Quem gerencia e monitora o risco de não inovar?
Recentemente estava vendo um documentário sobre Marco Polo. Mais de vinte anos de uma viagem que mudou e interligou o mundo. Em Veneza há muitas estátuas que lembram não apenas Marco Polo, mas muitos empreendedores da época, que trilharam caminhos antes nunca navegados. As estátuas que existem são dos que sobreviveram. Neil Armstrong foi o primeiro ser humano a pisar na lua, mas antes dele vários pilotos morreram em testes de voo. Quantos outros viajantes são desconhecidos e pagaram com a própria vida?
Atualmente os riscos das atividades de inovação e empreendedorismo parecem menos dramáticos, mas ainda podem ser elevados. A vitalidade de sociedades, países e empresas e o progresso da humanidade estão associados, em geral, a ambientes que criam condições, removem obstáculos, valorizam os inovadores e empreendedores. O oposto disto são contextos que valorizam de maneira exacerbada o passado, a estabilidade, as tradições, o controle e punem os que inovam e principalmente os que falham nestes projetos.
Inovação é a seiva que alimenta o progresso humano. Líderes de inovação de impacto assumem necessariamente riscos. Eliminar os riscos no processo de inovação e empreendedorismo não é possível, mas, na medida, do possível e do conhecido, elencá-los e mitigá-los (de-risking) é um caminho natural de bons empreendedores.
Grandes organizações podem e devem minimizar riscos, mas também assumi-los institucionalmente. São raras as grandes organizações que têm uma parte significativa de suas atividades, projetos e empreendimentos com riscos relevantes. Basta olhar qualquer relatório de sustentabilidade ou relatórios financeiro. Enquanto o mundo e o mercado são complexos, cheio de riscos conhecidos e desconhecidos, a maior parte destes relatórios assemelham-se mais a materiais publicitários destacando competências passadas e passando, de maneira geral, uma tranquilidade que nunca existe na prática em nenhum mercado.
Sim riscos são elencados, mas em geral são os riscos bem conhecidos, aqueles que são resolvidos com mais controle, com mais processo, com melhorias contínuas. Eu nunca vi um único relatório corporativo sobre riscos que realmente atacasse e priorizasse os riscos da imobilização, da perda de vanguarda, da falta de criatividade, da disrupção tecnológica e por incrível que pareça da incapacidade de se assumir riscos.
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Não assumir riscos talvez seja o maior risco que correm muitos indivíduos, empresas ou sociedades. Oblivion is a fundamental risk in dynamic fast-moving economies.
Algo que deveria ser pensado por todas as áreas de controle de riscos de uma empresa moderna seria como incorporar em suas atividades o monitoramento dos riscos de "ficar para trás". É relativamente fácil apontar riscos de avançar em projetos e atividades novas, com diversos tipos de incerteza, sejam de mercado ou tecnológicas. Agora, apontar riscos de perda de relevância ou competitividade requer um olhar de fora para dentro, algo pouco comum nas áreas de controle de risco.
Hora de repensar como incorporar os riscos vindos do mercado da mesma forma sistêmica como se classificam e monitoram os riscos internos?