"O vento nunca está a favor de quem não sabe para onde vai." - Batendo Ponto com Soraya Bahde
Soraya Bahde, executiva de RH, possui uma sólida experiência de mais de dez anos na área, atuando como CRO em empresas de benefícios, companhias aéreas e de fidelidade. Com uma formação em administração, ela se especializou ao longo da carreira em desenvolvimento organizacional, marketing, governança corporativa e neurociências. Além de sua carreira profissional, é mãe e madrasta, casada, e valoriza o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, recentemente retomando atividades físicas com foco em saúde e longevidade.
Soraya acredita que o trabalho deve ser um espaço para realizar o potencial das pessoas, e vê na sua carreira em RH a realização de seu propósito. Ela defende uma abordagem humanizada no ambiente corporativo, buscando criar condições para que as pessoas sejam felizes e atinjam seus objetivos. Para ela, o RH deve ser um espaço de segurança psicológica, atenção individualizada e um olhar humano, características essenciais para as empresas se adaptarem às demandas da sociedade atual.
Como um fracasso, ou aparente fracasso, preparou você para o sucesso posterior?
Acredito que os erros são os que mais nos preparam. E eu trabalho bastante com a ideia de aceitar erros como parte do processo de inovação. É claro que em nossas atividades cotidianas, buscamos minimizar erros, mas sempre que nos aventuramos em algo novo, precisamos estar abertos ao erro. Sem dúvida, tive alguns fracassos marcantes que acabaram se tornando grandes oportunidades.
Tem algum exemplo especial que você possa compartilhar?
Sim, um dos momentos-chave da minha carreira foi escolher movimentos estratégicos. Em certa ocasião, escolhi uma posição em uma empresa que passava por uma transformação cultural — algo que eu amo fazer. No entanto, fui um pouco ingênua e não me informei o suficiente sobre o status atual da cultura daquela empresa. Entrei com muita autenticidade, mas meu background era muito diferente da cultura daquela organização. Era uma empresa nacional, enquanto minha experiência era mais em multinacionais, com uma cultura mais direta.
Na primeira semana, minha líder me chamou e mencionou que algumas de minhas abordagens haviam feito uma pessoa chorar. Fiquei mortificada, pois não percebi que havia feito algo que causasse esse impacto. Foi então que entendi que, naquela cultura, eu precisava conquistar a confiança antes de ser direta. Inicialmente, vi essa escolha como um fracasso, mas acabei ressignificando a experiência e ela se tornou uma grande oportunidade para minha carreira.
Esse é o seu fracasso favorito?
Sim, na carreira executiva, esse é meu fracasso favorito, pois me ensinou a navegar em ambientes que não são confortáveis para mim. Essa habilidade é crucial em uma atuação executiva de alto nível, onde a adaptação na comunicação é essencial.
Como líder, também cometi erros importantes para o meu crescimento. Assumi uma posição de liderança muito jovem, aos 25 anos, e um erro comum foi confundir liderança com amizade. Trabalhamos tanto tempo no ambiente de trabalho que é fácil fazer essa confusão, especialmente quando se é jovem. A liderança exige uma relação próxima, mas é essencial conhecer os limites entre os papéis. Esse erro me ensinou muito sobre o papel do líder, que às vezes é solitário e exige respeito pelos rituais e momentos do time.
A nossa primeira liderança é uma grande escola, não?
Sem dúvida. Minha primeira posição foi uma escola de tantos erros que nunca mais se repetiram.
Nos últimos cinco anos, que nova crença, comportamento ou hábito melhorou mais a sua vida?
Aprendi a me posicionar como alguém com fragilidades, a assumir minhas vulnerabilidades. Isso humanizou minha liderança e criou um vínculo mais forte com outras pessoas. Por ter uma comunicação assertiva, às vezes passo uma imagem muito forte, mas mostrar que também sou emocional, que também tenho momentos de fragilidade, aproximou muito mais as pessoas de mim.
A maternidade também trouxe um olhar diferente, pois em alguns momentos me vi frágil e precisei de ajuda. Pedir ajuda e mostrar essa vulnerabilidade permitiu que outras pessoas se abrissem comigo, criando um ambiente de maior confiança e conforto.
Quais são as recomendações ruins que você ouve em sua profissão ou área de especialização?
Uma recomendação que ouço é sobre fazer mudanças rápidas ao assumir uma nova posição, como trazer pessoas de confiança. Muitos executivos chegam e trazem toda a equipe anterior com eles, mas eu acredito em conhecer quem já está na empresa, entender o momento das pessoas e tentar evoluir o trabalho a partir da visão existente. Para mim, o desafio de uma mudança é justamente conhecer e impulsionar as pessoas que já estão na organização.
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Eu gosto desse trabalho de formação, de construir confiança, e tenho boas experiências em contratar pessoas novas. Acho que isso resulta em um ambiente mais autêntico e harmonioso.
Quando você se sente sobrecarregada ou sem foco, o que faz?
Como tenho muitos papéis na vida, a sobrecarga acontece com frequência. O que me ajuda é ter um momento de descompressão, só meu. Pode ser uma massagem, uma saída com uma amiga, ou simplesmente mudar de ambiente. Me desconectar da responsabilidade por um momento me ajuda a reorganizar minhas emoções, pois tudo é uma questão de perspectiva. Quando você muda seu olhar, o contexto pode não mudar, mas você muda diante dele.
Nos últimos 3 anos, no que você ficou craque em dizer 'não'?
Aprendi a não permitir que as pessoas deleguem para cima. Nos últimos anos, trabalhei formando sucessores e ajudei as pessoas a pensarem no nível acima. Quando algo vinha desorganizado, eu devolvia com tranquilidade, pedindo que amadurecessem a ideia antes de trazê-la para discussão. Esse processo de devolução, embora seja um 'não', tem sido muito valioso para o desenvolvimento das pessoas com quem trabalho.
Qual conselho você daria para um aluno brilhante da faculdade que está prestes a encarar o mundo corporativo?
Busque mentoria. No início da minha carreira, não fiz isso e acho que teria evitado muitos erros. A mentoria pode fazer uma grande diferença, especialmente quando você ainda está aprendendo a navegar no mundo corporativo. Além disso, investir em networking pode proporcionar oportunidades de aprendizado valiosas ao longo do tempo.
Qual compra de 200 reais ou menos teve o impacto mais positivo em sua vida nos últimos seis meses?
Uma compra que me ajudou muito foi a assinatura de audiolivros. Como mãe, não tenho muito tempo para ler em casa, então a possibilidade de ouvir livros enquanto dirijo ou faço outras tarefas foi uma maneira de me reconectar com a leitura. Outra compra foi um smartwatch para monitorar meu sono, o que me ajudou a identificar e corrigir hábitos que estavam prejudicando minha qualidade de descanso.
Você tem o hábito de presentear livros? Se sim, quais livros você costuma presentear?
Um dos livros que presenteei várias vezes, até a Amazon me impedir de comprar mais, é a HQ feminista A Origem do Mundo, da Liv Strömquist. É um livro com uma abordagem irônica e divertida, que traz um choque de consciência sobre o lugar da mulher na sociedade. Outro livro que recomendo é Lições de Química. Assisti à série baseada nele e fiquei tão apaixonada que fui ler o livro. É uma leitura leve e envolvente, ótima para relaxar.
Se você tivesse um outdoor, qual frase gostaria de ver estampada?
Uma frase que me vem à mente é do Sêneca: "O vento nunca está a favor de quem não sabe para onde vai." Essa frase resume bem a importância de ter um propósito claro na vida e no trabalho. Sem essa clareza, liderar de forma consciente se torna muito difícil.
Batendo o Ponto é talk focado em conhecer as pessoas e atrás das cadeiras responsáveis pela gestão de pessoas e cultura organizacional no mundo corporativo, apresentado por Beatriz Nóbrega que vai ao ar às 11h30 toda quarta-feira no Canal do Desabafo Corporativo .
Talent-Based Business | TOP HR INFLUENCER & TOP 100 PEOPLE | Conselheira, CHRO (as a service), Mentora (Liderança), Palestrante, Podcaster Desabafo Corporativo, Professora, Escritora, Investidora-Anjo, | Mãe do Rafael
4 mAchei esta frase genial !