava a mão no bolso e jogava algo no caminho. Ninguém sabia do que se tratava. De repente o camponês parava de fazer isso por um tempo. Depois, voltava a fazer a mesma coisa, mas no lado oposto do trajeto. Isso intrigava todos os vasos, mas como era algo que não fazia o tempo todo, logo se esqueciam do assunto e a curiosidade passava.

Uma noite, quando o camponês estava descansando, o vaso rachado o chamou e lhe disse que precisava conversar com ele. O homem se dispôs a ouvir o vaso, muito atento ao que ele queria lhe dizer. O vaso, sem mais enrolação, lhe disse o que pensava. Sabia que ele o apreciava, mas ele não estava acostumado a ser inútil. Não queria que o conservasse só por compaixão. O que devia fazer era jogá-lo no lixo e acabar com tudo isso de uma vez.

O camponês sorriu ao ouvi-lo. Ele lhe disse que jamais havia pensado em jogá-lo fora, porque ele era muito útil. “Útil?”, perguntou o vaso. Como seria útil se só lhe fazia perder dinheiro todos os dias? O homem lhe pediu que tivesse um pouco de calma. No dia seguinte, mostraria o que ele valorizava tanto. 

De facto, à medida que iam subindo a montanha, o pote rachado reparou em que havia muitas flores à beira do caminho e ficou mais animado.Mas no final do percurso, tendo-se vazado mais uma vez metade da água, o pote sentiu-se mal de novo e voltou a pedir desculpa ao homem pela sua falha.

    O homem o olhou com carinho e disse: “Desde que você rachou, pensei na melhor maneira de continuar tirando proveito de você. Assim, decidi espalhar sementes pelo caminho de vez em quando. Graças a você, eu pude regá-las todos os dias. E graças a você, quando tudo florescer poderei pegar algumas flores e vendê-las no mercado por um preço mais alto do que a própria água.”.

Às vezes, mudando a perspectiva, algo que é considerado um defeito pode virar uma qualidade. Basta saber canalizar, utilizar, tirar proveito daquela característica. Devemos sim, sempre tentar melhorar, porém nossos defeitos também são parte do que somos, ter consciência dos seus defeitos é essencial para saber lidar melhor consigo mesmo, com as situações, com os desafios e com os outros também.

Que possamos enxergar isso em nós mesmos e que os líderes possam enxergar isso nos seus liderados.

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